Capítulo 1. 𝓢𝓪𝓵𝓪 𝓭𝓮 𝓬𝓲𝓷𝓮𝓶𝓪

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O grande letreiro retrô era chamativo, eu passei pelas portas e fui tomada pelo ar gelado que saía do ar condicionado central. Tudo era iluminado por luzes de led. Então dei alguns dei alguns passos, ao chegar perto encarei o grande banner, um rapaz e uma garota se beijando, um clichê de Hollywood. 

Caminhei até a fila observando os filmes em cartaz. Três pessoas estavam na minha frente.  O filme em breve sairia do cinema e seria lançado em todos os streaming possíveis.

Era a terceira vez essa semana que eu ia ver o clichê do cinema, a mesma história de sempre...  já estava quase decorando as falas. 

O rapaz que trabalhava vendendo os ingressos tinha um olhar de pena estampado em seu rosto "quantas vezes eu iria ver esse filme", ele deveria pensar.

Talvez na cabeça dele eu era uma pessoa solitária, ir ao cinema sozinha pra algumas pessoas é considerado estranho.

— Uma entrada só?

— Sim.

Depois de comprar o ingresso, eu saí da fila, não havia ninguém atrás de mim, o garoto entediado batia os dedos contra o balcão de vendas, enquanto esperava alguém aparecer.

A cada passo, me deparava com o totem dos protagonistas, pelo visto, o trabalho de divulgação foi o mais árduo em ano.

Parei em frente ao banner do casal abraçado, era uma imagem encantadora e as fofocas diziam que eles tinham um envolvimento romântico. Será que isso era verdade? Vai saber.

O homem clichê de Hollywood. A beleza comum e ao mesmo tempo diferente de tudo, os cabelos escuros e encaracolados, a pele meio queimada do sol e os olhos castanhos, aqueles olhos... eram tão expressivos, chegava a doer.

Por alguns instantes senti que o totem de papelão, que só tinha ele estava me encarando, era de arrepiar.

Ele ainda tinha o mesmo sorriso, quanto tempo havia se passado? Eu já nem me lembrava mais, me parecia uma eternidade.

Eu estou aqui, como sempre vendo os filmes dele, como prometi naquela tarde, quando ainda me considerava uma menina de dezesseis anos.

Eu apertei a corrente que estava no meu pescoço com uma estrela, um artigo tão barato que ainda carrego comigo, ele colocou no meu pescoço e eu não lembro de ter tirado um dia, pelo menos não por vontade própria.

A sala de cinema se abriu.

Eu entrei.

Estava vazia.

Já faz tanto tempo...


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