𝐔𝐌

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CAPÍTULO 01
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Inglaterra, 1826

O calor dos lábios do garoto tomavam toda a estrutura corporal da moça, ela sentia a boca macia acariciar suave a sua própria e com ela uma vontade urgente de tocar o rosto agora avermelhado dele.

— Nós não podemos fazer isso — ele dizia abafado, por conta do beijo.

— Ah, Yuji, deixa de ser certinho uma única vez.

— Mas se alguém ver a gente assim, vai ser problema, pra mim e pra você.

O corpo másculo, antes por cima, foi virado e o ser de cabelos assanhados agora dominava a situação. Yuji encarava abobalhado os montinhos de feno presos nos fios revoltos e soltos — em algum momento pelo contato que eles travavam. Sentiu o busto macio pressionar-lhe o peito, por cima da camisa, e fechou os olhos com força. A respiração constante e calma dela chegava até a base de seu pescoço exposto e ele lutava apegando-se a todas as crenças para que nada "acontecesse".

Dadas as suas funções dentro da casa, ele precisava acompanhar o Duque — pai da moça ali com ele — a muitos locais. O prostíbulo era um deles e mesmo nunca ousando tocar em outra moça, ele sabia muito bem as loucuras do sexo.

— Primeiro — a jovem agora olhava astuta nos olhos dele — não estamos fazendo nada de errado, só estamos encostando os lábios e você sabe disso...

Esse encostar dos lábios preocupava o moço, que tinha de se concentrar ainda mais em algo que não fosse o que sentia e via por entre os olhos semicerrados de angústia.

— E ainda tem mais — ela continuou — eu gosto de você e até onde eu sei você gosta de mim.

O rapaz de cabelos rosados revirou os olhos àquela colocação, claro que ele gostava dela, na verdade, a amava. Haviam descoberto tudo que sentiam de forma pura, anos atrás, quando brincavam de esconde-esconde nas terras da propriedade. Ela tinha onze e o garoto doze, os votos naquela igrejinha foram suficientes para desencadear o amor,que dali a uns anos se tornou o primeiro beijo, o primeiro abraço e, hoje, ela com quinze e ele dezesseis, estavam aproveitando um pouco mais dos contatos que poderiam oferecer.

O problema era que ele sabia que seria uma desgraça para a moça caso alguém os visse, estaria desonrada e ele não podia deixar isso acontecer, ela era a futura duquesa e ele um jovem serviçal que viraria provavelmente — pelas bênçãos do duque — o secretário da casa, pelo menos assim conseguiria ver o rosto bonito daquela à sua frente por quanto tempo conseguisse e mesmo que não ficassem juntos, ele seria feliz ao vê-la feliz.

Mas Yuji também era jovem e mesmo que todas aquelas coisas fizessem sentido em sua mente, agora, no calor do abraço, sentindo a respiração doce em seu rosto e tendo ela tão próxima de si, não aguentou e tomou novamente aqueles lábios em um beijo não tão terno como os anteriores.

Pela primeira vez, ele fazia coisas que insistia em não fazer nunca, mas agora algo dizia para ele aproveitar aquele momento, então não o desperdiçou. Sentiu com a ponta da língua a boca movendo-se sem nunca realmente provar uma à outra. Afastou do beijo e ofegante perguntou a ela.

— Posso te beijar de uma forma diferente hoje?

— Diferente?

— Melhor.

— Como você sabe?

A verdade era que ele, embora só tivesse beijado a boca dela, já havia visto os mais dissimulados beijos e queria testar se poderiam realmente trazer aqueles suspiros que ouvia nas casas de prazeres.

𝐈𝐃𝐈𝐋𝐈𝐎, 𝐘𝐮𝐣𝐢 ℮ 𝐒𝐮𝐤𝐮𝐧𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora