Sábado.
"Não acredito que você está chorando por causa disso", reclamei de Nora enquanto ela encara a nossa televisão. Virei-me para Yuri e percebi que ele estava com os olhos brilhando. "Espera, você também?"
"Eu sou um cara sensível, tá?", disse meu irmão de sete anos, limpando as lágrimas imaginárias com a manga do moletom.
"É só um filme!", exclamei para eles, apontando para a televisão como se fosse óbvio. E era!
"Amy, você viu que o 'A' abriu mão da garota pra ela poder ficar com o amigo dela?", Nora me questionou.
"Vocês se iludem porque querem. Ele não pode ter um corpo, ou seja, ele não existe, desde o início do filme ficou claro isso. Quais eram as possibilidades, hein?", ninguém tem uma resposta. Encosto-me no sofá, feliz por estar certa.
"Mesmo assim é triste".
Rolo meus olhos antes de sentir a cabeça da minha irmã encostar no meu ombro direito.
"Um dia desses você vai se apaixonar, Amy. Eu ainda tenho fé que você vai ser uma adolescente normal".
Mas eu sou uma adolescente normal, os outros que não são. Eles passam tanto tempo apaixonados que nem percebem que o amor, de fato, não existe.
"O amor não existe", afirmo os meus pensamentos.
"Existe sim".
"Yuri, você só tem sete anos, como pode afirmar que o amor existe?", estou a ponto de debater com uma criança. É melhor desfazer as expectativas dele antes que uma garota o faça.
"Ué, porque eu amo vocês", diz e logo escuto minha irmã se derretendo com a resposta. Bato no braço dela quando ela tenta bagunçar meus cabelos como fez com os dele.
"Nós não contamos".
"Não?"
"Não."
"Por quê, A?"
"Porque somos suas irmãs, é obrigação sua nos amar.", Nora responde por mim. Agradeço mentalmente. "Mas eu amei a sua resposta mesmo assim."
Eu também, mas não digo, apenas passo meu braço pelos ombrinhos dele e o puxo para perto.
"Tem mais macarronada?"
"Não acha que já comeu o bastante não?", porém, mais uma vez fui ignorada.
"Tem sim, tá na geladeira", Nora avisa, mesmo que meu irmão já tenha ido ver por si só. Pego o controle para colocar em mais um filme, de preferência um que não seja tão mentiroso quanto de romance. Estou passando pelas categorias até que sinto minha irmã se mexendo no sofá. "Amy?"
"Não.", respondi antes de levar um tapa. "Ai. Por que você fez uma pergunta se sabe que sou eu?", as pessoas não fazem sentido.
"Era pra chamar a sua atenção".
"E conseguiu, mas precisava me bater?"
"Sim, pra você aprender a não ser besta.", endireita a coluna e entendo que o assunto é sério. "Recebi uma ligação da escola hoje".
Merda.
"É mesmo? E você atendeu?"
"Amy!", grunhi. "Por que você não me contou que perdeu em artes?"
Porque não é da sua conta.
"Porque não era importante", ouço-a suspirar. Ok, preciso falar a verdade. "Sabe a Enola Lockhart?"
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Enmity [Enemies to Lovers]
Teen FictionNão há ninguém que Enola Lockhart odeie mais do que Amy Sloan, sua vizinha e colega de classe, mas vê tudo virar de cabeça para baixo quando é forçada a fazer um trabalho escolar com ela. Muitos lugares, muitas experiências e muitas mudanças radica...