Capítulo - 15

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RAFA

Tem momentos que eu só queria contar a verdade para as pessoas, não para meu pai, pois sei que ele nunca iria me entender, mas pelo menos para meus amigos, o Erick então... mas será mesmo que eles vão me aceitar? Tenho medo que o Erick se sinta traído, ainda mais que já tive tantas chances de falar com ele e nunca consegui, diferente de muitos que já me perguntaram várias vezes se eu sou ou não gay, o Erick nunca mencionou o assunto e sempre que comentavam sobre mim, ele ignorava.

Hoje, eu sei que tenho mais uma chance, mas não sei...

_ O Rafa, o Erick chegou, ele vai dormir aqui hoje? Ou vocês vão sair para azarar? - meu pai está parado na porta e me tira dos meus pensamentos. Fim de sexta e obviamente para meu pai hoje é dia de sair para "azarar" como ele mesmo sempre disse, mas não. O Erick vai dormir aqui, combinamos de ficar de bobeira hoje, a Beca vai ter um jantar de família então não vai vir e meu irmão vai sair com os amigos.

_ Não vamos sair hoje, vamos ficar aqui de bobeira só, pai.

_ Na sua idade eu ia pra rua, lembro que o pai do Erick também ia, ele era um pouco mais velho, agora vocês vão ficar em casa? Que isso! Se já tivesse namorando, aí ainda ia, mas, nem seu irmão que está pegando a Beca vai ficar, passei pelo quarto dele e ele tá se arrumando. Você é homem, precisa agir como um. Se não, daqui a pouco vão estar comentando de novo. E você sabe que...

_ Pai, não era o Erick lá embaixo não. Era uma moça te procurando. - diz meu irmão que aparece na porta do quarto ainda sem camisa.

_ Então é a Luisa combinamos de sair hoje meninos, então não me esperem acordados e a gente ainda não terminou a conversa hein, Rafa.

_ Pai, o Rafa me falou que não ia sair hoje, porque amanhã vai na festa da minha turma, você sabe a tradicional festa de boas vindas dos veteranos.

_ Tinha me esquecido, amanhã você vai passar o rodo filhão. E você, Rodrigo, vai terminar de se arrumar. Como você abre a porta assim? Eu passei pelo seu quarto e te avisei que era pra você por uma blusa antes de atender a campainha.

Rodrigo assente e meu pai se vira. Ouvimos a porta se fechando em minutos, meu velho vai sair com mais uma mulher, já virou rotina isso acontecer nesses últimos anos.

_ Obrigado por salvar com o pai, mas você sabe que não vou ir na festa amanhã.

_ Rafa, você vai, você sabe como o pai é. E é melhor você ir antes que ele implique com você e o Erick aqui sempre sozinhos.

_ Você sempre fica com seus amigos e ele nunca implica, mas comigo sempre isso. Eu odeio minha vida, eu odeio ouvir as coisas que falam de mim, eu odeio a forma que me olham, eu sei que te envergonho também, eu odeio ser gay. - tampo minha boca, eu falei alto e meu irmão me encara parado no parapeito da porta.

Meu irmão fica parado e eu não sei onde enfiar a cara, o que eu disse? O que eu disse alto? Sinto que vou chorar e não sei o que fazer.

_ Rafa... - ouvimos a campainha tocar e meu irmão se vira para descer e abrir. Eu cubro meu rosto com as mãos. Eu disse e agora não tem mais volta. Não era assim que eu esperava me assumir, não era assim que eu esperava contar para alguém, ainda mais o meu irmão.

_ Valeu, Rodrigo. - ouço Erick dizendo antes de entrar pela porta do meu quarto, meu irmão passa direto e não o vejo.

Erick entra e se senta na cama onde estou ainda com um travesseiro no rosto. O que eu fiz? O bom do meu amigo é que ele sabe quando algo acontece comigo e não me força a falar nada.

_ Vocês dois juízo hein, vou indo e só devo chegar bem tarde. Rafa não tranca a porta em cima, se não nem o pai nem eu conseguimos entrar e tranquem a porta, vocês sabem que se o pai chegar bêbado ele vai entrando na primeira porta aberta e desmaia.

Confissões, Amores e Descobertas: A História de Rafael (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora