Quando a segunda aula da semana chegou, Changbin estava estressado.
Desde o primeiro dia de artesanato e todos os eventos que o precederam, ele estava se sentindo quente. Muito quente. Como uma febre estranha, sem os efeitos colaterais costumeiros — frio, enjôo, dor de garganta.
Era simplesmente quente e desconfortável.
Além disso, ele suspeitava ter deslocado sua coluna em algum momento da semana, sentindo uma dor irritante e constante nas costas que nunca aliviava.
Somando as dores e o cansaço com a questão atormentadora de que sua composição continuava empacada, Changbin poderia facilmente ser descrito como colérico — por parte de Chan, pelo menos —, e a situação não melhorou quando ele chegou atrasado para as aulas de Yongbok naquela quinta-feira.
Assim que ele pôs os pés cobertos por tênis surrado na sala de artes, seus olhos imediatamente localizaram os do Lee, mesmo com o cômodo lotado de pessoas curiosas que também o encararam. Surpreendentemente, os olhos de Yongbok viraram em sua direção no mesmo momento.
Ok, talvez não fosse surpreendente se fosse levar em conta que ele era o recém chegado (atrasado) e isso definitivamente chamava a atenção, mas não é como se o conhecimento disso impedisse que sua temperatura subisse com o contato visual.
Ele acenou timidamente com a cabeça, caminhando em passos longos até a cadeira livre ao lado de Jisung, que estava formando um círculo em volta do torno juntamente dos outros alunos. Coincidência ou não, o único lugar livre era ao lado de Yongbok.
— Desculpe pelo atraso — murmurou, somente para o aloirado ouvir. — Não era a intenção.
— Está tudo bem. — E a aula prosseguiu.
Changbin tentou não pensar muito sobre a falta de assunto. Eles estavam em aula, afinal. Mesmo assim, ele não deixava de pensar na aula passada e em tudo que tinha acontecido — ou melhor, tudo que tinha sentido.
Ele não gostava de lembrar daquele dia porque se sentia zonzo sempre que repassava os detalhes — o que ele fazia bastante, inclusive — e a vergonha parecia aumentar cada vez que sua memória o sabotava. Mesmo assim, Changbin ficava preocupado com a impressão que passou, suando feito um porco e gaguejando à cada cinco segundos.
A única coisa que lhe consolava é que ele geralmente ficava preocupado com esse tipo de coisa, então ele esperava ser apenas um pensamento intrusivo.
Quando voltou à si, o Lee falava alegremente sobre a história da cerâmica artesanal, comentando fatos da criação do torno e citando outras técnicas também utilizadas na arte.
— E vamos poder fazer alguma peça? — Um garoto questionou, em algum momento. Ele utilizava jaqueta e luvas, apesar do calor.
— Era o que eu gostaria, Jeongin-ah, mas só temos um torno. Seria demorado se cada um produzisse algo.
— Não poderíamos produzir algo juntos? — Uma menina sugeriu, com a destra levantada — Quer dizer, dividir a atividade e fazer grupos? Aí cada pessoa coloca uma parte sua na produção.
Yongbok pareceu ponderar, com um brilho criativo passando por seus olhos. Changbin achou bonito e se perguntou se parecia assim quando estava produzindo.
— Talvez possamos fazer algo assim, Lia-ssi. Eu posso cuidar da parte final, conheço alguém que poderia nos emprestar um forno de produção. — Ele bateu palminhas, aparentemente animado, e Changbin sorriu de seu assento. — Se todos concordarem, falo com ele hoje mesmo.
YOU ARE READING
Slump; changlix
RomanceChangbin amava compor, amava cursar música, porém descobriu que odiava seu professor. Lógico, normalmente qualquer um ficaria feliz - e muito - em receber as palavras "almas gêmeas" como tema para composição, mas Changbin não era qualquer pessoa. Af...