Capitulo 06

193 30 2
                                    

Embora estivesse exausta quando se deitou, Hinata não conseguiu dormir direito. Continuava zangada com Naruto por desafiar seu direito de sair sem dar satisfações. Ainda assim, não podia deixar de recordar-se de que havia uma tensão verdadeira nos olhos dele.
Disse a si mesma para não dar importância demais a esse pormenor. Naruto era do tipo responsável, prometera que nada de ruim lhe aconteceria por causa de sua ligação com ele, e iria fazer o que fosse preciso para honrar a palavra dada. Seria assim com qualquer pessoa.
Quanto às outras investidas anteriores, os beijos, os olhares demorados, o oferecimento inesperado de ir para a cama com ela, que podia ter sido uma brincadeira ou não, Hinata teria de manter as coisas em perspectiva. Flertar era tão natural como respirar, para Naruto. Vira-o espalhar o mesmo charme, com a maior naturalidade, entre cidadãos respeitados.
O que a aturdia era a possibilidade de que ele estivesse começando a ver nela uma substituta para a irmã. Naruto se sentira atraído por Hanabi e ficara tão impressionado a ponto de ponderar casar-se com ela. Será que era improvável que ele pudesse transferir esses sentimentos para a gêmea idêntica de Hanabi?
Naruto se deixara encantar pela natureza gentil, pacífica, competente e dependente de Hanabi, vendo nela a parceira perfeita para um homem rico, poderoso e proeminente. E a futura mãe de seus filhos. Exceto pela aparência, Hinata não era como sua irmã. E não queria mudar para adequar-se à imagem de ninguém de quem pudesse gostar. De novo, não.
O melhor plano de ação, portanto, era continuar a demonstrar a Naruto que não o tipo de mulher pelo qual procurava. Se de estava cometendo o erro de vê-la como uma substituta conveniente, tinha de se dar conta do engano. E não existia jeito melhor de mostrar isso a Naruto do que sendo autêntica.
O problema era ela ter em mente, assim como Naruto, que eles não serviam um para o outro. Havia momentos em que era um pouco fácil demais fingir que a farsa era real.
O telefone acordou Hinata logo depois das oito e meia. Cheia de sono, como se tivesse conseguido dormir apenas algumas poucas horas, atendeu com um bocejo:

— Alô?
— Desculpe, eu a acordei?
— Tudo bem, Hanabi. — Hinata recostou-se no travesseiro, tirando os cabelos revoltos dos olhos, com a mão livre. — Eu tinha de me levantar mesmo...
— Posso deduzir que está inteira?
— Estou ótima. Pena que Naruto a tenha afligido com aquela paranóia, ontem.
— Talvez devesse ter dito a ele que planejava sair, não acha?

Hinata suspirou.

— Não comece. Já ouvi essa pregação ontem.
— Ele estava furioso, não?
— Diga-me você.
— Olhe, amor, faz só alguns meses que Konohamaru e eu fomos seqüestrados. O pesadelo ainda está muito presente na cabeça de Naruto. Imagino que você tenha saído com algum de seus amigos, mas Naruto não a conhece tão bem quanto eu. Ele estava convencido de que Toneri Ootsutsuki reaparecera e a capturara por resgate ou vingança.
— Naruto exagerou, é óbvio. Tentarei não deixá-lo fora de si, da próxima vez.
— Pretende cooperar com as medidas de segurança?
— Dentro de limites razoáveis.
— Isso soa como se esperasse repetir a façanha, mas vou deixar que se entendam, vocês dois. Ainda sairá com ele, hoje?
— Naruto virá me pegar às dez.

Hanabi pigarreou.

— Ele ficou muito aflito, ontem, apavorado com o que poderia ter lhe acontecido.
— Como eu disse, Naruto exagerou.
— Parece estar cada dia mais interessado em você. Posso jurar que adorou o tempo que passaram juntos.

Hinata fez uma careta.

— Naruto e eu temos um interesse em comum: assegurar que você e Konohamaru tenham um casamento agradável, livre de problemas. É tudo.
— Não sei, não. Vocês formam um belo par. Naruto vibra com desafios, e você, sem dúvida, o desafia.
— Docinho, devo dizer que está meio febril com seu casamento iminente, e por isso delira. Agora vê tudo pelo lado romântico.
— Mesmo assim...
— Esqueça Hanabi. Não venha bancar a casamenteira comigo. Estará desperdiçando seus esforços.
— Necessita apenas de um pequeno empurrão, irmãzinha.
— Essa é a última coisa de que preciso. Naruto e eu não somos nada além de companheiros numa conspiração. Amigos casuais com um interesse mútuo, quando muito. Prometa-me que irá parar de tentar fazer disso alguma coisa a mais.
— Eu só...
— Hanabi! — Hinata falou em tom firme desta vez, deixando muito claro que o assunto não estava aberto a discussões. — Prometa.

Em nome do Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora