Capítulo 2. á𝓰𝓾𝓪𝓼 𝓭𝓸𝓾𝓻𝓪𝓭𝓪𝓼

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Um tempo antes...

Antes de estar dentro da sala de cinema, quase vazia, vendo o mesmo filme pela décima vez.

Eu saí pela janela, avisando minha irmã mais velha que iria voltar depois, eu estava fugindo da minha família.

Todos os anos a família se juntava para ir até a propriedade do Tio Cláudio no interior de minas, um lugar chamado Capitólio, em Minas Gerais. Passávamos alguns dias juntos, mas eles eram tão barulhentos que, sempre que tinha oportunidade, eu fugia.

Dentro da propriedade havia piscinas naturais e cachoeiras, que eram apenas de uso da propriedade. Tio Cláudio sempre se gabava disso, do grande negócio que havia feito. Eu estava caminhando até lá, pensando em esfriar a cabeça sem ser seguida pelos meus primos.

Eu o vi pela primeira vez, um dia de dezembro à tarde, invadindo uma propriedade privada.

— Quem é você? O que faz aqui.

Eu perguntei um pouco brava, não que estivesse irritada com ele, apenas queria ficar um pouco sozinha e ele estava invadindo uma propriedade privada.

— Nadando, não é óbvio?

Ele balançou a cabeça tirando o excesso de água de seus cabelos, ele tinha um sorriso de comercial de creme dental. Meu coração parou por alguns segundos, capturando a beleza do rapaz que estava na minha frente.

— Esse lugar não é público.

— Quem te disse?

— Eu estou dizendo — Eu bati o pé brava, era uma mania de uma menina mimada talvez, ele abriu um sorriso ao ver minha irritabilidade parecia achar divertido, o que me deixou ainda mais brava.

— Você está muito nervosinha, não é mesmo? Esse lugar não cabe nós dois?

Eu cruzei os braços, ele apenas ria da minha cara de dentro da água. Eu tinha poucas escolhas, poderia ficar com um desconhecido ou com a minha família me pedindo as coisas, parece estranho mas neste momento um desconhecido parecia melhor pra mim.

Eu coloquei a toalha que estava no meu ombro sobre uma pedra. Caminhei até a beira da água, me sentei e mergulhei meus pés na água dourada e suspirei. Era isso que eu precisava. Silêncio.

Apesar do silêncio, eu sentia sempre que olhos me encaravam. Queria apenas um pouco de silêncio e não ser encarada por um garoto cheio de hormônios.

— Então — ele se aproximou de mim, como um gatinho que tenta saber se é seguro pedir carinho.

— Eu gostaria de um pouco de silêncio.

Eu fui grosseira, mas estava irritada. Ele ficou em silêncio, eu estava introspectiva apenas ouvia minha respiração e o barulho da baixa cachoeira, não demorou nem três minutos, meu silêncio foi interrompido pela voz daquele garoto.

— Qual seu nome? — ele perguntou olhando em minha direção, em uma distância segura para eu não o atacar.

— Como você é chato — eu apenas bufei em reprovação.

— Meu nome é Thales — ele me encarou e eu ri do nome dele, ele tinha cara de qualquer coisa, menos de Thales — não combina comigo, eu sei. Eu vou usar outro nome quando me tornar um grande ator.

— Ah sim — eu revirei os olhos pra ele — você deve ter tomado muito sol na cabeça.

— Você verá — ele se levantou olhou pro céu como se estivesse sonhando — Eu estarei em todos os lugares, você verá.

O garoto saiu de dentro da água e se sentou ao meu lado — me diga seu nome.

— Não.

— Eu preciso ir, eu te espero aqui pra saber seu nome amanhã — Thales beijou o meu rosto, ele sorriu pra mim — tchau nervosinha — ele correu até a bicicleta que estava encostada em uma pedra e sumiu.





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