Capítulo 10

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Hermione.

Era estranho para mim ser tão desejada por alguém, da maneira que Severus me desejava. Eu não entendia, e ainda assim, eu estava estupidamente feliz sempre que eu estava com ele. Não é algo que eu consiga explicar, eu apenas me sinto... livre.

Ninguém fora do meu círculo íntimo, que hoje em dia se resumia a Luna, sabia sobre meus segredos, exceto ele. Eu sempre fui reservada com a minha vida, e ele também, ambos não víamos sentido em falar com estranhos sobre como nos sentíamos ou como percebemos o mundo à nossa volta. Mas juntos, nós apenas parecíamos estar mentalmente prontos para atravessar aquela fresta particular de nossas memórias e se abrir um com o outro. Eu tinha jurado que nunca falaria sobre isso com ninguém até que eu o reencontrei e, desde aquela nossa primeira noite, meu mundo foi mudando.

— Qual o problema? — Perguntou Severus, quando ele veio por trás de mim, pegando meu olhar no reflexo do espelho.

— Nada. Para onde é que nós vamos mesmo? — Perguntei.

— Vamos comemorar um encontro de fim de semana. — Anunciou ele, pegando minha mala e a dele, reduzindo as duas a meras miniaturas e enfiando no bolso do casaco.

Eu fiquei o admirando enquanto descíamos as escadas. Ontem, esse homem havia conseguido salvar três pessoas com casos considerados irreversíveis e todos os programas de rádio e jornais de notícias bruxas insistiam em repetir sobre como Severus Snape era incrível. E aqui estava ele, descendo displicentemente a escada com o cabelo ainda levemente molhado do banho.

— Você está perdida em seus pensamentos de novo. — Observou ele, quando me entregou o meu chapéu e o cachecol.

— Eu estava pensando sobre os casos...

— Não. — Ele ergueu a mão. — Passamos meses pensando sobre os casos. Agora é a hora de esquecer que nós já o tivemos... — Ele parou e apalpou os bolsos. — Onde está a minha varinha?

— Na cozinha, o que me lembra... — Fui para a cozinha enquanto ele seguia atrás de mim. Abrindo a geladeira e os armários, comecei a pegar as maçãs, batatas fritas, água e os coloquei dentro da minha bolsinha de contas.

— O que você está fazendo?

— Quanto tempo mesmo você disse que ia levar para chegar lá?

— Quase nenhum, Hermione, nós vamos de Chave de Portal. Você vai sentir fome? Eu não estou julgando você, mas...

— É para nós dois, você já viu a neve lá fora? Se por acaso a Chave de Portal falhar, ou nos deixar presos em algum lugar...

Ele riu de mim. — Você é pessimista demais.

Ignorando-o, eu peguei o resto das coisas e joguei dentro da bolsinha, então me virei e entreguei a ele sua varinha. Ele apenas sorriu para a criança dentro de mim e eu rosnei para ele quando comecei a caminhar de volta em direção à sala.

— Você acabou de...

— Eu pensei que nós estávamos com pressa, Sr. Snape? — Eu já estava colocando o meu casaco de inverno e botas de neve.

— Você não quer pegar alguns cobertores também?

Isso era realmente uma boa ideia, virei e comecei a ir em direção ao armário, mas ele interveio e agarrou a minha mão livre.

— Pensando bem, há muitas outras formas para se manter quente. — Disse com um sorriso perverso. — Vamos Hermione, vamos embora.

Crookshanks olhou para nós quando vedamos a lareira, e por um instante me senti mal.

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