CAPÍTULO 3

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Meu coração acelerou. Por um segundo, fiquei com medo dele tentar me beijar ali, naquela posição estranha.

- O Ivan tá muito bêbado - disse meio sem jeito.

- Ah... - ri amarelo - Normal.

- Então... Se ele passar mal, cuida dele pra mim? - Ivan também era muito amigo nosso. Apenas assenti com a cabeça.

Ele soltou apenas uma informação idiota sobre a festa, algo irrelevante, claramente uma desculpa por ter me chamado. 

Fiquei frustrada. Mesmo a posição sendo ruim, não reclamaria se ele me beijasse. Inclusive, era o que eu queria. Até que perguntei "inocentemente":

-Você tá com pressa para ir? 

-Para você, nunca. Pode falar, meu anjo. 

-Posso sentar aí no passageiro para te contar um negócio?

-Pode sim. - dei a volta no carro e sentei ao seu lado.

-Então… você tem alguém?

-Nossa… - soltou um riso baixo - que pergunta difícil. Ninguém especial. - (Já falei que ele é mulherengo?)

-Ok. Essa parte vai ser difícil. Você… Ainda sente algo por mim? Se for muito ruim responder, nem precisa. Sabe, é só por curiosidade…- falei gaguejando de nervoso.

-Sim. Sinto muito sua falta. Nunca senti isso por ninguém em toda a minha vida.

-Uau… Esperava algo menos... intenso… - falei com uma risada curta de alívio. - Então… se eu te beijasse agora, você não esquivaria. Né?

-Jamais.

E sim. Isso aconteceu. Ali iniciamos um beijo maravilhoso e cheio de saudade. Seus dedos se embaraçam no meu cabelo enquanto eu apoiava a mão por dentro de sua camiseta.

- Puta que pariu... - gemi quando ele apertou a minha cocha com vontade.

-Que saudade - reagiu.

Desejei tanto isso. Queria levar isso adiante. Mas como meu irmão estava na mesma festa que a gente e sabia de tudo que já tinha rolado, parei o beijo quando o ouvi cantarolando por perto. Desci do carro e fiquei escorada na janela apenas fingindo uma conversa comum.

Eu tremia de nervoso. Aquilo era tão bom, mas depois de tudo o que aconteceu era muito errado. A situação se passou, e ele foi embora. Na hora fui até Evie contar tudinho. Ela me fez várias perguntas, dentre elas uma que me fez questionar um pouco tudo isso:

-Ai que lindos vocês. Mas assim… como vai fazer agora?

-Em que sentido? - indaguei

-Ué. Vai ficar com Apolo ou vai ficar com Adônis? Pretende namorar algum deles? Como vai administrar a atenção que vai dar para eles sem que eles se sintam ofendidos com a presença um do outro? 

- Nada que um ménage não resolva. - Falei tentando tornar tudo uma grande piada, mas Evie me encarou seria.

Ela tinha muita razão. Eu não podia foder com o emocional deles em prol do meu tesão.

-Não sei. Acho que vou deixar um escondido do outro até que eu resolva… talvez dê certo.

-Vai dar merda isso…

-Não vai. - Vai sim, ela sempre acerta - vai ser algo temporário, afinal não posso escolher assim, às cegas.

-Conte comigo, mas acho que não vai durar muito. Se resolve logo com isso. 

-Pode deixar. Vamos voltar para a festa? Adônis tá chegando aqui.

-Você o chamou?

-Óbvio. Apolo me deu fogo, agora alguém tem que apagar!

Um conto de fadas, sem fadas.Onde histórias criam vida. Descubra agora