𝐐𝐔𝐀𝐓𝐑𝐎

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*Lembrando que o ano é 1831.
Esse capítulo é narrado.*

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CAPÍTULO 04
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Yuji olhava a jovem num misto de confusão e num dilema absoluto, ponderando o que dizer. Ela observava os olhos cansados e agora conseguia ver mais de perto a cicatriz entre eles, marcando o rosto bonito com uma aura um tanto mortal e perigosa. Mesmo com toda a expectativa que existia entre eles por um encontro, nunca imaginaram que seria assim, que houvesse essa barreira invisível entre os corpos e as almas, muito menos, que agora estivessem em um silencioso conflito sobre ela cair ou não e quem deveria derrubá-la.

— Estou esperando, explique-se! — a garota dizia com os braços cruzados e encarando o rosto aflito à sua frente.

— Não há o que explicar!

— Não há o que explicar???

A jovem viu ele encolher um pouco ao seu tom mais ríspido, quase mordido de tão cerrados que seus dentes estavam. Como toda dama aprende, gritar não é uma boa marca social, mas considerando o que passava por sua mente agora — puxar os cabelos de Yuji até lhe dar uma boa dor de cabeça — gritar era o menor dos problemas.

— Yuji, você passa cinco anos sem me ver, volta e age como se eu fosse outra pessoa.

— Mas somos pessoas diferentes!

— Não me venha com essa.

Aproximou um passo e vendo ele afastar outro, parou e olhou o misto de desespero em seu semblante. Ela respirou profundamente.

— Vamos, me conte... — pediu num tom mais calmo, como se falasse com uma criança assustada.

— Eu não posso.

— Esqueceu da nossa promessa?

— Claro que não, eu só não posso.

— Não me diga que eu usei isso por cinco anos... — voltou a falar usando o tom mais bravo, apenas por não conseguir aceitar as respostas esquivas do rapaz. Tirou o relicário e encarou Yuji, vendo seu rosto empalidecer — Vai me dizer que eu estive esperando por você... e tudo foi à toa... por nada?

— Não é isso... — ele falou virando e passando as mãos nos cabelos com força, incapaz de raciocinar.

— O que é então???

Ela havia aproximado mais um passo e quando ele virou, encontrou os olhos brilhantes ainda com resquícios de lágrimas, o encarando de perto. Viu sua mão dominada, pelo corpo que não lhe pertencia mais, subir até o rosto da moça e antes que as dermes se tocassem, ele recuperou a consciência e se afastou.

Por que você faz isso com você mesmo? A voz na cabeça do jovem dizia em um tom irritado e impaciente.

— Eu não posso!

— Você não pode? — A revolta no tom da jovem partiu o coração de Yuji, mas era necessário — Então quando você puder, me avisa...

O tom tristonho que havia deixado os lábios tão lindos e sempre tão tempestuosos, fez o corpo do rapaz vacilar e novamente ele perder o controle.

— Espere... me deixa te olhar mais um pouco...

A garota voltou devagar e o olhou nos olhos, que mesmo não parecendo os do seu amado, eram tão apaixonados e apaixonantes quanto. Encaminhou-se devagar, parando próximo a árvore, que lhes trazia sombra do sol gelado da estação. Olhou a matéria a sua frente também aproveitando para assimilar cada novo detalhe. O peito forte subia e descia em uma movimento involuntário do corpo, mas que denunciava, pela velocidade, um nervosismo contido ao estarem assim mais próximos. O quadril mais estreito e sustentando um par de coxas grossas, malhadas, com certeza por algum exercício constante. Voltou a olhar para o meio do corpo dele, para algo que ainda não havia reparado — podendo-se culpar a juventude. Antes que olhasse demais, seus devaneios foram trazidos à realidade por um ritmado som gostoso de ouvir. Algo que ela havia sentido tanta saudade, que lhe encheu os ouvidos e trouxe lágrimas de felicidade aos olhos e fez ela levantar imediatamente o olhar para o rosto, agora exibindo um sorriso bonito, após a gargalhada gostosa que havia deixado os lábios do outro.

𝐈𝐃𝐈𝐋𝐈𝐎, 𝐘𝐮𝐣𝐢 ℮ 𝐒𝐮𝐤𝐮𝐧𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora