Um: Convite Para Jantar

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Flávia suspirou e sorriu levemente quando ouviu o toque conhecido em seu celular. Era a melodia de "Vem, Neném", toque selecionado para seu primo e melhor amigo, Luca Marino, também chamado de Neném. Enfiou a mão na bolsa de qualquer jeito, apalpando o fundo até encontrar o pequeno aparelho. Rapidamente aceitou a chamada e equilibrou o celular entre o ombro e o ouvido enquanto abria a porta.

– Neném? – Perguntou, ajustando a alça da bolsa enorme.

– Bom dia, Flávia! – Mesmo pelo telefone era possível ouvir o enorme sorriso na voz do primo da cantora e compositora. Isso a fez sorrir também – Dormiu bem?

– Bom dia, Luca – disse ela, com a voz rouca. Devido ao horário, esperou que o primo achasse que a rouquidão se devia a ter acabado de acordar, e não a ter chorado devido à data. Se bem que Neném era tão desligado que talvez nem recordasse da importância daquele dia para ela – Dormi sim, e você?

– Nem dormi ainda. Tive uma noite maravilhosa ontem com a minha coisa linda e um convite pra você.

A cantora ergueu uma sobrancelha, curiosa. Convite?

– Que convite? – Perguntou, sentando-se na cama.

– É. O que você vai fazer na sexta à noite?

A morena fez um muxoxo.

– Por enquanto nada. Talvez o Gabriel queira que eu vá cantar no bar um pouco e depois esticar pra uma balada. Por quê?

– Nada de bar, nada de balada e nada de Gabriel – disse Neném, secamente. Flávia suspirou, lembrando do quanto o primo não gostava de seu namorado – Você vem jantar comigo e com a Paula. A gente quer juntar as famílias e uns amigos mais próximos.

Flávia ergueu a outra sobrancelha, sua curiosidade aumentando.

– Alguma data especial? – Perguntou a prima.

Neném riu.

– Você vai saber no dia. Sete da noite, na minha casa, Flávia. Não se atrasa.

– E você tem certeza que eu não posso levar o Gabriel? – insistiu a garota.

– Poder até pode, mas ele não vai entrar. Não gosto daquele guri, Flavinha, você sabe disso. Ninguém da família gosta, na verdade. Você insiste nele porque quer – disse o atleta revirando os olhos.

– Nem todo mundo é como você e a Paula que têm essa história de amor de filme romântico, Neném – alfinetou a morena.

– Você teve a sua história de amor e deixou ela escapar entre as mãos como um frango aos 45 minutos do segundo tempo em final de campeonato – sussurrou Neném, audível o suficiente para que só ela ouvisse.

Do outro lado da linha, Flávia ficou pálida.

– A gente não fala desse assunto – sussurrou ela, sentindo renovar a ferida em seu coração. Seus olhos se inundaram de lágrimas. Logo naquele dia? De todos os dias do mundo, Neném vinha lembrar de Guilherme justo no pior dia para isso?

– Talvez a gente devesse falar desse assunto, Flavinha – respondeu ele, carinhoso – Você simplesmente deixou ele ir embora. Não brigou por ele, não lutou por ele. Nunca foi atrás dele, nunca procurou por ele desde então. Fica guardando essa mágoa e fingindo que está tudo bem, e só acredita nisso quem não te conhece.

– Eu não podia manter do meu lado quem não queria ficar comigo, Luca – ela explodiu. As lágrimas correram de seus olhos como cachoeira – Ele decidiu terminar comigo. Eu não fui atrás dele, ok, mas ele também nunca me procurou! O que eu devia fazer? Ficar parada no tempo chorando o meu amor perdido? Isso não é saudável!

we never really moved onOnde histórias criam vida. Descubra agora