Meu coração acelerou. Por um segundo, fiquei com medo dele tentar me beijar ali, naquela posição estranha.
- O Ivan tá muito bêbado - disse meio sem jeito.
- Ah... - ri amarelo - Normal.
- Então... Se ele passar mal, cuida dele pra mim? - Ivan também era muito amigo nosso. Apenas assenti com a cabeça.
Ele soltou apenas uma informação idiota sobre a festa, algo irrelevante, claramente uma desculpa por ter me chamado.
Fiquei frustrada. Mesmo a posição sendo ruim, não reclamaria se ele me beijasse. Inclusive, era o que eu queria. Até que perguntei "inocentemente":
-Você tá com pressa para ir?
-Para você, nunca. Pode falar, meu anjo.
-Posso sentar aí no passageiro para te contar um negócio?
-Pode sim. - dei a volta no carro e sentei ao seu lado.
-Então… você tem alguém?
-Nossa… - soltou um riso baixo - que pergunta difícil. Ninguém especial. - (Já falei que ele é mulherengo?)
-Ok. Essa parte vai ser difícil. Você… Ainda sente algo por mim? Se for muito ruim responder, nem precisa. Sabe, é só por curiosidade…- falei gaguejando de nervoso.
-Sim. Sinto muito sua falta. Nunca senti isso por ninguém em toda a minha vida.
-Uau… Esperava algo menos... intenso… - falei com uma risada curta de alívio. - Então… se eu te beijasse agora, você não esquivaria. Né?
-Jamais.
E sim. Isso aconteceu. Ali iniciamos um beijo maravilhoso e cheio de saudade. Seus dedos se embaraçam no meu cabelo enquanto eu apoiava a mão por dentro de sua camiseta.
- Puta que pariu... - gemi quando ele apertou a minha cocha com vontade.
-Que saudade - reagiu.
Desejei tanto isso. Queria levar isso adiante. Mas como meu irmão estava na mesma festa que a gente e sabia de tudo que já tinha rolado, parei o beijo quando o ouvi cantarolando por perto. Desci do carro e fiquei escorada na janela apenas fingindo uma conversa comum.
Eu tremia de nervoso. Aquilo era tão bom, mas depois de tudo o que aconteceu era muito errado. A situação se passou, e ele foi embora. Na hora fui até Evie contar tudinho. Ela me fez várias perguntas, dentre elas uma que me fez questionar um pouco tudo isso:
-Ai que lindos vocês. Mas assim… como vai fazer agora?
-Em que sentido? - indaguei
-Ué. Vai ficar com Apolo ou vai ficar com Adônis? Pretende namorar algum deles? Como vai administrar a atenção que vai dar para eles sem que eles se sintam ofendidos com a presença um do outro?
- Nada que um ménage não resolva. - Falei tentando tornar tudo uma grande piada, mas Evie me encarou seria.
Ela tinha muita razão. Eu não podia foder com o emocional deles em prol do meu tesão.
-Não sei. Acho que vou deixar um escondido do outro até que eu resolva… talvez dê certo.
-Vai dar merda isso…
-Não vai. - Vai sim, ela sempre acerta - vai ser algo temporário, afinal não posso escolher assim, às cegas.
-Conte comigo, mas acho que não vai durar muito. Se resolve logo com isso.
-Pode deixar. Vamos voltar para a festa? Adônis tá chegando aqui.
-Você o chamou?
-Óbvio. Apolo me deu fogo, agora alguém tem que apagar!
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Um conto de fadas, sem fadas.
RomanceMégara se encontra dividida de amor entre uma história antiga e uma novidade. Apolo e Adônis competem a atenção da grota que ama viver o agora. (História parcialmente baseada em fatos reais.)