𝘝𝘰𝘤ê 𝘥𝘦 𝘯𝘰𝘷𝘰?

372 48 38
                                    

Pov Kate

Sentei-me nos bastidores, na sequência caótica do leilão. Minha mente ainda estava se recuperando dos eventos. Os últimos noventa minutos foram bastante confusos. O prognóstico é positivo, mas o custo para mim é bastante elevado: minha dignidade.

No último minuto, uma das garotas que participaria do evento como uma "acompanhante" a ser leiloada para um encontro ficou doente. O problema é que não havia ninguém disposta a substituí-la, e os programas já estavam impressos com um número preestabelecidos de moças. Eu pedi, implorei e até tentei subornar todos os membros de nossa equipe para que assumissem o papel. Falei com todos que não eram indispensáveis para manter o leilão seguindo; os que sobraram eram casados ou estavam em um relacionamento sério com alguém.

Todos, exceto eu.

Eu choraminguei, bajulei e até pedi de joelhos, mas, em uma virada irônica bastante apreciada por vários membros da equipe, acabei me transformando no lote número 22 do leilão. Engoli meu orgulho e aceitei a situação, sacrificando-me pelo grupo. Durante todo o tempo, senti que algo estava errado naquela história, mas não havia o que fazer.

E acreditem, detestei cada minuto estúpido daquela situação! Desde a apresentação, ao melhor estilo Miss Universo, até o desfile na passarela; dos assobios da plateia até os tediosos lances dos potenciais arrematadores. As luzes eram tão fortes que eu sequer conseguia visualizar o público, via apenas o contorno das pessoas. Meu tempo sob os holofotes foi marcado por puro embaraço, pelo batimento cardíaco acelerado e pelo medo de que o suor provocado pelo calor das luzes deixasse marcas no vestido, debaixo dos braços.

Tenho certeza de que, se estivesse fora do palco, acharia todos os comentários do leiloeiro divertidos, a participação da plateia adorável e os movimentos estúpidos e forçados de algumas participantes que tentavam elevar o valor dos lances bem engraçados. Eu teria assistido o volume total das contribuições aumentar e teria ficado orgulhosa de minha equipe pelo resultado fantástico.

Porém, em vez disso, estava sentada nos bastidores do palco, respirando fundo e tentando compreender o que diabos tinha acontecido.

- Chegou a hora, Kate! - avisou MJ, ao abrir caminho entre as demais 24 participantes que, voluntariamente, tinham se inscrito para o leilão. Todas já deixando o palco e reunindo os presentinhos que oferecemos a elas em agradecimento pela colaboração.

Encaro-a, minha irritação é evidente. Ela abre um grande sorriso e me dá um forte abraço não retribuído. Estou muito mais que furiosa; estou completamente puta. Afinal, que bosta de noite foi aquela! Primeiro, eu me tranco em uma sala minúscula, depois, caio na lista de conquistas da Ace e, finalmente, tenho de encarar a humilhação de ser comprada como um pedaço de carne pendurado em um açougue.

Não consigo acreditar na frivolidade das mulheres ao meu redor, que conversam animadíssimas sobre seus minutos de fama sob os holofotes e se gabam do valor pelo qual foram arrematadas. Estou grata pela participação delas e empolgada pelo resultado final, mas absolutamente perplexa pelo entusiasmo delas.

- Aquilo foi horrível! - choraminguei, balançando a cabeça sem acreditar enquanto MJ ria de maneira infantil, como se estivesse esfregando uma ferida aberta. Para ser honesta, ainda não faço ideia do valor do lance vencedor; estava ocupada demais ouvindo as batidas aceleradas do meu coração.

Dizer que meu ego não queria saber quanto era o valor não seria totalmente verdade. Mesmo tendo detestado tudo aquilo, que mulher não gostaria de saber que alguém a considera tão valiosa que até pagou para ter um encontro com ela? Especialmente depois da experiência que tive anteriormente naquela noite.

𝙍𝙐𝙉𝙉𝙄𝙉𝙂: 𝘼𝙢𝙤𝙧 𝙖 𝙏𝙤𝙙𝙖 𝙑𝙚𝙡𝙤𝙘𝙞𝙙𝙖𝙙𝙚 - [𝘒𝘢𝘵𝘦𝘭𝘦𝘯𝘢]Onde histórias criam vida. Descubra agora