Capítulo Sete // Rubastosis

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Domingo.

Nossa primeira viagem seria para Amhers, em Massachusetts. Minha mãe havia feito minha mochila com tudo que eu precisaria por um dia. A viagem seria de trem.

Trem. Dá pra acreditar?

— Pegou tudo? —minha mãe adentra o quarto com a minha mochila e a entrega pra mim.

Checo as coisas que ela colocou ali: comida, roupas e mais roupas para emergência, protetor solar (não sei pra quê), todos meus produtos de higiene, carregador e a câmera profissional que minha avó me deu. Atoa, na verdade. Essa é a primeira vez que eu vou usá-la.

— Esteja aqui às sete e, por favor, me liga se precisar de qualquer coisa.

— Como se você pudesse me ajudar em Massachusetts. — reviro os olhos para minha versão mais velha e mais alta.

— Tenho meus contatos por lá. — diz como quem não quer nada. Fico tentada a perguntar quem, mas tenho tanto medo quanto curiosidade, então apenas deixo pra lá. De qualquer forma, eu sabia que todas as suas saídas aos sábados à noite não era para encontrar alguma amiga.

— Eu vou ficar bem. — garanto.

— Nhã... não é com você que eu estou preocupada. — abana uma mão no ar.

— Com o que é, então?

— Você e Amy vão ficar dez horas juntinhas — faço uma cara de novo com o diminutivo. —, grudadinhas, pertinho uma da outra...

Faço menção de vomitar.

— Já entendi. — informo.

— Enfim. Não tem perigo algum que você não possa enfrentar sozinha, eu mesma te ensinei isso. Minha preocupação é com ela.

Preocupação sem pé nem cabeça.

— Não vou deixar nada acontecer com ela também. Melhor? — eu não ligava que algo acontecesse com ela, eu só queria que a minha mãe se sentisse mais segura.

— Não. Você não pode protegê-la de você mesma. — ela da uma risadinha e eu ignoro. — Tenho certeza que, se Amy tivesse se afogando e tentasse chegar na superfície, você seria a pessoa que manteria a cabeça dela debaixo d'água.

Eu nem sou tão perigoso assim... mas a ideia é tentadora.

— Isso nem é ver... — tento negar mas ela ergue uma sobrancelha e as palavras ficam suspensas. Me frustro. — Ok, é verdade.

— Preciso que me prometa que vai se esforçar pra que isso dê certo.

— Isso depende dela também, sabia? — diga isso pra ela! — Mas eu preciso mais dessa nota do que ela, portanto... — não acredito que estou prestes a dizer isso, espero que ela não esteja gravando! — prometo que não vou matá-la. Ou estrangular ela. Ou esquartejar... ou afogar. — após as opções, sorrio.

Minha mãe pisca com a mão suspensa no ar. Ela ia me fazer um carinho mas parou no meio do caminho quando ouviu a lista de possíveis assassinatos.

— Você é minha filha, mas as vezes você me assusta. — diz, baixando a mão. — Tudo bem, tenho que fazer uma ligação.

— Pra quem?

— Pra um psiquiatra. Você vai começar assim que chegar de viagem. — seu tom não tem humor e eu até cogito que ela iria fazer isso.

Enmity [Enemies to Lovers]Onde histórias criam vida. Descubra agora