Capítulo - 58

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MARCELO

Minha vida acabou, não consigo trabalhar mais, meus colegas de trabalho todos pegam no meu pé, mas não é para menos, logo eu o cara mais macho da cidade tinha que ter um filho que é uma vergonha. Uma frutinha. Todos do trabalham comentam, todos da rua me olham torto. Até aqui no bar, isso tudo por culpa do Rafael. Se eu pudesse, eu mesmo o mataria, mas agora ele vive sendo observado e protegido.

Saio do bar, já está tarde. Não quero ir para casa, chegar lá e aguentar o mau humor do Rodrigo, tudo porque expulsei a bicha do irmão dele de casa, que por sinal é a minha casa. Quero que ele também suma. Só desgosto. Até a puta que eu estava comendo reclamou que esses dias eu não estava dando conta, eu??? Mandei ela pra merda, minha vontade....

Viro a rua e não acredito no que vejo, Rafael está correndo e entrando na escola. Ele está sozinho e eu o sigo, minha cabeça está meio zonza, mas nada que eu não esteja acostumado. Não posso perder essa chance. Entro atrás dele e me escondo, o segurança é tão burro que nem nota. Eu sempre falei isso nas reuniões que era perda de tempo bancar um segurança aqui, mas enfim.

A chuva não para e isso me deixa um pouco sem enxergar direito. Se eu soubesse que iria ver Rafael hoje não teria bebido desde cedo, mas eu não aguentava mais o serviço e nem mesmo o choramingo do Rodrigo sobre eu pagar a escola para a fruta do irmão dele.

Ele subiu o prédio antigo, eu lembro dele, na época da escola levei várias colegas para aquele lugar e fiz muitas tremerem só com o meu toque. Modesta parte sempre soube fazer uma mulher ir ao delírio. Sigo Rafa e vejo quando ele abre a porta do terraço.

Passo sem fazer barulho e lá está ele na beirada, ele não atende o celular que toca e eu sei que ele me deu a chance da minha vida. Ninguém vai saber que estive aqui, todos vão pensar que ele pulou e pronto. Ele quer isso mesmo, ele está aqui para isso, ele quer morrer, eu posso ajudá-lo. Eu posso me ajudar. Sem ele vivo acabou os perigos, os comentários e acabou o ódio que carrego.

Rafael se vira e me vê, sua cara de espanto é maravilhosa. Me aproximo cada vez mais.

_ Eu posso te ajudar no que você quer. Seu bastardo, sua abominação. Você vai morrer e queimar no inferno. Mande notícias para aquela puta da sua mãe e para seu verdadeiro pai, aquele pedreiro de quinta que sua mãe me traiu.

Os olhos dele se arregalaram e eu sorrio. Sim, eu guardei esse segredo porque ninguém da cidade podia saber. Eu tenho um nome e sempre cuidei disso. Eu assumi esse bastardo, mas não esperava que a vadia fosse morrer. Eu queria ela viva para me ver fazer da vida do Rafael um inferno, mas aí ela se foi e eu fiquei quieto, se eu soubesse que ele seria uma fruta eu mesmo o teria matado ainda novo, como fiz com o pai dele.

_ Voc....

_ Não estou mentindo, seu viadinho. - coloco minhas mãos nele e o empurro, ele está perto. Vai ser fácil.

_ Me larga, eu não... - Rafael me empurra, raios cortam o céu e eu sei que só um vai sair daqui hoje...

Confissões, Amores e Descobertas: A História de Rafael (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora