Capítulo 3. 𝓾𝓶 𝓭𝓲𝓪 𝓭𝓮𝓹𝓸𝓲𝓼 𝓭𝓮 𝓸𝓷𝓽𝓮𝓶

3.4K 239 363
                                    

Depois de voltar para casa, eu via imagens do garoto da cachoeira, Thales, e o sorriso que ele tinha. Quando notei, estava sorrindo pela lembrança. Fui dominada pelas minhas emoções adolescentes de filmes clichês e literatura romântica.

Deveria ir? Não deveria ir? tomei a decisão durante a noite. No dia seguinte, o barulho me deixou com dor de cabeça e, novamente, fugi. Sabia que estava indo pra lá em razão do barulho, não por causa de Thales. Eu sabia dentro de mim.

A decepção me percorreu quando cheguei e via as águas douradas calmas. Elas se mexiam apenas por causa da cachoeira e o único barulho era da água — eu não vim aqui por causa dele — eu falava para mim mesma.

Entrei dentro das águas, parei embaixo da queda de água. Era fria no início, mas com o tempo meu corpo se acostumou.

Quanto tempo eu fiquei ali? Não me lembro. Podia ser pouco ou muito, eu apenas gostava do barulho das águas.

Sentei-me deixando as pernas ainda dentro da água. I sol da tarde de dezembro tocava minha pele como um abraço.

Senti uma mão cobrir meus olhos, o cheiro de colônia masculina invadiu minhas narinas — adivinha quem é? — A voz baixa estava perto do meu ouvido me causando calafrios.

— O famoso de Hollywood?

— Como você é engraçada — Thales se sentou ao meu lado e mergulhou os pés nas águas assim como estavam os meus. seus pés balançavam fazendo tudo que era calmo parecer agitado. — Estava me esperando?

— Não. — respondi assustada, não estava esperando ele. Repetia isso pra minha mente.

— Mentirosa — ele bateu seu ombro contra o meu enquanto ria.

— Estou fugindo da minha família. Eles são tão barulhentos. — disse timidamente.

— Você não gosta de barulho?

— Quem gosta?

Thales apenas deu de ombros. Ficamos em silêncio observando as águas da cachoeira.

— Você mora aqui? — Thales perguntou, puxando assunto.

— Não. E você?

— Também não, estou apenas visitando uma tia avó — Thales pareceu ter um olhar triste em seu rosto. — É estranho, ela é irmã da avó da minha madrasta, e me sinto um pouco perdido entre eles.

— Imagino que deva ser — Eu olhei para as águas que estavam calmas — É minha família, me sinto como se fossem desconhecidos.

— Pelo menos não sou um deslocado sozinho. Somos uma dupla de deslocados.


𝓹𝓪𝓵𝓪𝓿𝓻𝓪𝓼: 402

𝓹𝓪𝓵𝓪𝓿𝓻𝓪𝓼: 402

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Eu vejo vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora