- Merda. - Stede praguejou.
Os dois se ocuparam em abotoar as calças o mais rápido possível. Ed já buscando as camisas deles na areia e sacolejando as peças pra tirar a areia grudada.
- Você não disse que seria um ménage. - Ed brincou numa tentativa de melhorar o humor do loiro. Não deu certo. Ele recebeu uma carranca em resposta.
Desengonçado como sempre, Stede tentou sair de cima de Ed e ficar de pé, mas suas pernas estavam tão fracas que ele acabou tropeçando e caindo sentado na areia. Como se não bastasse, olhou pra baixo e percebeu que havia vestido a camisa ao contrário. Xingou a si mesmo mentalmente. Foda-se, agora já era tarde.
Enquanto isso, Ed estava tentando tirar a areia do seu casaco quando viu uma mulher e um homem se aproximarem. A mulher tinha os cabelos amarrados meio bagunçados, usava um vestido longo recatado, mas meio massado, e andava a passos firmes na direção deles. O homem vinha um pouco mais atrás, mais contido. Parecia quase tímido.
- O que você está fazendo aqui, Stede? - a mulher questionou. Não parecia exatamente furiosa, Ed pensou, apenas nervosa. No entanto, sua voz alta e sua postura ereta lhe davam um certo ar de autoridade.
- Mary, eu posso explicar... - disse Stede, apressado.
O loiro se pôs de joelhos ainda sentindo as pernas fracas, agora sem saber se era por causa do orgasmo ou da pressão baixa. Buscou dentro de si algum resquício de dignidade para olhar Mary nos olhos, mas não encontrou.
- Não sei se quero saber, pra falar a verdade. - Ela alternou o olhar entre ele e Ed, e cruzou os braços. - Quem é ele?
Ed deu um pequeno aceno com a mão para ela. Stede suspirou de frustração, seu rosto se tornando corado.
- Mary, esse é Edward. - Seu tom de voz era tão derrotado que chegava a ser penoso de ouvir. - Ed, Mary. Minha noiva.
Os olhos arregalados do moreno se voltaram para ela. Uma mistura de espanto e divertimento tomou o rosto dele. Ed sabia que deveria estar se sentindo mal, eles haviam sido pegues no flagra, afinal, só que ele não conseguia deixar de se divertir com aquela situação. Não por causa da desgraça de Stede, óbvio. Odiava a posição de humilhação que o loiro se encontrava, deixava ele com um pouco de raiva até.
Estava se divertindo, na verdade, com algumas informações que Stede não estava enxergando e que estavam bem ali, na cara deles.
- Muito prazer, milady. - Educação sempre em primeiro lugar. Ed então olhou para o homem parado à alguns passos dela e acenou com a cabeça. - E aí, Doug? Como vai? Ainda pintando?
O rosto de Doug ficou alguns tons mais rosa quando Mary lhe dirigiu um olhar questionador. Stede, ainda ajoelhado na areia, parecia tão confuso quanto ela.
- Er... sim! - O homem sorriu, sem jeito, coçando a cabeça. - Ensinando e pintando. É isso o que eu faço.
- Que maravilha. - O olhar de Ed se tornou afiado e um sorriso esperto se abriu no seu rosto. - A sua bela dama gostou do presente que você deu a ela? – Não esperou pela resposta. – Espero que sim, aquele quadro é uma verdadeira relíquia. Os italianos deviam proteger melhor seus navios. Foi tão fácil de pegar emprestado.
O olhar que Doug trocou com Mary durou menos de um segundo, mas Ed percebeu. E não ficou nem um pouco surpreso quando viu o rosto da mulher se iluminar; sua boca não sorria, mas seus olhos sim. Como ele suspeitava.
- Sim, sim, ela adorou. - Doug colocou as mãos nos bolsos numa tentativa se parecer casual, fingindo indiferença, mas que só fez ele parecer ainda menor.