26~Desculpe, irmão

1.3K 114 18
                                    

.
.
.
Elizabeth Grimes.
.

Quando eu perdi meus pais, um sentimento de solidão se apossou de mim. Mas eu não estava sozinha, eu tinha Rick, Pietro, Lori e até Shane estava lá.

Mas o sentimento não foi embora, junto com a solidão vem a sensação de azar. Como se qualquer coisa fosse dar errado, qualquer coisa.

Eu não sinto solidão, não mais. Porém, essa sensação de azar está corroendo meus ossos. Algo vai dar errado, eu sinto isso.

Posso parecer pessimista na maioria das vezes, eu sou mesmo. Mas eu sempre estou certa, e é incrívelmente péssimo.

Eu amo ser a pessoa com razão, mas prever a merda é no mínimo decadente.

Eu havia cansada de desenhar, e no fim o desenho de Carl se transformou em um rosto muito conhecido para mim, um rosto de alguém que me ajudou muito depois do acidente.

Eliot Abernathy, loiro, olhos azuis, na casa dos quarenta anos. Eliot é um homem que eu conheci na reabilitação, ele estava lá por alcoolismo, quase igual á mim.

Eliot tinha um filho da minha idade, Henrico. Depois que saí da reabilitação nós nos aproximamos ainda mais. Com seu amor paternal que ele distribuía para todos.

Eliot me lembrava meu pai, o homem que sempre me manteve de pé antes de tudo. Eliot foi o pilar que me manteve de pé depois de tudo.

Eramos nós quatro, Eliot, Henrico, Pietro e eu. Apesar da idade física, Eliot era mais jovem do que nós mentalmente.

As várias merdas que eu fiz no meu cabelo o Eliot foi o responsável.

Sinto falta dele, da risada rouca e contagiante. Sinto falta de Henrico, do seu jeito caridoso e preocupado.

Dobrei o desenho colocando no bolso do meu jeans. A brisa é fresca aqui fora mas eu tinha que entrar e saber da votação.

Me levantei da cadeira da varanda de Hershel e fui mancando até a porta da casa. Que humilhação.

Ao entrar na casa todos estavam alí, menos Daryl.

Como se fosse o universo conspirando ao nosso favor, Daryl abriu a porta da casa logo em seguida.

Sorri minimamente para o Dixon que retribuiu. Manquei até a poltrona.

-Como prometido aqui estamos. Vamos começar.—Rick olhou para Dale que deu um paço a frente.

-Bem, acho que os únicos comigo são Andrea, Amy e Glenn...

-Então, Dale.—O coreano começou a falar chamando a atenção do mais velho.—Eu acho que você está certo sobre tudo, mas isso...

-Eu quero ficar viva e segura. Quero minha irmã e meus amigos assim também.—Amy falou devagar.—Se esse cara ficar vivo... não sei se isso vai acontecer.

Andrea olhou assustada para Amy.

A expressão de Dale mudou drasticamente.

-Eles colocaram medo em vocês! Não podem deixar isso acontecer.—Dale falou aos dois e virou para todos nós.—Não podemos fazer isso, deixar o mundo nos mudar! Não podemos decidir sobre a vida de alguém. Não temos esse direito!

Todos ficamos em silêncio. Eu sei que Dale está certo, mas não posso arriscar minha família. Então o garoto morre.

-Nós estamos decidindo se uma pessoa vive ou morre com uma simples votação!—Dale olhou para todos.

Eu me senti fraca e impotente novamente. Eu não consigo olhar para ele. Isso pesa, é como se tivesse mil correntes entrelaçadas no meu corpo, na minha alma.

Love Between Arrows-Daryl DixonOnde histórias criam vida. Descubra agora