15. visita no meio da noite.

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Capítulo 15
visita no meio da noite.

[PoV: Remus Lupin]

Eu concordo que foi rude ter que cobrir a Madeline com a capa da invisibilidade, mas foi algo necessário a se fazer, para que, quem quer que estivesse batendo na porta, não a visse aqui.

Vou até lá e abre, a personagem na porta me surpreende. É Vanessa, a colega de turma da Madeline.

Engulo em seco. E aposto que Madeline, meio escondida, fez o mesmo.

— Vanessa, boa noite — minha voz fraqueja, mas não do jeito que fraqueja quando estou recebendo a Madeline na minha porta — Posso ajudar?

— Boa noite, professor — ela sorri, muito mais à vontade do que eu estou. — Eu... posso entrar?

Definitivamente não!

— Eu prefiro que não, Vanessa. — digo, tentando soar educado mas estou quase assustado — Você não deveria estar no salão principal, com os outros da sua Casa?

— Ah sim, é verdade. É que eu sai pra procurar a Madeline.

Eu travo ouvindo a frase, tenho vontade de olhar por cima do ombro só pra me garantir que Madeline ainda está coberta, mas consigo controlar o impulso e manter a feição impassível do meu rosto. Eu, honestamente, não sei se Vanessa está sendo irônica e maliciosa, ou se está sendo sincera, mas então ela continua;

— Eu não vi ela no saco de dormir então saí pra procurar... Bem, imagino que ela deva ter ido dormir com o Cedrico Diggory, mas aí passei aqui perto e lembrei que gostaria de perguntar uma coisa ao senhor.

O tom é ainda mais indecifrável, mas eu gostaria de me sentir aliviado. E, com sorte, deixado em paz:

— Tenho certeza que você pode perguntar isso amanhã, querida. Por favor, volte para o salão, é para a sua própria segurança...

Eu tenho a intenção de fechar a porta, na minha cabeça há um consenso de que ela vai acatar minha orientação e me deixar aqui.

Mas ela não faz isso. Ela dá um passo pra frente e me impede de fechar a porta. E eu não sei se é impressão minha, mas esse comportamento me deixa desconfortável e constrangido, como se ela tentasse replicar algo — sem sucesso.

— É uma pergunta rápida — Vanessa insiste, e esse tom de voz eu sei que é malicioso. É por isso que eu fecho a cara instantaneamente — É... eu acho que esqueci um das minhas fitas de cabelo dentro de um livro que usamos na sua aula. Achei que você pudesse ter guardado...

— Não, Vanessa, eu não guardei. — digo, o mais firme e irredutível possível — Na verdade, sequer notei nenhum objeto perdido, sinto muito. Agora, por favor, volte para o salão.

Não espero por intransigências adolescentes. Fecho a porta — e dessa vez eu tranco. Me escoro na madeira por um segundo para passar a mão no rosto e respirar com força.

Estou desconfortável.
E intrigado.
A Madeline uma vez esqueceu um livro na sala de aula. Um livro com uma fita dentro — e eu vou confessar que roubei a fita.

— Madeline? — eu chamo, e ela se descobre da capa, mostrando um rostinho não tão feliz quanto antes — Você e sua amiga estão fazendo algum tipo de brincadeira de mau gosto comigo?

Madeline estreita os olhos e cruza os braços. Eu tenho que dizer que a achei linda emburrada.

— Você acha que eu estou?

— Não. — eu digo, firme, mesmo estando encantado por ela — É por isso que eu estou perguntando.

— Não estou fazendo brincadeira nenhuma. Pra ser sincera, estou tão surpresa quanto você... quer dizer, eu não queria estar desconfiando, mas eu estava.

Desconfiando do quê?

Madeline bufa e se levanta. Sai da poltrona e caminha para se sentar na cadeira da escrivaninha, onde pode apoiar os cotovelos mesa e o rosto nas mãos, expressivamente entediada;

— Desconfiando que a Vanessa tinha uma quedinha por você.

Fecho os olhos e esfrego o meu rosto de novo, não era o tipo de atenção que eu queria e não quero administrar esse problema. E Madeline está falando como se estivesse chateada e irritada e eu não faço ideia do motivo.

— Madeline, por favor...

— Não vou voltar pro salão. — ela me interrompe, prevendo minha frase — De jeito nenhum!

— Madeline...

— Meu Deus, você gosta tanto de falar o meu nome...!?!

Ela fica de pé a caminhando pelo cômodo, claramente irritada — com alguma coisa que eu nem sei o que é. Eu também não estou no meu melhor bom humor agora, mas o jeito que ela disse a última frase me deu vontade de rir.

Vou até ela e a toco nos ombros, limitando sua capacidade de ficar andando pela sala. Ela tomba a cabeça pro lado e faz um biquinho frustrado.

— Pode dormir aqui hoje — eu falo, indo contra alguns dos meus princípios — Mas boa sorte explicando para a Minerva onde você passou a noite.

— Vou dizer que Sirius Black me sequestrou. — o atrevimento na voz e o pequeno sorrisinho no canto esquerdo do lábio me garantem que ela está feliz com a permissão que eu dei.

Sei que ela não dirá isso, mas mesmo se dissesse: Black nunca teria a sorte.

Eu queria beijar ela nos lábios agora, mas há alguns limites que eu não quero cruzar, então ela — e eu — tem que se contentar com um beijo na testa, apenas.

— Então, onde é que eu vou dormir?

Levo ela pro quarto — que é só um cômodo menor, mais claustrofóbico, separado por uma porta — e espero ela amassar todos os travesseiros até se deitar numa posição confortável.

— Vou acordar você muito cedo amanhã — minhas mãos estão na maçaneta, prestes a dar boa noite e um pouco de privacidade à ela — Antes que a Minerva inicie um esquadrão de busca por você. Boa noite, Madeline, até amanhã.

— Ei, espere, você não vai dormir aqui? — ela se ergue nos cotovelos.

— Não, não... eu realmente tenho algumas coisas pra fazer e não estou com tanto sono. Pode ficar à vontade.

— Achei que você fosse ficar aqui — insiste — Pelo menos um pouco. Por favor!

Eu menti pra mim se jurei que não ia aceitar o pedido. Vou deitar com ela. Pelo menos um pouco. Nós conversamos um pouco — ela me beija —, depois conversamos menos, ela começa a ficar com sono, eu começo a ficar com sono... Em determinado momento nossa conversa fica lenta, se torna apenas perguntas entre longas pausas. É minha vez de perguntar:

— O que você disse para o Diggory, para terminar de namorar com ele?

— Nunca namorei com ele — ela me responde, com a voz já embargada de sono — A gente só ficava. De vez em quando.

— Mas como convenceu ele a não querer mais? O que você disse? Você é bonita, inteligente, engraçada... Diggory é esperto demais pra deixar você escapar sem tentar contestar...

Ela ri, morrendo de sono, soei como um adolescente imaturo e ela percebeu isso. Então me responde como uma adolescente imatura;

— Disse à ele que estava saindo com meu professor de DCAT.

Dou uma risada baixinha também, ela não — acabou de dormir. Eu sei que ela está mentindo e que não disse isso, mas, sinceramente, não vejo motivos para acordá-la só para que termine a conversa.

𝐦𝐞𝐬𝐬𝐲 𝐏𝐑𝐎𝐃𝐈𝐆𝐘 - Remus Lupin x ocOnde histórias criam vida. Descubra agora