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Giovanna

Sentei no alto do morro enquanto observava as pessoas transitando e o vento batendo no meu cabelo, estava tão cansada ultimamente que parecia estar sendo sugada, faltava pouco para terminar minha faculdade e os professores estavam cada vez mais exigentes, tanto que passaram um trabalho enorme para as férias, decidi tirar uns dias antes de recomeçar a rotina estressante

Senti seu perfume antes dele chegar e olhei por cima do ombro vendo o Dani estacionar a moto e vir em minha direção com um cigarro entre os lábios, observei bem ele, usava um conjunto da Adidas preto e a corrente fina de ouro que eu dei, esse último mês eu reparei que ele tinha ganhado músculos e seus ombros estavam mais largos, diferente dos últimos meses ele estava um pouco distante de mim e isso tava me matando

Eu sabia que era só comigo, sondei minha mãe e meu pai para saber e eles justificaram como "muito trabalho", eu odiava ficar longe do Dani e odiava sentir que estávamos nos perdendo, não consigo lembrar de um momento em que ele não estivesse do meu lado, Guilherme era meu gêmeo, mas Dani era meu coração, eu sabia que as coisas estavam mudando mas não conseguia verbalizar para não se tornar real

Pesadelo: Veio ver a vista?-ele perguntou se sentando ao meu lado

Giovanna: Vim pensar, to sobrecarregada-deitei a cabeça em seu ombro e entrelacei nossos dedos

Pesadelo: Aconteceu alguma coisa?-perguntou preocupado

Giovanna: Faculdade

Pesadelo: E?-me incentivou a falar

Giovanna: Tô sentindo você distante-falei e fiz um biquinho

Pesadelo: Não estamos distantes, eu tô trabalhando muito moranguinho-acariciou minha mão com o polegar

Dei risada do meu apelido, quando eu era criança era viciada naquele desenho moranguinho, passei a comer morango todos os dias e a me vestir igual a ela todos os dias, acabou virando nosso apelido secreto

Giovanna: Não sinto verdade em você-falei em tom de brincadeira e ele riu

Pesadelo: Vamos passar um mês juntos , tempo suficiente pra você mudar seu pensamento

Giovanna: Não sei se é o suficiente-fingi pensar

A verdade é que o Dani era o meu porto seguro, eu não consigo ficar longe dele por cinco minutos, nem quando a gente brigava quando era mais novo, minha mãe amava nossa relação, ela dizia que não tinha trabalho nenhum em resolver nossas brigas, ele me dava um abraço e voltava tudo ao normal depois de literalmente cinco minutos

Pesadelo: Vamos descer, daqui a pouco um monte de vagabundo vai subir-fiz uma careta

Mesmo tendo sido criada no meio de bandidos e ter escolhido uma profissão com que eu lidaria todo dia com isso, não era era algo que eu tivesse me acostumado ainda

Giovanna: Vamos

Subi em sua moto e abracei sua cintura, senti por cima da blusa seus gominhos e reprimi esses pensamentos na mesma hora, acho que o estresse tava afetando minha capacidade mental

Dani me deixou na porta de casa e eu o abracei

Giovanna: Vou começar a arrumar minha mala

Pesadelo: Venho te buscar amanhã às oito horas-ele beijou minha testa

Giovanna: Até amanhã

Esperei ele sair e entrei em casa, minha mãe tava apoiada no balcão olhando pra parede, seus olhos estavam um pouco inchados como se ela tivesse acabado de chorar, não tinha comentado com ninguém, mas ultimamente as brigas com meu pai estavam sendo diárias, isso tava me deixando angustiada, não conseguia nem imaginar um mundo em que eles não estivessem juntos

Perdição-Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora