21~Cicatrizes

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Elizabeth Grimes.
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A sala de Hershel estava extremamente abafada, talvez por ter tanta gente aqui.

-Você sequestra o moleque e acha mesmo que o pessoal dele não vai vim procura-lo?

Shane estava irritado com o fato de Rick trazer um garoto desconhecido para cá. Eu até entendo ele.

Acontece que Rick, Hershel e Glenn foram surpreendidos por desconhecidos na cidade, que tentaram mata-los e no fim acabaram mortos. Os amigos desses caras foram procura-los e teve conflito entre os nossos e eles.

Bom, segundo Rick, o grupo do garoto o abandou e foi embora, deixando o mesmo sozinho, cercado de zumbis e ferido, em resumo, completamente fodido. Rick trouxe o garoto para cá e Hershel está cuidando dele.

Esse debate todo é para saber o que fazer com a criatura.

-Eu já disse cara, os outros abandoram ele. Acha mesmo que vão procura-lo?

Essa era a... sei lá quantas vezes Rick já disse isso. Minha cabeça esta rodando de tanto que eles falam.

A porta do quarto se abriu impedido Shane de falar mais. Hershel saiu do quarto limpando as mãos em uma toalha.

-O garoto está bem, eu recenstrui o músculo da panturrilha, em uma semana ele já conseguirá andar.

-Uma semana?! Ele vai ter que ficar aqui uma semana?!—Shane falou soltando uma risada seca e olhou para todos.—Olha só pessoal, voltamos a terra da fantasia. Vou colher flores e fazer doces para ele.

Shane marchou em direção a porta mas parou ao ser chamado.

-Parado aí!—Hershel levantou a voz.—Ainda não falamos sobre o que fez no meu celeiro, que fique claro que você só está aqui por conta de Rick. Então é melhor andar na linha ou eu mesmo te ponho pra fora a pontapés. Entendeu?!

Shene olhou para o mais velho e concordou saindo pisando fundo. Hershel olhou para Rick balançando a cabeça.

-E então, o que vamos fazer?—Chamei a atenção do meu irmão e de todos os outros.—Vamos esperar ele melhorar e manda-lo embora com um cantil e uma faca?

-É... —Rick falou concordando vagamente.

-É o mesmo que mata-lo.—Andrea comentou ao lado de Dale.

-Pelo mesmo ele terá uma chace.

Rick virou e saiu da casa. Soltei um suspiro jogando minha cabeça para trás. Deus, que inferno.

Me levantei saindo também indo até o acampamento do Dixon que saiu ao mesmo tempo que Rick.

O mesmo estava sentado mechendo em flexas.

-Ei.—Chamei sua atenção fazendo o mesmo levantar o olhar.

-Ei, aconteceu algo?—Perguntou quando me sentei do seu lado.

Olhei ao redor vagamente, ninguém por perto ou olhando para nós. Me aproximei de Daryl selando nossos lábios em um beijo rápido de poucos segundos.

-Não, não aconteceu nada.—Falei contra os lábios do mesmo. Daryl me olhava meio aéreo, acho que o peguei desprevinido.

Um sorriso de lado surgiu em seu rosto e Daryl me puxou para sua barraca.

Me deitei no colchonete e Daryl ficou por cima de mim. Uma de suas mãos foram até meu quadril e a outra ele usou de apoio, seu rosto se aproximou do meu e pude sentir sua respiração.

Daryl me beijou com força e sua língua tocou meus lábios, ao dar passagem para a mesma pude sentir algo dentro do meu estômago novamente.

Seu quadril se precionava contra o meu, assim como sua barriga um pouco amostra pela camisa levantada. As mãos calejadas de Daryl adentraram na minha camisa me causando arrepios. Seus beijos foram ao meu pescoço e minhas mãos subiram em seus cabelos os puxando.

Meu corpo está em chamas, posso sentir um caminho de fogo marcado em meu pescoço pelos seus beijos.

Eu quero ele, eu preciso dele.

Minha mão desceu até a barra de sua camisa a puxando para cima, porém Daryl se afastou do meu pescoço e me olhou nos olhos se afastando de mim. Ele se sentou ao meu lado e passou as mãos pelo cabelo.

Olhei para o mesmo confusa.

-O que...?

-É melhor você ir.—Daryl apontou para fora da barraca.

Ele me puxa para dentro e me manda sair em seguida? Já disse que Daryl Dixon é um quebra-cabeça de mil peças?

-Daryl... —Me aproximei um pouco dele tocando seu ombro.—O que houve?

O mesmo estava nervoso e sua expressão era de quase... medo.

-Foi eu? Se foi, desculpa. Eu não queria te deixar desconfortavel. Eu achei que ia rolar e–

-Não, só...

Daryl parou de falar e me olhou de canto, o que se passava na mente dele?

-Você quer conversar?—Perguntei baixo.

Ele se virou para mim por completo e parou para pensar um pouco.

-Você sabe que eu tinha um irmão, não é?—Daryl perguntou me fazendo concordar.—Moravamos juntos desde pequenos, e depois que minha mãe morreu era eu, ele e nosso pai.

Daryl me olhava mas seus olhos não estavam em mim, estavam em outro lugar, em uma lembrança talvez.

-Meu velho nunca foi um bom pai, sabe. Ele bebia pra caramba e...—Daryl respirou fundo, é bem claro que é difícil lembrar disso.—E descontava nos filhos. Merle estava em uma festa com uns amigos um dia e meu velho estava bebendo, eu tinha dez anos. Quando meu pai chegou em casa ele bateu em mim com um cinto.

Um sentimento pesado se apossou do meu peito. Daryl havia tido uma vida difícil, eu sabia. Mas isso, isso era pior.

-Ele me espancou e saiu pra beber mais depois.—Daryl continuou e em seu olhar havia ódio, havia mágoa.—Merle nunca soube, o velho só batia em mim quando ele tava fora.

Daryl tocou a barra da camisa e parou alí por alguns segundos. Ele puxou a mesma para cima e virou as costas para mim.

Cicatrizes de tamanhos diversos. Seus ombros estavam tensos e eu posso sentir Daryl com medo. Ele com certeza nunca mostrou isso a ninguém, não igual está me mostrando.

Toquei uma das cicatrizes e seus ombros se encolheram um pouco. Me aproximei de suas costas e beijei o local, cada cicatriz.

Daryl se virou para mim assim que me afastei. Seu rosto era pura confusão, ele esperava a rejeição...

-Eu também tenho cicatrizes, Daryl. Você só não consegue ve-lás.—Falei com toda simplicidade e o abraçei.—Sinto muito, por tudo que passou.

Seus braços me apertaram e eu me afastei para olha-lo.

-Essas cicatrizes são provas de sobrevivência. Mostam o quão forte você é desde o início.—Olhei nos olhos do mesmo e sorri.—Queria poder dizer que também fui forte o tempo todo.

Daryl me olhou e me puxou para perto novamente, seu rosto foi até a curvatura de meu pescoço. Sua respiração estava mais calma, facamos assim por um tempo até ele me puxar para deitar novamente. Encostei minha cabeça em seu peito.

Levantei um pouco e olhei para ele.

-Eu gosto de você, Daryl. Eu já disse isso muitas vezes, é algo maior do que posso imaginar.—Olhei nos olhos do mesmo que ouvia em silêncio.—Eu não ligo para marcas, todo mundo tem marcas físicas ou não. Eu ligo para o que tem dentro, e eu vi o que tem dentro de você em pouco tempo que estamos convivendo juntos. E é lindo, acredite quando digo, você é uma das melhores pessoas que eu já conheci.

Um sorriso sincero apareceu em seu rosto e isso me deu uma sensação de conforto, esse pequeno jesto me deixou com uma das melhores sensações da vida.

Eu me apaixonei de verdade e não me arrependo.

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Love Between Arrows-Daryl DixonOnde histórias criam vida. Descubra agora