Dave
Desde a noite em que Anna e eu cantamos no boliche, não conseguia parar de me perguntar o porque dela ter sumido daquele jeito. Agora, depois de conseguirmos conversar, muita coisa foi explicada e eu tenho que dizer que acho um exagero a reação dos pais dela com relação a tudo, mas principalmente ao fato dela gostar de cantar. Não entra na minha cabeça o que pode haver de mal nisso. Aliás, eles deveriam se orgulhar. Mas, enfim, de nada importa minha opinião, principalmente levando em conta o ódio grátis que percebi que eles sentem por mim.
Pra ser sincero, eu já imaginava. Desde o dia em que os conheci, quando eram apenas mais um casal procurando por um filho em um dos tanto orfanatos de Phoenix, eles me olharam exatamente do mesmo jeito que olharam hoje. Com desprezo. Há sete anos atrás, eu soube naquele momento que eu não seria o filho escolhido por eles, pelo contrário, eles pareceram até ofendidos por as freiras terem me apresentado como um candidato. Na época, eu não entendi, mas hoje, eu tenho algumas suspeitas.
Com Anna sem celular, não tem nenhuma forma de saber como as coisas estão depois do flagra que os pais dela deram na gente hoje na saída do colégio. De mãos atadas, não me resta outra alternativa a não ser esperar até amanhã para nos falarmos na escola. O pior é aguentar essa sensação ruim que estou sentindo. Como se realmente algo ruim estivesse acontecendo.
Deitado em minha cama, faço um esforço para afastar esses pensamentos, mas de nada adianta. Me levanto, depois de ter feito todo o dever de casa, e saio do quarto na esperança de encontrar uma forma de me distrair. Desço as escadas e vejo Emma encostada em uma das grandes janelas da sala que dão para a frente da mansão, segurando seu celular e sorrindo como uma boba. Me aproximo devagar.
— Com quem está falando? — pergunto, fazendo ela saltitar com o susto e desligar o visor do celular no instante seguinte.
— Com ninguém, ué. Você me assustou! — reclama, nitidamente para esconder o nervosismo. Depois de colocar o celular no bolso, leva as duas mãos ao cabelo, colocando mechas de ambos os lados atrás das orelhas e caminha até o sofá, onde se senta.
— E do que você estava rindo? — insisto, me jogando no sofá em frente.
— Eu não estava rindo. — ela nega.
— Estava sim. Sorrindo igual uma boba. — acuso e ela permanece em silêncio. — Aaah já sei! — exclamo, depois de um estalo mental que chego ao analisar sua reação estranha. — É algum namoradinho! — arrisco, convicto.
— Não seja bobo. Eu não tenho nenhum namoradinho. — diz, zangada. — Eu estava comprando uma bolsa nova que eu queria muito. Só isso. — explica, mas não acredito nem um pouco.
— Sei. Vamos fingir que era isso. — digo, por fim.
— Porque você não vai amolar outra pessoa? Sua amiguinha por exemplo. — ela diz, com desdém.
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Quando te conheci (CONCLUÍDO)
Storie d'amoreLivro III da série "Meu primeiro amor". Não é necessário ler os dois anteriores para entender este. ¥ Sete anos se passaram e o nosso casal, Anelyn e Nicolas, enfrentam uma luta ferrenha para conseguir gerar um filho. Um filho que carregue o sangue...