Capítulo 16 - Dia de visitas ..

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Tris, vira de costas e me deixa ali na sala de treinamentos, na verdade, não sei se ela irá me ouvir em relação a se afastar um pouco para espairecer. Eu acabo ficando um pouco frustrado ali por sua falta de controle. Saí da sala e me dirigi a sala de controle, onde eu sempre trabalhei, queria saber se havia novidades em relação a algo.

Ao chegar, vi um amigo de setor, Brad, e me dirigi a ele.

"Brad, como está?" Pergunto.

"Vou indo bem, Quatro! E você?" Brad pergunta.

"Vou indo bem, apenas um pouco cansado e entediado, pois como você sabe, estou na instrução dos novatos transferidos." Digo com Tédio visível.

"Imagino cara." Diz realmente compassivo.

"Mas então, tem alguma novidade aqui que eu estou perdendo?" Pergunto com real interesse.

"Bom, na verdade, há uma coisa estranha. A Erudição nos mandou um comunicado, informando que começaram a fazer entregas aqui na Audácia. Vão estocar um soro." Ele me diz.

"Soro? Da Erudição? Aqui? Pra que? O que faz esse soro?" Pergunto intrigado.

"Eu sei lá cara, só mandaram e disseram que dentro de poucos dias, começaram a entrega. Basta ficarmos de olhos bem abertos, para qualquer coisa fora do normal." Brad diz, com interesse.

"Verdade. Vamos analisar. Brad, Estou indo lá. Qualquer novidade me informe!"

"Ok chefe!" Brad diz com muita ironia e um sorriso mal disfarçado.

Me viro e saio sorrindo de sua resposta, mas profundamente intrigado com essa nova informação. Qual o interesse da Erudição aqui na Audácia? Qual o objetivo desse soro? 'Só me faltava essa agora!'. Me dirijo ao meu quarto e permaneço lá lendo uns livros que me interessam. 

Chegando a noite desci para o refeitório, e vi de longe os novatos muito animados com o dia das visitas. Os transferidos estavam com medo de que seus entes não aparecessem por eles terem escolhido abandonar suas facções. Graças a Deus, aquele homem, que não gosto nem de pensar como sangue de meu sangue, não veio me visitar e me esqueceu. Aliás, esse foi o motivo de minha saída, ainda bem que ele entendeu. Após o jantar, me recolhi a meus aposentos, deitei e dormi profundamente, um sono que eu já não tinha a muito tempo, e agradeço internamente por isso.

Finalmente chegou o dia das visitas. Creio que isso também estava distraindo demais os novatos. Não estavam se concentrando muito em seus treinamentos. Mas ao abandonarem suas facções, também deixaram para trás suas famílias. E o lema sempre foi 'Facção antes do sangue'. E ao meu ver, isso é excelente.

Me levanto, tomo banho e vou tomar café. Chegando lá, vejo Eric, mas prefiro não me sentar com ele. Me sento só, a parte, pois de manhã não sou muito de conversa. Bom, não sou muito bom de conversa, todo o tempo, mas.. Prefiro ter para mim que é só de manhã. Enquanto calmamente tomo meu café, Eric se aproxima. 'Que saco! O que esse cara quer agora?'.

"Quatro! Sozinho como sempre!" Diz com sarcasmo. E eu reviro os olhos com puro tédio.

"Antes sozinho, do que com companhias como você! O que você quer?" Pergunto sem paciências. Ele dá um meio sorriso, frio e extremamente odioso.

"Quero que vá comigo ao dormitório dos novatos transferidos" Diz

"E por que eu faria isso?" Pergunto com sarcasmo.

"Porque eu quero" Eric diz com arrogância.

"Pois você está muito enganado, pois eu não vou. Tenho muitas coisas para resolver que não lhe dizem respeito" Falo com fúria exalando de mim, mas em um tom bem baixo.

Ele levanta suas mãos em rendição. "Calma, Quatro. Ok. Tudo bem". Ele vira e me vai embora. 'Se mancou, graças!'. Termino meu café da manhã. Definitivamente, meu encontro em Eric me deixou de mal humor. Então, me levanto e vou dar uma caminhada pelo complexo para aliviar a tenção. Ando em volta do abismo e sento lá, analisando o porque de eu estar me sentindo sozinho hoje. Por mais que eu não queira que Marcus me visite, me sinto só ao ver as famílias. Mas algo me puxa. Me levando e me encosto em uma grade próximo a caverna.

