Giovanna
Gritos
Foi a primeira coisa que eu ouvi quando minha cabeça resolveu raciocinar, olhei ao redor e estava no meu quarto, minha visão entrou no foco e meus pais estavam parados na porta olhando para mim com um olhar que não soube identificar, alguns flashes de ontem brilharam na minha mente e eu me sentei na cama assustada vendo o Dani estático ao meu lado na cama, eu estava nua e ele coberto só com uma cueca box
General: Que porra está acontecendo aqui?-gritou meu pai com os olhos irritados, minha mãe estava paralisada tentando entender a situação
Ontem nós bebemos demais e o Dani fumou demais, depois disso foi um borrão de minhas roupas no chão e ele dentro de mim, puta que pariu, isso não podia estar acontecendo, não dessa maneira
Pesadelo: Pai, eu poss...-ele começou a dizer se levantando da cama e o meu pai impediu
General: Eu dou dois segundos para vocês descerem, agora-ele saiu batendo a porta que tremeu a casa e senti meus olhos queimarem com as lágrimas
Giovanna: A culpa foi minha-sussurei me lembrando que pedi pra ele dormir aqui mesmo ele dizendo que era melhor não
Dani se ajoelhou a minha frente e tirou meus cabelos da frente, seus olhos estavam carregados de preocupação e eu me senti a pior pessoa do mundo por ve-lo daquela maneira
Pesadelo: Eu vou descer e vou resolver isso linda, vai da tudo certo-me acalmou me dando um beijo suave nos lábios e se levantou colocando a bermuda que estava usando ontem
Giovanna: Eu vou com você-me levantei no mesmo instante e peguei a primeira roupa que vi na minha frente prendendo os cabelos
Pesadelo: Não precisa
Giovanna: Eu não vou te deixar sozinho, eu comecei com isso e não vou sair do seu lado, nunca-reforcei e vi que ele relaxou sutilmente, entrelacei nossos dedos e descemos
Nosso pai estava andando de um lado para outro na sala enquanto nossa mãe estava sentada em um banco da cozinha com os olhos preocupados e a postura tensa
General: Vou precisar perguntar?-falou com a voz carregada e o pescoço com a veia saltada, visivelmente transtornado
Giovanna: Se você não se acalmar eu não vou falar nada-rebati o encarando séria e minha mãe levantou
Júlia: Ok, vamos lá-falou tentando amenizar o clima de maneira calma que não chegava em seus olhos-Vamos nos sentar e conversar como pessoas civilizadas
Me sentei do sofá ao lado do Dani e nosso pais se sentaram a nossa frente
Pesadelo: Eu ia vir falar com vocês-ele começou a dizer e os olhares foram direto para ele
General: Falar o que?
Pesadelo: Eu e Giovanna estamos juntos-silêncio-E antes que vocês gritem, eu preciso que entendam que nada foi planejado e que aconteceu com o tempo
General: Vocês são irmão caralho-o cortou se levantando e respirando fundo
Júlia: Não quero que você o corte novamente-avisou para o meu pai, séria
General: Não Júlia, eles são irmãos, não tem essa história de nada foi planejado, são irmãos e ponto-se alterou e minha mãe levantou
Júlia: Chega-falou mais alto-Ou você escuta e depois fala ou você saí
General: Você está se ouvindo?-perguntou a minha mãe-Eles são irmãos Júlia, e hoje eu acordo e vejo que eles estão dormindo juntos, apaixonados?
