I think he knows

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Belly e eu resolvemos tirar um dia só para nós, como nos velhos tempos, sem meninos, sem preocupações, só nós duas. Fizemos o planejamento do dia todinho, primeiro iríamos tomar café da manhã na praia e leríamos nossos romances favoritos da Jane Austen, depois, nos arriscaríamos a fazer o almoço por conta própria, seguindo para se bronzear na piscina e falar sobre nossa vida dos sonhos após o ensino médio e, para finalizar a noite: comédias românticas previsíveis e tão bregas que poderíamos ter uma hiperglicemia de tanta melação e clichês.
- Ok, você primeiro, ele é um 7 mas é um leitor ávido, então ele é um?... - Belly perguntou enquanto estávamos deitadas na areia comendo frutas que Laurel preparou para nós. A brincadeira consistia em dar uma nota a um cara e atribuir a ele alguma característica, boa ou ruim e, a partir disso, dar uma nova nota.
- Depende. - eu falei.
- Esse jogo não é assim - Belly riu enquanto atirava uma uva em mim. - A graça é a nota mudar drasticamente, se você avaliar muito perde o sentido. Tente de novo.
- Realmente depende, o que estamos falando aqui? ele lê autoajuda ou ficção? essa ficção envolveria algum tipo de fetiche oculto com pés ou garotas super novas? essas coisas não podem ser deixadas de lado, Bells, não podem...- eu brinquei
- Ok, você tem um ponto. Vou começar de novo. Ele é um 10 mas quando te beija as mãos ficam só no seu pescoço. - Belly disse
- Na forma "estou tentando te matar" ou como a forma "estou tentando seduzi-la"? Se for a primeira eu manteria o 10 - tentei soar engraçada
- Na forma...estou tentando ser respeitoso?... - Belly franziu o nariz e riu
- Oh meu deus, Cam te beija assim? Como um manequim? - eu ria enquanto tentava não engasgar com as uvas
- Não é tão ruim, eu juro. - Belly também ria. - Mas é como se a todo momento ele achasse que está sendo observado, sabe? meio que ele nunca relaxa. - ela parecia decepcionada
- Ele definitivamente deveria procurar um profissional, eu li uma vez que mania de perseguição pode estar relacionada à esquizofrenia e, bom, ele tem idade para que os sintomas apareçam, uma vez eu vi em Criminal Minds....- eu desatei a falar
- B, sério? - Ela riu. - Eu não acho que ele tenha algum transtorno, ele só tem medo por causa do Steve e dos meninos, ele sente como se eles fossem cortar a mão dele fora se ele tentasse algo.
- Ok, eu fui um pouco além, desculpa. Mas, Bells, vocês se conhecem a pouco tempo, às vezes ele só tem medo de apressar as coisas e você não gostar. - eu disse
- Mas ele literalmente só fica com as mãos no meu pescoço, nada além, nem ombros, nem cintura, nem nada. Será que há algo errado comigo? - Belly falou e eu pude ver o sentimento de medo em seu olhar, eu conhecia bem esse sentimento, eu o sentia constantemente.
- Claro que não, Belly, está louca? Eu super colocaria minha mão em você, se serve de consolo.
- Sua pervertida. - ela comentou rindo
- Só dê tempo a ele, você pode dar sinais de que você quer as coisas num nível mais à frente, assim ele se sente mais confortável. - eu comentei. - Cam é um cara legal - completei
- Eu sei, certo?. Ele é inteligente, bonito, super carinhoso e me trata como eu sempre quis.
- Mas...? - eu interrompi
- Mas. Eu não sei. Eu deveria gostar dele, não deveria? - ela encarava o mar. - Não é como se eu quisesse, se eu pudesse escolher definitivamente eu gostaria ele, mas, eu não sei. - ela prosseguiu
- Mas ele não é Conrad.
- Mas ele não é Conrad. - ela repetiu
- Ah, Bells. Conrad foi seu primeiro amor, uma parte do seu coração vai sempre bater por ele, mas você merece experimentar um amor consistente, recíproco. Você não o ama ainda mas o sentimento pode surgir. - eu disse, claramente contando com a minha experiência mínima com relacionamentos que se baseava em livros e relacionamentos alheios.
Ficamos na praia até que muitas crianças apareceram, verão em Cousins era lotado deles mas só percebemos isso quando deixamos de ser um deles. Chegamos em casa e tomamos banho para preparar o almoço, por algum motivo - o qual desconheço - praticamente todo mundo evaporou da casa, o que deixou duas meninas livres pra fazer o que qualquer adolescente faria: colocamos Taylor Swift no maior volume possível e roubamos uma taça de vinho para dividirmos.
- Em minha defesa - eu falei enquanto dava um gole no vinho rosé de Susannah. - Na Itália temos idade para beber vinho e com certeza o macarrão não ficaria tão bom assim sem ele.
- Claro, se não fosse pelo fato que estamos fazendo macarrão pronto, com molho pronto, é literalmente só cozinhar na água, jogar o molho requentado por cima e voilà. - Belly brincou
- Primeiro, estou completamente ofendida, isso é francês. Segundo, até para fazer massa pronta requer talento, acredite em mim. Lembra do verão em que tínhamos uns 14 anos e Jere e Stevie fizeram macarrão com queijo?
- Como esquecer uma quase infecção alimentar? eu fiquei umas duas horas no banheiro. - nós rimos
Eu sentia falta de Belly. Nos últimos dias tínhamos ficado pouco tempo juntas, eu não disse isso para ela pois não achava justo, ela estava feliz, estava vivendo o verão que sonhamos, mesmo que não comigo.
Ela levantou os olhos e fez uma expressão que eu já conhecia.
- O que? - Eu falei
- Eu sei que você vai dizer não, mas, por favor, pense no caso, ok? - ela disse e eu assenti. - Nicole vai dar uma festa hoje à noite, vai literalmente todo mundo, vai ser o momento perfeito para você conhecer mais pessoas, vai ser ótimo, por favor, B, por favor!! - ela exclamou colocando as mãos juntas em forma de súplica
- Nós íamos assistir filmes, lembra? uma noite tranquila pelos velhos tempos? - eu tentei
- Beatrice, você jurou que iria ser nosso melhor verão, isso significa você saindo de casa e indo comigo a festa de Nicole, está no nosso combinado.
- Ok. Mas eu não prometo ficar. - Belly me abraçou. - Melhor. Amiga. Que. Eu. Poderia. Ter. - ela disse enquanto beijava minha cabeça.

O verão que também mudou a minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora