— Obrigada, pai...
Hinata olhou para o telefone mudo em uma de suas mãos. O pai foi arrancado
do aparelho porque a mãe queria fazer uma ligação. Permaneceu imóvel um
instante, então foi inundada pela emoção. Precisava de ar... imediatamente.— Ei...
Naruto teve que ser ágil para evitar um esbarrão. Ao cruzar a recepção
numa corrida desabalada, Hinata não enxergou nada, inclusive ele.— Você não me viu?
— Vi sim — mentiu Hinata.Ela pretendia caminhar até a porta como se tivesse todo o tempo do mundo, mas, por dentro, sentia-se agitada, elétrica. Estava desesperada por ar, espaço, chuva, qualquer coisa diferente do ambiente claustrofóbico do pequeno ambiente impregnado de ressentimento. Tudo o que ela queria era deixar os pais orgulhosos, e jamais conseguia isso.
Naruto aproximou-se e abriu a porta.
— Também estou de saída — disse ele. — Por que não voltamos para casa
juntos?Hinata imaginou milhares de motivos por que não devia aceitar e esmerou-se
para dissuadi-lo.—Ah, tudo bem. Mas, primeiro, preciso fazer umas compras.
Porém, Naruto decidiu acompanhá-la.
— Ficarei preocupado se deixá-la perambulando sozinha pelas ruas à procura de homens para beijar.
— A noite de ontem foi uma exceção.
— Certo, então se quiser minha companhia...
— Ora, na caçada atrás de homens beijáveis?Naruto recusou-se a se sentir ofendido.
— Nunca fui chegado a beijar homens — ironizou.
— Nem eu.
— Nesse caso, fico feliz que tenha feito uma concessão ontem.Certo. Naruto apenas tentou poupá-la da humilhação. Ele faria o mesmo por
qualquer aluna. Naruto distribuía beijos porque ganhava beijos facilmente, enquanto, para ela, beijos eram uma raridade.— Desamarre esse rosto. O expediente acabou e nem os advogados se levam
tão a sério o tempo todo.Assim falou o Grande Inquisidor!
— Então, para onde você vai?
— Vou para casa fazer o jantar. Você podia vir junto. Precisa comer, sabia?
— Não sabia que você gostava de cozinhar.
— Quantos italianos conhece que não cozinham?
— Não conheço muitos italianos.
— Então não sabe o que está perdendo.A insinuação deixou Hinata enrubescida.
Assim que chegaram, ele sugeriu que Hinata tirasse o blazer e relaxasse. O
mesmo que ele pretendia fazer. Pena que aqueles fiapos de renda que ela
guardava no quarto surgissem na sua mente. Depressa, Naruto recomendou
um traje:— Jeans e camiseta... no caso do molho espirrar. — Queria levá-la
diretamente para a cama, mas nada era direto com Hinata. — Eu faço
muita bagunça na cozinha.Alguém a magoou, podia ver nos olhos dela. Basta de sedução! E a raiva
tomou conta dele, fruto da vontade de vingá-la.— Eu não vou demorar — disse Hinata, afastando-se. Quem a deixou assim?
Ela não conseguia disfarçar a tristeza.
Naruto foi até o quarto, despiu-se e entrou no banheiro. Precisava de uma
ducha para relaxar e esquecer as coisas que viu e ouviu naquele dia.
Trabalhar como advogado criminal era tudo o que ele sempre quis, mas
cuidava de casos que eram verdadeiros dramas e nunca relaxava antes de
esquecer o expediente.
Ao entrar na cozinha, sentia-se revigorado.
As mulheres adoravam quando ele cozinhava. Isso sempre as atraiu — em
geral, na direção da cama. Ele era um perfeccionista na cozinha, na
advocacia e no sexo e sabia melhor que ninguém que a prática leva à perfeição. Entretanto, não se tratava de um exercício de cinismo. Tinha razão em preocupar-se com o futuro de Hinata. Autoconfiança é um dos pré-requisitos para uma carreira bem-sucedida no Direito, além de um cérebro
privilegiado e dedicação. Hinata carregava um bocado de expectativas nos ombros, mas o que ela queria?
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Direito de Amar
FanficA tímida e ingênua estudante de Direito Hinata Hyuuga mal chegou a Londres e já vive um dilema. O sombrio e arrogante advogado Naruto Uzumaki não é apenas o seu orientador, mas também o primeiro homem a fazer seu coração disparar. E, para Hinata, o...