Júlia: Então escuta o que eles tem a dizer-gritou e senti um bolo se formar na minha garganta, mas foi o olhar do Dani que me preocupou, seu olhar dizia que algo foi quebrado e estava totalmente perdido
Júlia: Saí-ela apontou para porta-Eu não vou pedir novamente, quando você voltar a ser o meu marido, você volta-meu pai a olhou como se tivesse tomado um tapa na cara-Saí-mandou novamente e com um última olhada em nós meu pai saiu batendo a porta, minha mãe respirou fundo acariciando as têmporas
Pitbull: O que tá acontecendo?-meu irmão apareceu na ponta da escada com o rosto preocupado e cara de sono
Júlia: Você sabia dos seus irmãos?-perguntou e a expressão dele mudou para séria
Pitbull: Sim-respondeu calmo e desceu as escadas, minha mãe respirou fundo parecendo perdida
Pesadelo: Mãe-o Dani começou a falar mas ela levantou a mão
Júlia: Não, eu vou escutar e quero saber o que está acontecendo-sua voz suavizou-Desculpe pelo pai de vocês, ele precisa de tempo para raciocinar
Eu entendia, não culpava meu pai, imagina você criar seus filhos como irmãos e do nada dois deles aparecerem se amando de outra forma sem que você percebesse, era um choque e eu não sabia como minha mãe estava tão calma
Giovanna: Eu o beijei primeiro-assumi acariciando a mão do Dani, trêmula
Júlia: Certo, o que eu quero saber é desde quando vocês se sentem assim?
Pesadelo: Desde que eu tinha meus quatorze anos-respondeu um pouco mais calmo-Acredite mãe, não foi planejado e eu nunca a olhei de outra maneira antes disso, começou de uma maneira súti e eu tentei repreender isso durante anos-explicou
Durante uma hora nós contamos sobre o que sentimos e a forma como tudo aconteceu, Dani contou dos pesadelos e nossa mãe começou a chorar enquanto o Guilherme a abraçava e a acalmava, também contou da sensação de se sentir iguais aos pais biológicos e eu o agarrei chorando junto, isso devia doer tanto nele que me sufocava, eu queria ter o poder de tirar toda essa dor e passar para mim, seu olhar estava triste e perdido quando terminou de contar e até o Gui fungava
Júlia: Eu sinto tanto que você tenha se sentido assim meu amor-ela se levantou e o abraçou com força-Eu sinto muito, acredite em mim quando eu digo que não podemos controlar o que sentimos-ela olhou nos olhos dele e segurou seu rosto-Eu não estou com nojo de você ou pensando que você é doente, eu preferia morrer do que me sentir assim-minha mãe acariciou seu rosto-E nem seu pai, nós amamos vocês independente de tudo, ele só precisa de um tempo para esfriar a cabeça mas saibam que jamais vamos sair do lado de vocês-sua voz se tornou firme-Vamos passar por isso juntos-ela olhou pra mim e eu solucei-Eu vejo amor e é isso que importa para mim-ela voltou a se sentar- A relação de vocês nunca foi como a de irmãos e eu via isso desde sempre, eu os via como melhores amigos e não como irmãos, durante toda a vida foi assim-ela limpou as lágrimas-Eu me sinto tão culpada de não ter reparado antes e ter feito vocês sofrerem
Giovanna: A culpa não é sua mãe-segurei sua mão que agora estava gelada
Pitbull: Você ficaria surpresa com as coisas que a gêmea do mal pode esconder-murmurou e eu o encarei feio
Júlia: Eu quero que se lembrem que além de mãe, eu também quero ser amiga de vocês, nunca mais escondam nada de mim-falou séria e nós sacudimos a cabeça
Pesadelo: Desculpa-pediu com os olhos cheios de lágrimas e ela o abraçou sussurrando algo em seu ouvido
Júlia: Eu vou tomar um banho e você vai comigo para a terapia hoje, não quero você passando por isso sem ajuda, ok?-Dani acenou-Vai se arrumar
Minha mãe beijou a minha testa dizendo que me amava e depois fez o mesmo com o Gui que subiu abraçado com ela, Dani me puxou e me abraçou com força, ficamos por longos minutos assim, minha cabeça em seu peito sentindo seu coração acelerado e ele dizendo que me amava e beijando minha testa enquanto eu o apertava com mais força
Parecia tudo mais calmo.
Se não fosse o fato do meu pai não voltar para casa aquela noite.
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O meu pano é rosa, e o de vocês?
Júlia, eu te amo, só isso que posso dizer.
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Perdição-Livro 3
Teen FictionEu não devia querer, eu não devia sentir, mas então aconteceu e eu me perdi.Ou melhor, eu me encontrei.|+18