Capítulo - 24

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MATHEUS

Que noite, é isso, mas eu sei que algo em mim mudou, o beijo, a minha preocupação com o Rafa e até mesmo uma sensação estranha quando vi o Erick com o Rafa hoje, não sei parece que algo mudou entre eles e isso me incomodou. Fui encontrar com minha avó e voltei em silêncio, sei que ela percebeu, mas não comentou e eu agradeço muito por isso. O Bruno ainda não me respondeu e eu nem me surpreendo, é domingo e o bonito do meu amigo só levanta na hora do almoço.

Tomo um banho demorado, preciso pensar e nada melhor de pensar durante o banho, a água batendo no meu rosto e eu tento entender o motivo de tudo nestes dias aqui, desde o começo das aulas já aconteceu tanta coisa que não consigo acreditar, mesmo tentando esquecer tudo que me aconteceu e me adaptar é complicado.

Saio do banho e minha avó já está com o almoço pronto, almoçamos em silêncio e ela avisa que a cozinha é minha e eu dou risada, já sei onde minha mãe puxou a mesma frase.

_ Meu neto, a festa ontem foi boa? Você está com uma carinha.

_ Foi sim, só cansaço, dormir na casa do Rodrigo, mas a senhora sabe que não durmo bem fora de casa, então não descansei muito.

_ Então tá bom, mas se precisar conversar, só me falar hein. - minha avó saí da cozinha e ouço quando a porta do seu quarto se fecha. Termino de arrumar a cozinha e sigo para o quarto, eu só quero descansar um pouco.

Olho para o celular que deixei na cama e vejo uma mensagem na tela, não é do Bruno, mas do Rafa. Um simples oi e eu sorrio.

MATHEUS
Oi, achei que ia desmaiar o dia todo depois de ontem.

                                                                       RAFA
Nada, depois que você saiu, o Erick também desceu e o Rodrigo mal tinha saído do banho e o pai chegou, terminamos de almoçar agora e o Rodrigo disse que arrumava a cozinha então tô aqui deitado. Mas eu mandei mensagem, porque quero conversar com você, sobre o que rolou eu...

Noto que o type do texto para e eu também quero conversar com ele, eu também quero, mas não por aqui.

MATHEUS
Rafa, eu quero conversar com você também, mas não por aqui, o que você acha de vir aqui em casa? Se quiser te encontro aí na sua casa e descemos.

Espero que ele tope, quero muito ouvir o que ele tem a dizer, mas também quero falar.

                                                                       RAFA
Eu vou, mas você me encontra? Pode parecer zoeira, mas eu não tenho costume de sair sozinho assim, ainda mais domingo que a cidade sempre está vazia. A gente pode combinar na porta da escola, acho que é metade do caminho para nós dois. Que horas?

Isso, ele anima é óbvio que eu encontro com ele, Rafa parece que já passou muito mais do que está contando.

MATHEUS
Que tal agora?

                                                                       RAFA
Tudo bem, vou só trocar e desço. Te espero lá. E Matheus eu já adianto, desculpa por ontem.

Levanto correndo e bato na porta da minha avó, ela não responde e eu abro devagar, ela está dormindo e escrevo no caderninho que ela tem ao lado da cama um aviso que vou sair, mas que volto logo com visita. Uma coisa que aprendi com ela é que tudo bem sair, mas sempre deixar um aviso. É nosso combinado desde que vir morar aqui, mesmo que só agora eu comece a voltar a sair.

Desço a rua e espero ele, o Rafa aponta no início da rua, mas não vem sozinho, Rodrigo está ao lado dele e eu fico sem jeito. Não acho que ele contou o que rolou para o irmão, mas não sei como me portar.

_ E aí fera, meu irmão disse que ia te encontrar e aproveitei para sair, vou na casa da Beca. Mas aqui você leva ele em casa ou me avisa que encontro com ele?

_ Não precisa, já disse, Rodrigo, eu volto sozinho. Você vai tá com a Beca e fazer o Matheus me levar em casa...

Eu lembro que foi ele que pediu para encontrá-lo, então quer dizer que o Rafa não quer que o irmão saiba disso.

_ Matheus, não ouvi meu irmão, ele não tem costume nenhum de ficar saindo sozinho e depois de ontem eu prefiro evitar.

_ Mass...

_ Eu volto com ele, relaxa, Rodrigo. - interfiro, pois sei bem que isso vai acabar em briga de irmão.

Rodrigo se despede da gente e sigo com Rafa.

_ Só não repara, porque a casa de vó é muito simples. - digo, pois depois de ir na casa dele sei bem que ele tem uma condição boa de vida.

_ Relaxa, não ligo pra isso, você nunca encontrou no meu quarto, né? Lá só tem livros, o resto é tudo simples mesmo. Meu quarto até destoa um pouco da casa.

Sorrio para ele, e Rafa cora ficando sem jeito, seguimos o resto do caminho em silêncio.

_ Entra em silêncio, minha avó está dormindo, meu quarto é a segunda porta à esquerda, vamos pra lá. - digo, pois não quero acordá-la. Rafa me segue e fecho a porta do quarto e o encaro.

_ Rafa... - começo a dizer, mas ele balança a cabeça. Tento me aproximar dele, uma vez que ele está perto da minha cama, mas ele não me olha mais e eu paro.

_ Eu... eu... me desculpa, eu não deveria ter te beijado, eu não deveria ter feito o que fiz, mas é que...

_ Ei, olha pra mim - digo segurando o seu rosto. _ Não precisa me pedir desculpa, você gosta de mim, é isso? - pergunto, pois é algo que eu preciso saber.

_ Sim, eu gosto, eu não queria gostar, mas desde que vi você pela primeira vez eu senti algo diferente. E eu não queria, mas, eu quero te beijar de novo, eu...

Encaro Rafa, nossos olhos se encontram e meu corpo treme. Aproximo mais dele e suas mãos esbarram nas minhas pernas. Me aproximo mais e Rafa fica colado em mim, nossos corpos estão muito próximos. Rafa dá um passo para trás e acaba caindo na minha cama me olhando. Eu não sei o que fazer, eu me sinto diferente, mas e se eu...

_ Matheus, eu...

Fecho meus olhos e tomo a minha decisão...

Confissões, Amores e Descobertas: A História de Rafael (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora