Capítulo 6 || O Acordo

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"Sei que tu é novinha e gosta de um conflito, por isso que agora eu
vou querer jogar contigo."

—  Toma Toma Tá - Mc Rogê

•••

Eu me recusava a acreditar que Jason disse exatamente aquelas palavras. Eu queria ter ouvido errado. Queria que ele tivesse dito que a decisão de Jackson era me deixar ir embora. Queria ter apenas sonhado com aquela frase.

— Eu não vou morar aqui — digo, tirando a mão dele do meu braço.

— Não é como se você tivesse escolha — diz ele. — Esse é o mundo que você entrou assim que cruzou aquela porta pela primeira vez. O mundo em que a palavra de Jackson é lei.

Eu não iria aceitar aquilo. Eles não podiam me prender aqui só porque Jackson queria. Mesmo sendo suspeita, eu não tinha feito nada comprovando o meu envolvimento no caso de Micaela.

— Vocês não podem fazer isso — afirmei, tentando demonstrar o último resquício de confiança que restou em mim.

— Há poucas coisas nesse mundo que não podemos fazer.

Eu o faria engolir cada uma daquelas palavras quando provasse que ele estava enganado.

— Eu não posso simplesmente morar aqui só porque Jackson quer — o desespero na minha voz era perceptível.

Se Jackson me obrigasse a morar aqui, não teria ninguém para cuidar de Rosie. Sem contar que eu teria que arrumar uma desculpa muito boa para contar a ela o porquê de eu estar me mudando.

— Não adianta discutir comigo, Candece — ele parecia frustrado. — Eu realmente queria te ajudar a se afastar de tudo isso, mas eu não posso. Eu tenho que seguir as ordens de Jackson.

Eu não podia me mudar com Rosie doente, e se Jackson tivesse pelo menos um pingo de compaixão, ele teria que me deixar ir.

— Me leve até Jackson.

— Eu não tentaria falar com ele se fosse você. Jackson está muito... estressado, pelo que aconteceu com Micaela. Ele não pode ir com ela pro hospital, e isso só deixou ele ainda mais bravo. Então não acho que falar com ele seja sua melhor opção, porque provavelmente ele não vai mudar de ideia.

Jason tenta se aproximar ao ver a expressão de pânico no meu rosto. Ele da um passo à frente enquanto me observa.

— Candece, me desculpa — ele chega ainda mais perto e envolve meu corpo com os braços, minha cabeça acaba ficando encostada em seu peito. — Eu não deveria ter pedido que você viesse aqui, eu sinto muito mesmo.

Pelo seu tom de voz, seu pedido de desculpas pareceu sincero, mas ali, presa naquela mansão, era muito difícil confiar em alguém.

Por algum motivo, meu corpo sentia a necessidade de ficar mais próximo do dele. Como se eu só fosse me saciar de verdade se estivesse dentro de sua pele. O peito dele estava quentinho contra a minha bochecha. Com ele próximo desse jeito, eu conseguia ouvir o som do seu coração batendo devagar.

Ele tinha um cheiro bom de maçã com canela. O cheiro dele me lembrava tardes de verão, diferente do de Jackson, que lembrava manhãs frias de inverno.

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