Capítulo Cinco // People Watching

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Domingo.

Eu beijei uma garota.

Não, talvez você não tenha entendido o que eu quis dizer, vou repetir porque nem eu mesma estou acreditando.

Eu.

Beijei.

Uma.

Garota.

E não, não foi qualquer garota. Eu beijei Amy Sloan. Meu primeiro beijo foi com a pessoa que eu mais detesto.

— Mas, assim... — Taylor pula na própria cama. Depois que eu disse no grupo que precisava conversar, Taylor foi a única que respondeu. Sei que Anne visualizou, mas eu nem me importei. —, você gostou?

— Gostei de quê? — continuo roendo minha unha. Um dia tinha se passado, e eu já tinha acabado com todo o meu esmalte.

— Do beijo, Enola. Você sabe do que eu tô falando. Ela beija bem?

— Taylor!

Ela fez uma careta.

— Mas foi bom?

— Não! — como faz pra enfiar a cara no chão sem deformá-la?

Não, Taylor! Não foi bom!

— Foi... como qualquer beijo tem que ser. — dou de ombros. Porque não teve importância... não é?

— Mas você nunca beijou antes, como pode saber?

Em matéria de irritação, Taylor conseguia me surpreender. Anne, por outro lado, evitava deixar a conversa irritante, sempre vendo o que aconteceria a seguir.

— Vou embora. — anunciei mas não movi um músculo.

Na verdade, eu não queria voltar pra casa, porque a chance de eu vê-la era oito em dez. Como eu vou evitar alguém que mora do meu lado e tem a janela em frente a minha? Pior: como vou evitá-la sendo que ela vai fazer o trabalho de literatura comigo por dois meses? Eu precisava passar, e, infelizmente, eu dependia dela pra isso.

Lentamente, crispo os olhos para a parede.

— Será que eu sou tipo lésbica agora?

— Ou bissexual, mas ainda é muito cedo pra definir alguma coisa. — ela diz. — Ah não ser...

Sinto todos os meus órgãos vitais parar de funcionar por um milissegundo.

— A não ser o quê? — eu estava me sentindo uma paciente esperando o diagnóstico que vai dizer se é caso de viva ou morte.

Olha... eu não reclamaria de morrer agora mesmo.

— A não ser que você sinta algo romântico por uma garota. Você sente?

— Definitivamente não. — não é mesmo?

— E atração sexual?

— Taylor! — esqueça a deformidade, eu quero enfiar a minha cara no chão agora mesmo!

— Responda à pergunta.

— Não, claro que não! — imediatamente lembro daquela vez que a idiota estava de top preto na minha frente, o suor brilhante na pele, os músculos da barriga um pouco definidos, e tudo que eu senti... eu não sei bem o que eu senti. — Não, definitivamente não.

O canto da boca dela sobe um pouco, mas não em um sorriso. Então ela dá de ombros e encosta na parede.

— E eu ainda tenho que falar pra Daisy que a Amy gosta de meninas.

Enmity [Enemies to Lovers]Onde histórias criam vida. Descubra agora