Faíscas

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Olhei para Kylo com as mesmas roupas pretas e elegantes de sempre, mas desta vez, pareciam mais festivas de alguma maneira. O planeta da festa tinha muitas árvores e havia luzes piscando ao redor, como se fossem caminhos iluminados. Ao fundo, um grande salão com música e pessoas circulando, a grande parte com as cores da Primeira Ordem.

"O que eles estão comemorando?"

" Nada. Essas festas são para fechar negócios, vamos dizer que fortalecer as parcerias com os outros planetas que nos fornecem tudo."

Meu semblante se fecha. Como outros planetas conseguiam ser amigos da Primeira Ordem? Só pelo dinheiro, creio eu. Por isso os rebeldes lutam tanto para sobreviver e talvez seja por isso que eles nunca ganhem, que nós nunca vamos conseguir vencê-los, não sem o Kylo, talvez ele seja minha única esperança, talvez a última.

"E essas luzes nas árvores, o que são?"

" São vagalumes, quando pousarmos, irei te mostrar de perto."

A nave pousa em um local aberto, onde todas as outras estão sendo estacionadas, mas ao ver a nave de Kylo Ren, todos fazem sinal de respeito. Kylo enrola meu braço no seu e saio desajeitada com o vestido que jamais havia usado em minha vida. Todos encaram a única roupa branca que se destaca, o símbolo da resistência arrastando pelo chão. Os cochichos se iniciam.

Quem é ela? Por que está representando os Rebeldes? Será que fizeram uma aliança? Será que é a última que restou e ele a trouxe como troféu? Se for sua noiva, é um desperdício.

Respiro fundo e aperto seu braço, evitando olhar para os lados e para as pessoas ao redor. Ao entrarmos no salão, diversas pessoas continuam conversando, outras fazem reverência. Há mesas de jogos, bebidas, flertes e casais que sobem escadas dando risadas.

"O que tem lá em cima?"

"Algo mais...íntimo e aconchegante."

Sinto meu rosto corar.

"Venha, vamos lá para fora comer alguma coisa."

Kylo me mostrou as diversas comidas coloridas, doces, salgadas, azedas e até amargas. Ele quase sorria ao me ver experimentar coisas novas.

"Nossa, esse é delicioso! Meu preferido."

"É agridoce, quando é algo salgado junto ao doce que se completam."

Ele me encarava, os olhos profundos.

"Rey, eu não sei por que a força nos uniu, mas precisamos descobrir juntos o que essa ligação significa. Você precisa parar de resistir."

"Eu não estou resistindo, estou sendo leal aos meus amigos. Você ficaria comigo? Com os rebeldes?"

"Você sabe que eu não seria bem recebido lá e a nave está sob o meu comando."

"Eu larguei tudo e vim para cá, acha que fui bem recebida? Eu não vou ficar na Primeira Ordem."

Kylo ignora minha fala e oferece sua mão.

"Venha, vou te mostrar os vagalumes de perto."

Vamos até uma área vazia que há somente as árvores e os pontos de luz que voam. A floresta parece encantada e mágica. Para alguém como eu que só viu desertos a vida toda, realmente parecia algo saído de livros.

"Por que tudo é tão lindo quando estamos longe, mas se torna feio quando chegamos mais perto?" Questiono.

"Porque você vê apenas o superficial, nada é perfeito. Tudo tem seus defeitos quando é visto mais de perto, com detalhes. Por que o pensamento repentino?"

" Eu amei esse lugar, mas não é usado com uma boa finalidade. Eu...olho para as pessoas e vejo o quanto são boas, até ouvir outra opinião e conhecê-la melhor."

Kylo se aproxima e acaricia meus ombros lentamente e em um toque leve, mas não sinto a temperatura de sua pele, pois está com luvas pretas. Elas roçam em meus braços até chegar em minha mão, onde ele pega e leva até os lábios, dando um beijo.

" Á partir de hoje, você está livre, Rey."

