Na semana seguinte, Hinata chegou cedo no fórum para arrumar a documentação antes da última entrevista para a bolsa Unicorn. Ela deveria se apresentar a uma banca de advogados liderada por Naruto. Na verdade, não o viu muito desde a noite da festa, mas sentia-se confiante e ansiosa.
Decidiu se isolar até tudo terminar e desligou o telefone.
Agora queria estar em qualquer lugar, menos ali. Nunca se sentiu tão
apreensiva antes de uma entrevista, talvez porque pressentisse que as
vibrações de Naruto indicavam que, por mais preparada que fosse, não
seria nada fácil.
Ela fracassou na entrevista. E não fracassou simplesmente. Quando saiu da sala, estava mergulhada em dúvidas quanto ao Direito ser o caminho que
desejava seguir. Amassando a carta da mãe, Hinata se preparou para dar o
telefonema.
O pior foi que Naruto a deixou na mão. Ele não compareceu à banca. Sequer
se deu ao trabalho de desejar-lhe sorte. E, certo, o telefone estava desligado, mas ele não poderia ter enviado uma mensagem? Sabia o tempo todo que o caso com ele era unilateral: ela se apaixonou por Naruto, ele se
apaixonou pelo sexo. Manteve os olhos abertos desde o início, mas não seria
justo que ele explicasse a ausência?
A mãe atendeu ao telefone, interrompendo o seu raciocínio. Não conseguiu proferir uma palavra enquanto a mãe explicava animada que todos estavam em casa, esperando a notícia...— Eu não consegui...
— O seu pai está pronto para abrir o champanhe...
— Mãe, por favor, ouça. Não pode pedir que ele guarde o champanhe? —
Tarde demais. Ela ouviu a rolha estourar. — Mãe, eu não consegui...
— O que disse?
— Não consegui — repetiu Hinata.A mãe paralisou à medida que os sonhos se dissipavam.
— Como pôde dar errado?
— Foi culpa minha. Eu estraguei tudo na entrevista.
— E é só o que tem a dizer? Não liga para o que isso representa para a gente?
— Desculpe... não sei mais o que dizer.
— Deve ser um engano. Você nunca se sai mal nas entrevistas. Você está
exagerando, Hinata.
— Eu realmente lamento... posso falar com o papai?
— Sabe o que isso vai causar a ele, não é? Você leu a minha carta, espero!
Contei sobre os níveis de estresse... o que acha que isso vai fazer com ele?
— É melhor que eu volte para casa e conte pessoalmente?
— Não. Acho melhor ficar longe e dar um tempo até tudo se acalmar.
— Certo... — Hinata mordeu o lábio e o telefone emudeceu.Trêmula, Hinata suspirou. Era inútil pensar que o chão se abriu sob os seus
pés, mesmo se fosse verdade. Precisava levantar e seguir em frente, por
mais que doesse. E dessa vez doía mesmo. Foi informada que o próprio
orientador se eximiu da banca.
Como um rato abandona o navio prestes a afundar!
Nervoso, Naruto perambulava pela loja luxuosa ao lado de uma assessora de
compras. Sabia o quanto a bolsa de estudos significava para Hinata e sentia-se determinado a aliviar o golpe. Eximiu-se da banca imediatamente. Não podia obrigar-se a endossar algo que jamais a faria feliz. No final do dia,
nem precisou dizer isso à banca, pois todos chegaram à mesma conclusão.
Durante a entrevista, Hinata falou muito dos pais, mas muito pouco de si
mesma. Eles asseguraram que, embora fosse uma candidata excepcional, não
era o que ela realmente queria da vida, só que ela ainda não percebia isso.
Ele conhecia o tipo, refletiu Naruto ao pagar a conta e agradecer à
assistente de compras — jovens advogados ambiciosos, seguindo um roteiro planejado pelos pais. Hinata merecia muito mais. Tentou ligar para ela, porém compreendeu que desejava passar algum tempo sozinha.
O apartamento estava vazio quando ela voltou. Ino já havia retornado
para os Home Counties e Naruto...
Ele praticamente se mudou!
Hinata sentiu um aperto no coração ao olhar o quarto dele de novo, só para
ter certeza. Sabia que o apartamento dele ficara pronto, mas não sabia que
ele mudaria tão de repente. Sentou na cama para superar o choque, mas logo
ficou de pé. Não queria tocar, ver ou pensar na cama de Naruto. Nem
lembrar do que aconteceu ali.
Quando ela bateu a porta, o som ecoou pelo apartamento vazio, zombando
dela. Em que belo exemplo de sucesso ela se transformou! Dormiu com um
homem que tinha o seu destino nas mãos, um homem que não se importava
com ela, e além disso perdeu a bolsa. A bolsa... Fechando os olhos, reviveu o
momento da entrevista quando percebeu que não a queria. O que ela
desejava era agradar os pais. A bolsa não significava nada. O que ela queria
era Naruto e uma carreira que proporcionasse uma verdadeira sensação de conquista, como experimentou depois da festa. Desejou poder esquecer Naruto para identificar a rota que realmente queria seguir na vida.
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Direito de Amar
FanficA tímida e ingênua estudante de Direito Hinata Hyuuga mal chegou a Londres e já vive um dilema. O sombrio e arrogante advogado Naruto Uzumaki não é apenas o seu orientador, mas também o primeiro homem a fazer seu coração disparar. E, para Hinata, o...