𝟓. DUPLA IDENTIDADE

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N A T H A N I E L

LOCAL: Interior, Segunda-feira - 23:31.

Após a última conversa que teve no fórum, Nathaniel refletira por momentos enquanto estaria deitado na sua cama. Durante as últimas horas, poderia, finalmente, admitir que a sua vida não estava a ser tão entediante tal como o habitual. Muito pelo contrário, ele estava com muitos pensamentos em mente, nomeadamente... Sobre Ezra. Bem, não era como se isso fosse novidade, afinal de contas, era ele a pessoa com o qual tinha passado a maior parte do seu tempo a socializar, o problema era: que muitos desses tais pensamentos eram, digamos que, de caráter problemático.

Primeiramente, as cartas. Não, não entendam errado, Nathaniel não teria se arrependido nada da ideia de mandar cartas a um indivíduo que mal conhecera. De facto, até gostara bastante, podia até admitir que tinha sido uma boa experiência, e que, por mais diferentes que fossem, ele e Ezra até se davam excecionalmente bem. Ele apenas tinha que ultrapassar alguns obstáculos, como... O conteúdo de uma certa carta.

Desde que tinha visto a matéria em questão da primeira carta que lera, o mesmo teria ficado com uma ideia totalmente diferente do outro rapaz. Claro, sabia que o outro por trás de tela era descolado e um pouco direto ao assunto demais para o seu gosto, mas mesmo assim, mandar uma carta com texto sexualmente explicito, logo assim? Parecera já ter tanta intimidade com Nathaniel. E o mais ridículo, é que era algo detalhado, palavra por palavra, sem deixar nenhuma informação escapar.

AVISO CONTEÚDO LEVE (+18)
PALAVRA SEGURA: O bom...

Nathaniel se recordara, especialmente, de como se sentira ao ler aquilo: quanta mais informação recolhia da escrita do outro, mais tenso ele ia ficando. Conseguira sentir o peso nos seus ombros, o suor a escapar-lhe pelo rosto, a descer pela sua macia pele, e, o mais doloroso, a grande restrição que sentira nos seus boxers, tudo ao seu redor parecia estar mais quente, com cada vez mais frustração de saber que não poderia fazer nada relativamente aquela ereção. Precisara urgentemente de se livrar da tal tensão e tortura, mas, no fim, tentou ao máximo resistir, com muito esforço, conseguiu fazê-lo. Ele não queria acreditar que era assim tão fraco ao ponto de não conseguir não se masturbar a uma carta que lera acerca da noite de Ezra, e mais, com uma mulher totalmente desconhecida pela sua pessoa.

O bom, pelo menos, é que Nathaniel tinha conseguido se aguentar. Apenas avançou para a leitura da outra carta, e, conforme o tempo ia passando, foi ficando cada vez mais calmo de novo. O pior, por outro lado, é que agora, por causa da partilha do momento obsceno do outro rapaz, Nathaniel sentia a necessidade de retribuir exatamente a mesma coisa. Ele opunha-se à ideia? Claramente. Mas devido à sua maneira de ser, achava desarmonioso não fazer isso também. Mas eu não sou assim, simplesmente não faz parte do meu caráter... Será que ele é que era um esquisito? Não, o outro é que tinha exagerado. Disso, Nathaniel estava confiante - tinha que parar de duvidar de si mesmo - concluindo, ele não ia retribuir.

Porque, por um lado, nem sequer experiências sexuais interessantes tinha, o mesmo teria o admitido para Ezra, por isso o outro rapaz não poderia esperar muito vindo de Nathaniel. Decidira que, como tinha de mandar logo uma carta de novo, pensaria em algo mais leve para escrever. Talvez falaria mais sobre os seus vários problemas de vida? Não, demasiado depressivo. Sobre... o seu local de ensino? Também não, bastante entediante. Aliás, disso, quase sempre Nathaniel mencionava durante as suas conversas, era como se ele fosse um robô - sempre a repetir a mesma idiotice que lhe vinha á mente. Ezra não estava errado quando o chamou de chato, disso Nathaniel podia admitir. Realmente, bem que ele poderia dar mais valor aos poucos momentos bons que a vida lhe fornece, não existe apenas desgostos atrás de desgostos. Talvez ele nem sequer dá valor porque não tenta, tão simples quanto isso. Não fazia a mínima ideia do porquê uma pessoa tão divertida como Ezra estar ainda a falar com alguém tão estraga-prazeres que nem ele, enfim... Ugh, deixa de ser um angustiado de primeira, seu idiota!

𝐃𝐑𝐎𝐖𝐍𝐈𝐍𝐆 𝐈𝐍 𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐋𝐄𝐓𝐓𝐄𝐑𝐒 | ⚣Onde histórias criam vida. Descubra agora