Capítulo quatro;

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   "Lendas contam que almas gêmeas ficam conectadas até o último suspiro, as essências se fundindo em uma única na morte.

   Quando uma, a alma luta para reencarnar, o amor profundo sofrendo por não mais poder ser desfrutado, o que ocasiona no egoísmo de uma nova vida, de um novo amor"-

   Chan colocou um macchiato em frente à Changbin, que levantou os olhos quando seus fones de ouvido repentinamente pararam pela batida na mesa em que estava. Ele tentou ajustar o plug e remexer o fio, mas pareceu haver uma desistência por parte do pequeno aparelhinho.

   Bufou irritado antes de jogar o objeto longe, pousando os olhos do lado de fora do estabelecimento em que estava e tomando o café com certa violência. Seu caderno estava praticamente intocado na mesa, um pouco manchado de azul pela tinta que saía de seus dedos marcados e suados. Isso fez o Bang sentado à sua frente arquear uma sobrancelha.

   — Parece que você assassinou um Smurf — tomou um pouco de seu Americano e olhou julgador para as mãos de Changbin. — Achei que era pintura à óleo, não corporal.

   O moreno o olhou com tédio.

   — Juro que se não parar com as piadinhas eu passo minha mão na sua cara.

   Ele não tirava a razão do loiro, porém, levando em conta de que seus dedos pareciam pirulitos e a pintura que ele havia realizado mais cedo se misturou — ele deveria ter prestado atenção nas dicas e não nas sardas de Yongbok — e parecia literalmente uma guerra dos gnomos azuis.

   — Mas como foi a primeira aula, afinal? Você não falou muito no caminho pra cá — Chan perguntou, ignorando sua ameaça vazia e digitando algumas palavras em seu notebook de estudos. — Foi chato?

   Changbin deu de ombros, não sabendo muito bem como responder. Lembrava-se da conversa com Jisung e brevemente de algumas coisas teóricas, mas sua cabeça insistia em somente voltar para a imagem de olhos grandes e caramelados.

   — Não sei? — riu, tomando um pouco de sua bebida. — Foi até bom, na verdade, é relaxante mexer com tinta.

   — Percebi. Até seus anéis estão azuis.

O mais baixo observou seus pertences, rindo um pouco ao lembrar de como tinha sido Yongbok à ajudá-lo — ou melhor, tentar ajudá-lo — a se limpar.

   — Você disse algo sobre Jisunggie estar lá?

   — Uhum — assentiu, largando sua bebida e batucando a caneta em mãos na folha do caderno. — Ele faz o curso desde o início, é melhor amigo do professor.

   — Sério? Quem? — Chan perguntou, provavelmente por educação, ainda concentrado no notebook.

   — Um tal de Yongbok.

   Chan franziu o cenho.

   — Não acho que conheço.

   — Ele é estudante também. E, hum... — engasgou, percebendo meio frustrado que não sabia muito sobre o loiro.

   — Como ele é? Talvez eu conheça de vista.

   — Ele é loiro? E tem sardas, provavelmente é mais alto que eu, — ignorou o murmúrio de “não que seja difícil ser mais alto que você” e continuou. — e ele é... hum, sei lá, muito bonito? Não sei.

   Chan levantou o olhar, as sobrancelhas suspensas e um sorriso brincando em seus lábios.

Bonito, Binnie? Que tipo de descrição é essa? — apoiou o queixo na mão, a expressão divertida. — Desde quando você repara na aparência alheia?

Slump; changlixWhere stories live. Discover now