Capítulo 12

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Kensuke


Com os olhos fechados, seus sentidos ficaram mais aguçados. Não conseguia adormecer, não com a situação da qual se encontrava, pendurado como um pedaço de carne, machucado e sangrando.

De alguma forma suas feridas não estavam se curando rapidamente. Talvez fizessem no começo, mas a cada vez que apanhava, mais difícil se tornava.

Ouvia-se gotas caírem ao chão do outro lado do corredor e ecoarem por toda parte, não ajudando sua vontade tremenda de urinar e o som de pessoas conversando ao longe. Não havia mais prisioneiros naquele lugar, ele era o único.

Seu desespero foi se tornando mais evidente, embora no começo tentasse manter a calma, agora já não conseguia mais definir nem mesmo quem era. Talvez fosse melhor que o matassem logo... que seu sofrimento acabasse.

Kensuke não tinha mais esperanças, afinal não conseguia imaginar uma saída. Não se lembrava do passado, por isso era um inútil. Embora Naoki tivesse lhe contado aquelas coisas e prometido que o tiraria dali, Kensuke não estava certo se seria possível e muito menos se sua história era verdade.

Mas lá no fundo queria muito acreditar.

A conversa dos guardas ao longe se dissipou, fazendo Kensuke ficar em alerta. Quando os passos se aproximaram, foi inevitável entrar em pânico, consequentemente se balançando nas correntes e ferindo mais seus pulsos. No entanto, seu pânico se transformou em alívio e, ao mesmo tempo, em melancolia ao ver o ninshin loiro segurar as barras da cela.

Queria poder fechar os olhos com força para não ter que ver aquele olhar carregado de dor e tristeza, mas não foi capaz de ignorá-lo. Sentia tanta falta dele que doía muito, muito mesmo.

Era como se durante todo aquele tempo passando por aquela tortura, finalmente tivesse uma gota de alívio, uma pequena luz no meio de tanta escuridão.

— Nana...mi.

— Ken-chan! — Ele segurou as barras com força, seus olhos vertendo em lágrimas. — Eles machucaram você! Merda, nunca vou perdoá-los. — Enxugou os olhos com força e apresentou um molho de chaves, tentando uma por uma até abrir o cadeado. Quando entrou, Nanami jogou as chaves no chão e correu para perto, mas antes que encostasse em Kensuke, deu um passo para trás. — Melhor eu te tirar primeiro.

Naquele instante, as orelhas de gato de Nanami, assim como as de lobo de Kensuke se levantaram ao ouvir passos eufóricos no corredor. De repente Chizuru apareceu.

— Kensuke! — A voz do ninshin tremeu e ele ajudou Kensuke a se sentar quando Nanami destravou a alavanca que mantinha as correntes presas. — É mais grave do que pensei. Por favor não odeie essas pessoas, eles acham que você é fruto da magia de alguma bruxa e estão cumprindo ordens. — Chizuru o libertou dos grilhões e puxou uma bolsa. — Tenho aqui material de primeiros socorros. Não sei se é suficiente, pois não sou o Shou, mas creio que podemos tratar suas feridas.

— Temos que tirá-lo daqui primeiro, Chizu-chan. — Nanami se agachou ao lado deles e tocou suavemente o rosto de Kensuke. Seu toque trouxe uma onda de carinho ao seu coração e foi capaz de beijar a palma dele.

Com um ninshin de cada lado servindo de apoio, Kensuke foi capaz de sair daquele calvário.

— Onde estão os guardas?

— Seiji os distraiu durante a pausa, então temos alguns minutos antes que eles voltem. Conheço um lugar que ficará seguro. — Chizuru comentou, levando-o em direção a floresta. Foi um caminho tortuoso nas condições de Kensuke, mas de alguma forma libertador. Estava começando a se sentir melhor, como se finalmente seu corpo reagisse e quisesse curar o que era mais superficial.

Akai Ito 3 - Fio Vermelho (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora