Cʜᴀᴘᴛᴇʀ 2

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Faz uma semana que eu estava na casa de Mina. É claro que eu estou me sentindo culpada demais por simplesmente estar aqui, mas eu tento ajudar de alguma forma, seja com algo na casa ou com sua filha. Normalmente ela sai para fazer alguma coisa e eu fico com Sana, já que a garota simplesmente passou a me amar. Todo dia, sem exceção, ela vem para perto de mim para falar comigo ou brincar.

Hoje eu tinha acordado com alguns gritos e risadas da menor. Levantei depois de escovar meus dentes e me trocar e então encontrei ela e Mina na cozinha. Elas pareciam estar preparando algo juntas e eu acabei sorrindo ao ver a cena da menor toda suja de farinha e Mina olhando com uma careta.

— Bom dia? — falei rindo e as duas me olharam.

— Tia Chae, a gente tá fazendo cookies, mas eu derrubei sem querer — correu até mim — e a mamãe tá brava. — Peguei ela no colo e ri, olhando Mina, que revirou os olhos.

— Que sujeira, Sana — falei passando o dedo em seu rosto.

— Eu nunca mais te deixo me ajudar, mocinha! — Mina falou como uma repreensão, mas a menor apenas riu mais.

— Me desculpa, mamãe — pediu, sem parar de gargalhar. Mina acabou rindo.

— Aproveita que sua amiga aí acordou e vai encher o saco dela — falou, se virando para a pia e continuando com o que estava fazendo.

Dei de ombros e andei com ela até o balcão, colocando a menor sentada ali. Peguei um pano que tinha em cima da mesa e limpei seu rosto. Depois eu apenas peguei a garota e saí para fora com ela. Sentei perto da porta e deixei ela ir brincar com algumas crianças que estavam ali. Os vizinhos tinham conversado comigo, eu estava me passando de amiga de Mina, e todos aceitaram e acreditaram. Ultimamente eu não me sinto tão sozinha assim.

Fiquei ali por algum tempo, até Mina aparecer e chamar Sana para um banho. Eu acabei entrando também e esperei elas sentada no sofá. Logo, as duas apareceram, Sana correu para sentar na mesa para comer e Mina riu, indo colocar alguns cookies para ela.

— Ei, vem comer — chamou pelo balcão.

— Tô sem fome — falei, dando um sorriso.

Eu precisava fazer alguma coisa. Eu precisava ou sair daqui ou arrumar um emprego. Eu não posso simplesmente me mudar para casa de uma desconhecida e viver aqui como se não existisse contas para pagar ou precisasse de dinheiro para se manter viva. E eu não tinha nenhum serviço, eu apenas recebia pensão do meu pai – sim, ele ainda continuava pagando.

— Você não comeu nada ontem e está sem fome? — ela perguntou franzindo o cenho.

— Sim, sim — concordei. — Relaxa.

— Então tá bom.

Ela foi sentar com a filha. Eu continuei ali, sentada e olhando para o nada, enquanto pensava no que fazer.

— Eu volto logo — avisei, saindo de lá.

Caminhei pelas casas devagar, enquanto brincava com um baseado em mãos. Olhava aquilo enquanto mexia entre os dedos. Eu parei perto de algumas árvores e encostei-me ali, olhando para o céu. Suspirei e sentei.

Eu me lembrava de quando minha vida era mais calma, mas nem tanto. Lembrei de quando eu tive dias felizes com meu pai e meu irmão. Mas, mesmo com essas lembranças boas, vinham memórias ruins. De quando eu morava e vivia com minha mãe. Quando ela gritava comigo por não ter arrumado ou limpado certo a casa, por eu sair. Quando ela me obrigava a fazer tudo naquela casa. Me obrigava a trabalhar e ainda ajudar no trabalho dela. Lembrei de quando eu não sentia mais nada e corri para o mundo das drogas para poder sentir algo.

Suspirei de novo, agora acendendo e colocando aquilo na boca. Não era algo que eu gostava, mas me acalmava. Aquilo era a única coisa que conseguia me acalmar nos momentos em que minha mente começa a ficar conturbada. Aquilo era um ponto de paz.

Encostei a cabeça no tronco da árvore e fechei meus olhos devagar. Eu ainda pensava. Pensava em tudo de ruim que ela fez comigo. Pensava em tudo de ruim que ela falou. Pensava que eu realmente merecia aquilo...

Eu realmente merecia? Eu era apenas uma criança querendo brincar, querendo o amor da mãe, querendo sua atenção. Era apenas um adolescente querendo sair e ter amigos. Era apenas um ser humano querendo ser feliz.

Me afastar dela, ao mesmo tempo que me fez bem, também me deixou mal. Porque, querendo ou não, ela, meu pai e meu irmão, eram as únicas coisas que eu tinha na família. Eram as únicas pessoas na minha vida. Eu não tinha amigos, não tinha namorado, não tinha um melhor amigo ou melhor amiga. Não tinha ninguém além deles.

E agora eu não tenho nem isso.

Eu vejo meu pai poucas vezes, meu irmão menos ainda, porque eu não quero que ele me veja em situações assim e que seja algum tipo de incentivo para ele. Minha mãe nunca mais a vi. A última vez que eu a vi, foi a mesma última vez que eu vi meu irmão, e não é uma memória boa.

Ver o que ela quase fez com ele me deixava mal. Me fazia lembrar do que ela fazia comigo. Ela iria fazer pior com aquela criança inocente. Eu nunca vou perdoá-la, mas não por conta do que ela fez comigo, e sim por conta do que ela quase fez com meu irmãozinho.

Ela era um monstro.

Mas eu só queria o amor dela.

Eu não tive. Não tive nada. Não tive o seu amor. Não tive sua atenção. Não tive a sua calma e paciência. Não tive seus elogios. Não tive seus beijos de boa noite e bom dia. Eu nunca ouvi um "eu te amo" ou "estou orgulhosa". E eu só queria isso.

Respirei fundo e joguei fora o que sobrou daquele cigarro feito por mim. Levantei e caminhei devagar até a casa de Mina. Entrei sem fazer muito barulho e fui direto para o banheiro.

Eu estava sozinha de novo. Estava confusa e sem saber o que fazer. Mas era injusto deixar que Mina e Sana façam parte da minha vida se ela for continuar assim. Eu precisava tomar uma iniciativa do que fazer e logo.

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Oi gente, como estão?

Relembrando que isso foi um sonho que eu tive, então não estranhem a velocidade que as coisas acontecem ou algo do tipo, eu também fiquei confusa KKKKKKKKKKKKK

E aí, o que acharam do capítulo??

Não esqueçam do voto! E qualquer erro sinalizem, pfvr :)

Até mais <3

From Strangers To Lovers - MichaengOnde histórias criam vida. Descubra agora