Prólogo - Indesejados.

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Uma família nem sempre é a de sangue.

- Rodrigues

O tempo parece se arrastar, cada segundo pesando mais que o anterior. A ansiedade cresce em meu peito, odeio o hospital. Odeio esperar.

Queria simplesmente levantar e sair correndo, mas não posso. Preciso saber o resultado do exame mesmo que isso esteja me sufocando.

Meu coração bate descompassado, numa mistura de medo e esperança, minha mente não me ajuda em nada, e começo a criar cenários infinitos sobre o resultado do exame.

Suspiro, fecho meus olhos enquanto encosto minha cabeça na parede e um calafrio percorre meu corpo.

- Eu sou seu...- ele dizia no meu ouvido.- Sempre.

E como se ele estivesse ali ao meu lado, meu corpo ganha vida.Aquela maldita frase me faz relembrar de uma noite na qual eu cometi um erro, e aquilo estava me matando.

Mas, existem alguns erros os quais gostamos de cometer. E ele era o meu erro preferido, e eu sabia muito bem que eu também era o erro dele.

Estava sentada na recepção da clínica, nada me incomodava mais que a espera, esperar me deixa louca. Detestava hospitais, com todas as minhas forças.

Minha melhor amiga Paula e seu namorado Fernando me convenceram de que eu tinha que fazer um exame de sangue para saber se eu estava ou não grávida. Já que o de farmácia não era tão confiável.

E, Paula me disse que era mais seguro para nossa saúde mental e nossa ansiedade que eu fizesse de sangue.

Mas, acabou que ela não pode estar aqui do meu lado, uma vez que ela deve está entediada em um compromisso que a mãe dela inventou. E, só eu sei o quão irritante é ir aos compromissos que os outros arrumam para nós.

Clico na tela do meu celular, não tem nenhuma notificação, mordo meus lábios. Tenho que ligar para Paula quando souber o resultado do exame.

E o Fernando está a caminho daqui para me buscar. Talvez, dentro de alguns vinte minutos ele apareça por aqui.

Suspirei irritada e cansada, não consegui dormir direito pela ansiedade e o medo crescente de... O medo crescente de estar esperando um filho do meu ex-namorado.

Essa seria a minha maior maldição.

Sinto um nó crescente em meu estômago que não alivia, por mais que eu tente respirar fundo para me acalmar, isso é em vão.

Os pensamentos voltam a se atropelarem, indo e voltando " e se der positivo? Como ele vai lidar com isso?"

Mordo os lábios e fecho meus olhos novamente encostando minha cabeça na parede. Minhas costas estão contra a cadeira de metal gélida e isso me conforta, era assim que meu coração se sentia gelado.

Tento mesmo que seja em vão a me agarrar a qualquer esperança, por mais tênue que seja. Mas, o nervosismo não deixa. As mãos suando, e a boca seca. O silêncio do corredor de espera parece um grito ensurdecedor.

Nada me incomodava mais do que a espera. Estava prestes a ficar louca. E então, escutei meu nome ser anunciado na televisão, vejo a mesma enfermeira que tirou meu sangue se aproximando de mim com uma pasta nas mãos.

-Rayssa é você?

Me levantei desajeitada, sentindo o embrulho no meu estômago, tropeçando em meus próprios pés antes de andar em sua direção.

-Sim, sou eu.

-Vamos, vou te levar até ao consultório.

Assenti para ela e a moça me abriu um sorriso, e indicou que eu a seguisse. Quando entro na sala me senti intimidada, a sala que antes era acolhedora agora parecia mais um lugar de interrogatório.

Jogo de Poder - Por RodriguesOnde histórias criam vida. Descubra agora