Sinto um aperto em meu peito, algo esmagador que faz doer. Mas, livre... para que? Voltar aos rebeldes e começar tudo de novo? Ficar com ele sem suportar estar na Primeira Ordem? Voltar para Jakku? Onde é meu lugar?

Kylo olha em meus olhos e percebe que não reagi como ele esperava.

"Você...não está feliz?"

"Eu...não estava triste. Apenas, confusa."

"O que quer dizer?"

"Que eu não sei bem o que fazer com a minha liberdade. Eu vou voltar para a resistência, mas meus amigos estão decepcionados comigo e nós dois vamos continuar brigando até um de nós morrer."

"Você sabe que eu nunca tentei te matar."

"E eu nunca quis te matar."

"E você também não quer continuar comigo, então não sabe para onde ir."

" Eu gosto de ficar com você, mas não gosto da nave ou das pessoas que ficam nela."

"Não precisamos ficar com eles, podemos ter nossa própria nave."

"Ben, eu... não quero morar em uma nave fria e escura. Quero ficar em um planeta calmo, onde eu possa ter uma vida melhor do que a que tive em Jakku. Com natureza, água e... você."

Seu olhar ardeu como uma brasa e sua mão subiu para a minha nuca com firmeza e a outra acariciou minha bochecha. Mas, eu encontrei o fecho dela e a tirei, procurando pela outra luva, a retiro também, até ter suas duas mãos livres. Suas mãos enormes estavam quentes e completavam todo o lado de minhas bochechas. Eu a beijei enquanto ele acariciava meu rosto. Delicadamente, ele me empurra para trás até encostarmos em uma árvore e os vagalumes por perto. Todas as pessoas da festa estão longe de nós, estamos a sós.

"Eu quero muito te beijar agora, Rey." Ele sussurra.

" Por que está esperando tanto?"

Os lábios dele tocam os meus com força e seu cheiro me envolve no mesmo momento. Minhas mãos vão até seu cabelo e o acariciam. Eu amo os fios macios e como eles caem pelo seu rosto. Ben é tão alto que estou na ponta dos pés para conseguir ficar mais confortável e ele se inclina para passar as mãos pelo meu corpo. Sua boca chega até o meu pescoço e o arrepio se torna algo que se passa como um raio pelo corpo, logo chegando até embaixo. Ele fecha a mão em volta do meu pescoço, mas o colar grosso não permite, então ele leva as duas mãos ao fecho que tem atrás e o retira delicadamente, levando as correntes presas a ele, junto. Ele também retira o bracelete em meu braço e joga ao lado da árvore, próximo aos nossos pés.

"Quero sentir cada pedaço seu."

Eu não estava esperando, quando lentamente ele puxa as alças pelos ombros e olha para mim, pedindo permissão. Eu confirmo com a cabeça, com medo de me mexer e tudo terminar, piscar e ver que não passava de um sonho. Ele termina de descê-las e sinto meus seios arrepiarem com o frio. Ben percebe e coloca a mão sobre eles, acariciando. Ele se ajoelha e eu seguro seus braços. Ele sorri e acaricia meus braços.

"Está tudo bem, Rey."

"Por que você está se ajoelhando?"

"Vou testar uma coisa nova, tudo bem?"

Eu aceno e ele se volta para os meus seios, beijando com delicadeza e logo em seguida faz uma sucção com os lábios e eu gemo. Minhas pernas tremem e ele segura minhas coxas, enquanto respiro rapidamente e meu coração se torna tão rápido que parece que vai explodir do peito. Começo a me contorcer e ele pula para o outro, enquanto acaricio seus cabelos e baixos sons saem da minha garganta.

"Ben..."

"Me diga o que você quer, Rey."

"Eu quero..."

Eu não sabia bem o que ia dizer, mas não dá tempo. Porque eu e Ben escutamos os passos tarde demais e quando olho para o lado, Finn e Poe estão estáticos nos encarando.  

Longe das estrelas - Uma história ReyloOnde histórias criam vida. Descubra agora