Abrindo os olhos com um gemido suave. Um latejar surdo nas suas têmporas a cada batida do coração, irradiando de onde sua cabeça havia batido no chão. Ele estava deitado de lado, a cabeça virada para o céu. Acima dele, podia ver o céu noturno... pontinhos de luz em um mar de escuridão...
Houve uma risada fria e horrível por perto. Ela ecoou por todo o cemitério, parecia permanecer no ar da noite com uma presença malévola. Isso enviou arrepios de medo e pavor percorrendo a coluna de Cedrico, um terror diferente de tudo que ele já havia sentido antes...
Havia uma escuridão terrível no cemitério naquela noite: não o tipo de escuridão que podia ser vista apenas com os olhos. Cedrico sentiu sua magia recuar, sentiu sua alma ficar fria com a desesperança, sentiu cada instinto em seu corpo gritar para correr. Apareceu, uma sombra que teria transformado o dia de verão mais brilhante em uma noite escura como breu.
Cedrico se forçou, por pura força de vontade, a virar a cabeça, e seu coração afundou de horror com o que viu.
Eles não estavam sozinhos no cemitério, longe disso – eles estavam em menor número. Figuras envoltas em mantos pretos formavam um círculo áspero, cercando um homem... uma criatura... que parecia personificar a morte. Eles adoravam a figura como um deus, rastejando a seus pés como escravos. Sua pele era pálida, estranhamente iluminada ao luar, desenhada sobre uma moldura que parecia ser pouco mais que um esqueleto. Virou-se e vislumbrou olhos vermelho-sangue, piscando por apenas um momento.
Você sabe quem. Aquele-que-não-deve-ser-nomeado. O Lorde das Trevas. Lord Voldemort.
Ele voltou.
Cedrico queria acreditar que não podia ser verdade. Os sinais, há meses, lhes diziam que isso estava chegando. Eles deveriam ter se esforçado mais, ele deveria ter se esforçado mais para conseguir que alguém ouvisse, para fazer alguma coisa – qualquer coisa. Mas Cedrico não queria acreditar, porque o que isso significaria para Harry o aterrorizava mais do que qualquer perigo mortal pessoal que ele pudesse encontrar.
Harry!
E lá estava Harry, amordaçado e amarrado a uma lápide, lutando impotente contra a dor.
Cada fibra do ser de Cedrico lhe disse para correr para a frente, correr para o garoto mais novo e salvá-lo, mas ele não conseguiu. Cedrico não tinha ilusões sobre o que aconteceria então – ele morreria e Harry ficaria sozinho. Com o coração partido, Cedrico forçou sua mão a agarrar o cabo de sua varinha, forçou seu corpo a se mover, forçou-se a escapar, nas sombras... na relativa segurança atrás das lápides... fora de vista...
“Crúcio!”
Gritos abafados de dor saíram de Harry, os Comensais da Morte riram, e Cedrico mordeu o lábio para não gritar para Harry ou se mexer. Seus punhos apertados, suas unhas cortando dolorosamente em sua palma. Memórias dos poucos segundos que ele passou sob aquela maldição, lançada por alguém ainda na escola, o inundaram. Isso tinha sido uma agonia, aquilo tinha sido insuportável, e isso...
Este era Lord Voldemort.
Um segundo depois, os gritos recomeçaram. Cedrico colocou a mão sobre a boca com força, lágrimas escorrendo de seus olhos em riachos firmes. Cada grito enviava punhais em seu coração... em sua alma. Se isso tivesse poupado Harry dessa dor, Cedrico teria dado sua vida em um segundo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amare: Juro Amor Perpétuo
Fanfiction"Testor Ego Amorem Perpetuum" Cedrico tem necessidade de proteger Harry, seja de um campo de quadribol cheio de dementadores ou das tarefas do torneio que fez da vida de ambos mais mortal. Cedrico não deixa de se preocupar e a amizade eventualmente...