Capítulo Um // I hate u

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Segunda-feira.

Aos dezesseis anos de idade, eu não tinha muita convicção de muita coisa em minha vida, mas tinha algo que sempre teria certeza: odiarei Amy Sloan em cada segundo de minha existência.

Era fácil odiá-la, bastava que ela respirasse. E nesse exato momento, ela está respirando muito ao meu lado.

— Eu só queria entender o porquê — dissera a diretora ponto as mãos cruzadas sobre a mesa. —, por que vocês se odeiam tanto?

Revirei os olhos. Essa era fácil, eu tinha todos os motivos do mundo para odiá-la. Vou começar pelo oitavo ano, quando eu estava animada para ser a Rapunzel na peça da escola. Seria brilhante, eu tinha ensaiado o triplo para fazer aquele papel. Hidratava meu cabelo loucamente e tinha sorte de ser a única loira da turma. Acontece que, apesar de todo o meu esforço, meditação, preparação e dieta, eu acabei sendo retirada da peça porque, adivinhe só, misteriosamente, acordei com chiclete em meu cabelo. Tive que cortá-lo. Naquela manhã, olhei pela janela do meu quarto, que dava para a janela do quarto de Amy, e lá estava a maldita, sorrindo presunçosamente em minha direção com aqueles olhos de peixe morto.

Além de ter perdido a peça, eu também fui chamada de Willy Wonka pelo resto do ano letivo!

— Eu poderia passar o dia todo listando os motivos pelo qual não a suporto. — respondo, visto que Amy não o faria. Covarde.

A diretora suspirou.

— Estou um pouco decepcionada com o comportamento de vocês. — E que culpa a gente tem? você que está colocando expectativas em adolescentes. — Já é a segunda vez que temos essa conversa em menos de cinco dias. Mas o que ouvi hoje da senhorita Sharma me surpreendeu.

— Sou inocente. — contestou a idiota ao meu lado. Quase me engasguei.

— Isso faz de mim a culpada?

Amy virou o pescoço preguiçosamente em minha direção. Lá estava seu olhar de peixe morto.

— Há outra opção?

— Sim, você confessar que foi você quem sabotou nossas provas.

Ela se alongou na cadeira. Por consequência, a blusa da farda subiu um pouco, deixando exporto quatro dedos de sua barriga. Desviei o olhar. Eu nem estava olhando, na verdade.

— Sua acusação não tem fundamentos, e muito menos provas, meu anjo. Até onde sabemos, você que poderia ter sabotado nossas provas.

— Mas o quê...? - por Deus, ninguém ouse me segurar! — Por que inferno eu iria querer as suas notas? Você já as viu? São horríveis! Você nem ao menos se esforça para tirar uma boa nota, não tem porque eu...

— Basta. Já ouvi o bastante. — a mulher a nossa frente se encostou na cadeira e levou um tempo para se acalmar. — Como não há testemunhas que afirme ou negue quem está certa ou errada, eu terei que desconsiderar essa avaliação.

— Desconsiderar? — aquilo só poderia ser uma brincadeira. — Isso significa o quê? Que vamos refazer?

— Não, Enola, acho que não fui clara o bastante. Vocês perderam essa unidade.

— Isso não é justo! — não era mesmo.

— Ah... tudo bem. — Amy deu de ombros, colocando as mãos nos bolsos do moletom. Ela sempre estava de moletom, não importava em qual estação estávamos.

Claro que estava tudo bem para você, não foi você quem estudou por dias consecutivos, que perdeu noites de sono para tirar uma nota alta para...

Espera um pouco.

Enmity [Enemies to Lovers]Onde histórias criam vida. Descubra agora