Ao chegar, olho em volta. Vejo os nascidos na Audácia com seus parentes. Vejo Peter com seus pais. Christina com sua família. Will também tem visitas. Drew e Molly estão só. Não consigo ver Al, nem Edward. Então enquanto corro meu rosto, vejo Tris, minha linda menina, com uma senhora, que não se parecia tão velha, mas defini que fosse sua mãe, por seu histórico que puxei assim que ela chegou. Além de que, a senhora vestia roupas da Abnegação. Aquelas acinzentadas e sem graças. 

Enquanto observo, sinto que Tris reparou minha presença, pois ambas olham para mim, cochicham e dão risinhos mal contidos. 'Ai meu Deus, por que estou ficando tão nervoso? Por que elas estão olhando para mim? Será que sua mãe me reconheceu como o filho de Marcos Eaton? E agora, o que faço? Vou embora? Não... Não.... Se acalme Quatro! Isso é coisa de sua cabeça!' Então paro de pensar, finjo que não vi, e tento prestar atenção nos outros. Mas não dá, é mais forte que eu. Então me encaminho em direção a elas e chegando, olho-as com expectativa. Sua mãe me oferece a sua mão, o que é estranho já que abnegação não costuma fazer isso.

"Olá, meu nome é Natalie," diz ela. "Eu sou a mãe de Beatrice."

Me sinto um pouco fora de contexto, pois também não estou acostumado a isso. Apesar de ter saído a um tempo da abnegação, ainda não perdi esse costume. Então, ofereço minha mão também e digo "Quatro, é um prazer conhecê-la."

"Quatro, é um apelido?" Sua mãe me pergunta sorrindo. Por que as pessoas agem sempre da mesma forma?

"Sim. Sua filha está indo bem aqui. Eu a tenho supervisionado."

Digo secamente para interrompermos de vez esse assunto, sempre incomodo, do meu apelido. Por que as pessoas querem sempre saber isso. Não interessa meu antigo nome, agora eu sou o Quatro.

"Isso é bom de ouvir, eu sei algumas coisas sobre a iniciação da Audácia e fiquei preocupada com ela."

Então, olho para Tris e a analiso por completo. Desde os cabelos, passando pelas suas sobrancelhas, seus olhos, seu nariz e paro em sua boca por um momento, e digo me recuperando, "Você não deveria se preocupar." Noto que ela ruboriza sob meu olhar, e isso internamente me anima grandemente. Ela é puramente capaz de passar aos testes da Audácia.

Sua mãe me olha e inclina a cabeça. "Você me parece familiar por algum motivo, Quatro."

"Eu não posso imaginar por quê, eu não tenho o hábito de me associar com a Abnegação." Tento dizer, colocando minha voz o mais fria possível, quase glacial. Eu tinha esse medo que ela pudesse me reconhecer e era um passado que eu queria esquecer.

Sua mãe ri. Ela tem uma risada clara: metade ar, metade som. "Algumas pessoas o fazem por esses dias. Eu não tomo como ofensa."

"Bom, eu deixarei vocês com sua reunião." Relaxo visivelmente com seu não reconhecimento. Me viro e me retiro o mais rápido que posso. Mal ainda sinto seus olhares em minhas costas.

Me ponho de fora do seu campo de visão, mas continua a observar as visitas, principalmente Tris. Vejo Tris e seus amigos confraternizando com seus familiares. De repente, reparo que Tris se estranha com a irmã de Will e dá um passe em relação a ela, sinto meu corpo enrijecer. Estou pronto para ação. Mas Will se põe enfrente a sua irmã e a mão de Tris a puxa por seu braço. O que está havendo com Tris ultimamente? Ela tem se estressado e explodido rapidamente! Então sua mãe a sai puxando e eu perco-as de vista.

A tarde começa a cair, e paro de observá-los e me dirijo a meu apartamento. Apesar de tudo, me sinto bem em ter sido apresentado a Natalie, mãe de Tris. Estou meio encabulado com minha própria reação, mas percebo cada vez mais que estou interessado em Tris.

Passo o restante da tarde, lendo livros. Mas seus lábios não saem de minha mente!




Divergente - Tobias EatonOnde histórias criam vida. Descubra agora