ASSASSINO

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Minhas viseiras espalhadas pelo chão revelam seu amor carniçal.

Pobre cupido vampírico, eu queria o vosso amor.

Por que me mataste?

Ainda vislumbro vosso olhar juvenil no além-túmulo.

As borboletas que cultivastes em mim apodrecem junto de meu corpo.

Do pó de vossas asas, vermes e mariposas me preenchem.

No obituário consta: assassinato.

Arma usada: vosso silêncio.

E então, desfaleci.


Meus versos espalhados pelo quarto revelam seu amor brutal.

Pobre e eterno amor meu, eu queria a vossa atenção.

Por que me abandonaste?

Ainda vislumbro tua ausência no além-túmulo.

As juras que cultivei em ti se penetram na terra junto de meu corpo.

Do pó de vossas palavras, a indiferença me preenche.

No obituário consta: assassinato.

Arma usada: vossa falta.

E então, desfaleci.


Minhas memórias espalhadas pela parede revelam seu amor fatal.

Pobre demônio da noite, eu lhe dei meu coração.

Por que me perdestes?

Ainda vislumbro vosso ódio no além- túmulo.

Os sentimentos que cultivastes em mim morrem junto de meu corpo.

Do pó de vossas juras, o luto me preenche.

No obituário consta: assassinato.

Arma usada: vossa indiferença.

E então, desfaleci.


Eu te amei até o osso, por baixo de pele e músculo.

Seu nome estava cravado em mim.

Minhas viseiras.

Meus versos.

Minhas memórias.

Agora tudo se perde no espaço-tempo.

Do pó, só restos.

Do seu amor, só rastros.

De mim, só ossos.

Poesia BarataOnde histórias criam vida. Descubra agora