Andando totalmente alheio a aqueles que passavam pelo corredor, movimentava apenas o corpo vez ou outra por puro reflexo para desviar de algum dos alunos que corriam afoitos para chegar ao refeitório, mas sem nunca interromper a constante linha de raciocínio do porquê de certos acontecimentos, ou melhor, o que levava certas coisas acontecerem.Porque ser formos pensar, nós seres humanos não temos controle sobre nada. Por exemplo, a vida é uma história e fingimos que somos autores dela, quando na verdade não somos.
Até nossos corpos não passam de colônias para bactérias e mesmo assim nós nos enganos e preferimos realmente acreditar que temos poder de escolher sim.
E que as velharias que guardamos por segundo nos, sermos apegados a coisas antigas, não passam apenas de puro e legítimo egoísmo, por sermos materialistas.
Eu sou assim, faço parte disto.
Tapeio a mim mesmo, e me faço acreditar que os objetos que guardo estão onde estão por
simplesmente não consegui me desfazer deles e que se fizesse isto estaria jogando parte da minha vida em uma grande lixeira.Sei que falam que o lixo de uns e o tesouro de outros, mas ainda sendo o "autor" das minhas ações, antevejo que ninguém nunca dará o valor merecido, e é por isto que ainda os tenho guardado.
Parando em frente ao meu velho e desgastado armário cinza adornado por diversas figurinhas, e frases – esse objeto será algo que terei que deixar para trás –, seguro o pequeno cadeado que o mantém trancado e faço a combinação que sei de cor para finalmente ver os meus costumeiros livros; as latas de tintas spray meio vazias que guardo para usar futuramente; o moletom do Harry Potter que sei que nunca mais usarei; é uma nota de um dólar que ganhei quando tinha entrado para o primeiro ano. Mas, não era só aquilo que estava lá dentro, e nada me preparou para o papel vermelho que caiu por cima dos meus tênis surrados.
Entendeu quando disse sobre não termos controle sobre nada agora?
Colocando tudo que preciso dentro da mochila, pego a carta do chão, e faço o meu rotineiro caminho até as arquibancadas do campo de futebol americano.
Desde que entrei para Ashley, esse lugar entre todos foi o meu preferido e no dia que passei no teste do time, ele se tornou o meu santuário.
Pode parece pouca coisa ser um dos jogares para alguns, mas naquela época eu era calouro, então quando o treinador disse que eu havia sido escalado, o sonho que cultivava desde os cinco anos havia se realidade, é isso era tudo que importava naquele momento.
Largando a minha velha mochila sobre os degraus um pouco abaixo da onde estou, puxo a carta do bolso e finalmente a abro.
"Muschalgia (s.f)
1. Nome dado pro sentimento de descobrir o nome daquela musica que a gente sabe que adora, mas não sabe de quem é.
2. A definição da primeira vez que o vi.Você já teve a sensação genuína de conhecer uma canção tão bem, como se ela fosse feita para você, mas até aquele momento estivesse perdida em meio a uma cacofonia de outros sons?
Foi assim, desde quando te vi passando pela primeira vez pelos corredores da Ashley. Senti que você era uma melodia esquecida e que por muito tempo deixei de escutar por não lembrar a quem ela pertencia.
O que é no mínimo bem estranho porque até aquele momento não sabia quem você era, Jake. Se alguém me perguntasse quem era Jake Danveport, ao menos saberia apontar a pessoa que respondia por esse nome, mas, isso mudou, eu sei quem você é agora, mas não sei quem é você.
E por causa de uma simples troca de letra houve uma alteração gigantesca na semântica dessa frase, é e por isto que estou aqui escrevendo essa carta.
Sabe, eu verdadeiramente não acredito que você seja apenas o típico garoto popular que é bonito desde quando se entende por gente e que carrega consigo o fardo de grandes olhos azuis, além, da posição honrosa de capitão do time, ou tinha.
Espero verdadeiramente que não Jake, porque se não nosso relacionamento será mais parecido como aqueles descritos em livros clichê. E basicamente todos eles têm
tendência ao fracasso.E sinceramente com todas as partes do meu coração espero que a nossa história não tenha um final."
– Com amor, a.
Olhando fixamente para o papel em minhas mãos ainda estupefato, tenho um sobressalto quando o barulho do fim do intervalo soa me avisando que devo ir para aula, mas eu não me movo, tudo que faço é encarar a carta.
Babe's, espero que você tenham gostado do primeiro capítulo de To the boy i've always loved.
Confesso que esse livro faz parte do meu coração a um bom tempo e que ele estava esquecido em rascunhos. E que recentemente o encontrei e quis compartilhado com vocês.
Então, aqui estamos.
Venham embarcar nessa nova história, conhecer novos personagens e se perguntar: what would you do if you received letters?
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always been here
RomanceCada uma dessas cartas foram feitas para você. Todas elas sem exceção alguma falam sobre nós, ou melhor, elas falam dos sentimentos que tenho por você, Jake. Copyright © 2019 Alyssa Balkan.