Capítulo 05 - Noite quase perfeita

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Anna

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Anna

Uma paixão antiga estava renascendo com toda a força dentro de mim. Cantar sempre foi algo especial, mesmo nunca tendo me visto seguindo por esse caminho como carreira. Porém as coisas mudaram muito depois que fui adotada. Meus pais incentivavam com muita ênfase o aprendizado de coisas como administração, finanças, gestão de empresas e tudo nesse sentido, dessa forma, com cursos e mais cursos que eles me instruíam a fazer, minha voz foi literalmente se calando pra seguir a vontade deles. Até Dave aparecer e, sem querer, começar a acordar essa paixão dentro de mim.

Cantar para um plateia nas audições do colégio foi a experiência mais fantástica que já vivi. Da mesma forma que está sendo agora, no palco do boliche, prestes a cantar "Rewhite the stars - Anne Marie e James Arthur", com Dave, só que desta vez, pra uma plateia bem maior.

*sugestão: dê play no vídeo no início do capítulo*

Já nas primeiras palavras cantadas por Dave, as pessoas que pareciam nem ter nos notado naquele palco ainda, começam a se virar pouco a pouco para nos assistir. Dave me encara no mesmo momento, sem disfarçar nem um pouco o "eu avisei" que sei que está passando por sua cabeça.

Mesmo assim ele continua, mas seus olhos arregalados e seu corpo petrificado deixam claro o quanto ele está tenso. Estico meu braço e seguro sua mão, virando ele de frente para mim.

— Olha só pra mim. — sussurro e, aos poucos, sinto o corpo e a expressão dele relaxarem um pouco mais, enquanto me encara e juntamos nossas mãos. Agora, a maioria das pessoas no estabelecimento já se aproximaram do palco e nos observam atentas, fazendo comentários umas com as outras de vez em quando. Positivos, eu espero.

Logo, um sorriso de canto aparece em sua boca. Sorrio de volta e sussurro uma parte do refrão da música junto com ele enquanto não chega a minha vez de cantar. Como mágica, toda a timidez nos abandona e a sensação que sentimos é que estamos somente os dois ali, presos àquela canção, sem dar importância a mais ninguém. Sinto meu coração acelerar. Nunca imaginei que isso poderia estar acontecendo. Nunca. Nem mesmo em sonhos.

Por um momento, olho para Dave e enxergo o mesmo garoto com quem fiz amizade de primeira no orfanato. Talvez o único amigo de verdade que eu tenha tido na vida. Que fez os meus dias no orfanato se tornarem tão memoráveis e, por mais difícil que fosse, felizes. Apesar de agora estar tão diferente, seus olhos claros e verdadeiros, às vezes misteriosos, ainda são os mesmos. Os mesmos em que eu jamais achei que olharia novamente, depois do adeus mais difícil da minha vida.

Quando começo a cantar, sem tirar meus olhos dos dele, tudo parece mais fácil. Me sinto leve e se um dia parar de cantar foi uma realidade, hoje sinto como se não existisse a menor possibilidade disso acontecer. Quando a plateia começa a acompanhar o ritmo da música com palmas, alguns gritarem um "uhuul" aqui e outros assobiarem ali, percebo que a emoção já deixou de ser somente de Dave e minha.

Quando te conheci (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora