PERDER

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Mais uma vez sou eu.

Sou eu conjugando o verbo que mais me dói.

O verbo que me impede de te olhar nos olhos.

Que me impede de encarar.

Encarar o buraco que existe na parede do meu estômago.

Minha gastrite ataca porque sabe meu próximo passo.

E qual é?

Eu vou te perder.

Porque sempre é assim.

Um loop eterno de autossabotagem.

Não consigo te olhar nos olhos, porque estou prestes a ir embora...

E isso vai te assombrar a noite.

Você nunca vai achar uma resposta para calar essa dor.

Porque o buraco tá em mim.

A verdade é que eu nunca pensei que poderia...

Que poderia ser o grande amor da vida de ninguém.

Não é sobre o que o outro é capaz de sentir por mim.

Mas sobre o que eu tenho a oferecer a ele.

E eu não tenho nada.

Não me resta nada.

Eu sou feita de pó.

Tão frágil quanto a medula de um recém-nascido.

Tão inconstante quanto as emoções de uma criança.

Tão triste quanto Maria na crucificação de Cristo.

Tão vazia quanto vácuo no espaço.

Hoje eu vou te perder.

Não me resta mais nada.

Além de palavras não ditas.

E sentimentos não declarados.

Meu peito declara guerra contra você.

Seu amor me fere, porque eu nunca poderia te amar assim...


- Lívia Danielly Brandão

Poesia BarataOnde histórias criam vida. Descubra agora