Eu era mar, composto por água salgada e imensidão, completa por completo. Inexplorada demais, todos tinham medo. Então, você se aproximou, chegou dizendo que queria mergulhar profundamente, me explorar. "Vá em frente, caia dentro" — eu disse.
Sempre era tida como turbulenta, mas para ti fui branda. Adentrou e contemplou dizendo que aquelas eram as águas mais límpidas já vistas pelos teus olhos. Sim, eu finalmente havia deixado alguém nadar em mim. Confiei e você, mentiu! Queria somente molhar os pés.
Nas primeiras visitas era tão apaixonado pela minha beleza, pelas diversidades que eu trazia comigo, não demorou muito para que o que te atraiu te causasse insegurança. Eu era atrativa e deslumbrante, chamava por banhistas. Ciúmes impiedoso esse seu! E eu cega de tanto (a)mar jurei que era amor. Você veio a mim dizendo que me queria, que eu lhe completava e que era sua nova casa. "Belas palavras" — pensei.
Então em uma manhã chuvosa cuja madrugada havia sido tempestuosa e impiedosa. Minhas ondas estavam carregadas de agitação, entrastes no mar? Pois ele não. Chegou à beira da praia, olhou meu caos e deu meia volta. Hoje penso e me arrependo de não ter te atraído o suficiente só para poder ter o prazer de te afogar em mim!
"Aqui o mar não é calmo" — disse aos que se atraiam. — "mar louco!" Me corrompi, não fugi, pensei que era amor.
Não demorou para que viesse me dizer que o que havia feito era porque me amava, e eu, mar, me acalmei.
Certa vez trouxe a praia uma garrafa, me solicitou que entrasse e eu, boba, aceitei. Ele me levou até algumas pedras que se encontravam perto do meu eu completo — porque agora, era só metade. Despejou-me em um buraco transformando-me em uma piscina natural. Achei fofo o gesto, agora eu era sua e somente sua! Uma tola eu fui... E agora por incompleta pensei que seu medo das profundezas sumiria, mas ele mergulhou profundamente? Não. Molhou seus pés algumas vezes, porém nunca entrou verdadeiramente!
Era solitário e o meu vazio interno nunca se esvaia... Faltava uma parte de mim! Criei raízes em meio as pedras, e ouriços vieram assim que você penetrou seus pés em mim espinhos venenosos lhe foram lançados e assim, você correu. Machucar-te, me machucou.
Permaneço solitária, mas agora era tranquilo. Eu estava só, mas dessa vez porque queria! Incompleta, no entanto, longe de você!
- Lívia Danielly Brandão
