O Resplendor de um Destino

Capítulo 8 - Um desejo para realizar - Passado

Já havia se passado uma semana do aniversário de Mingzhu, mas o coração de Xie Lian só se preocupava cada dia mais. Hua Cheng tinha percebido que algo estava errado, mas Xie Lian disfarçava e dava uma desculpa qualquer para não contar o real motivo da sua preocupação. Desde aquele dia da festa, ele vinha recebendo uma oração um pouco estranha de uma mulher. Sua voz não parecia ser muito velha, mas também não era a voz de uma menina. Ela repetia aos prantos que ele encontrasse a sua filha que desapareceu. Nenhuma outra informação foi dada e isso estava deixando o coração de Xie Lian inquieto. Depois de ponderar por alguns dias, ele resolveu que estava na hora de atender a essa oração. Ele chegou até um templo dele e de Hua Cheng que era pequeno, pobre, muito escondido dentro de uma floresta próximo a vila Puqi. Exatamente a meia noite como nas outras noites ela chegou ao templo, se ajoelhou e pediu:

— Por favor, Príncipe da Coroa Real de Xian Le, Deus que protege e cuida de seu povo, escute a minha oração e traz de volta o que me foi tirado, encontre minha filha e devolva aos meus braços.

Apesar de existirem leis que proíbem que deuses se mostrem para os humanos, Xie Lian resolveu que para essa mulher, vestida com uma capa preta e velha, remendada em vários lugares, valia a pena quebrar a regra. Ela aparentava ser pobre e estava suja em vários lugares, mas seu cheiro denunciava ser do mais caro perfume de jasmim. Suas mãos estavam sujas, entretanto era evidente só de olhar que elas eram macias e muito bem cuidadas. O que denunciava que ela estava se disfarçando. Mesmo assim, Xie Lian viu que o pranto dela era verdadeiro e sincero, de uma mãe desesperada.

— O que aconteceu com sua filha? — perguntou Xie Lian, após se aproximar e ficar de pé ao lado dela.

— Há quatro anos eu dei a luz a uma menina. Eu e meu marido estávamos muito felizes com a chegada dela. Um mês depois do seu nascimento, a serva que cuidava dela, sequestrou minha filha e desapareceu com ela. Desde então, todos os dias nós procuramos por ela, sem cessar, mas até hoje não tivemos nenhuma pista. — falou a mulher.

— E por que só agora, quatro anos depois, você vem pedir minha ajuda? — perguntou Xie Lian, de modo gentil.

— Nós pedimos ajuda a vários deuses, mas nenhum deles a encontrou. Se ela não está no céu e nem na terra... Eu desconfio que ela possa estar... — ela fez uma pausa dramática, engolindo o choro — E, a única pessoa que pode encontrá-la agora é o senhor. Por favor, peça ao seu rei fantasma que procure-a no reino dos mortos. Eu preciso saber pelo menos onde ela está. — implorou a mulher, olhando para a estátua na sua frente.

— E por que só agora, quatro anos depois, você vem pedir minha ajuda? — Xie Lian repetiu a pergunta, olhando para ela.

A mulher em nenhum momento levantou a cabeça para olhá-lo no rosto, então Xie Lian não sabia que expressão ela tinha. Ela ficou em silêncio por um momento e depois de um longo suspiro, ela se levantou, deixando o capuz que cobria seu rosto cair para trás revelando quem era aquela mulher. Quando Xie Lian a viu não se lembrou de imediato, mas ele já conhecia aquela mulher. Seu cabelo preto estava preso em um coque simples preso com um prendedor de ouro. Seu rosto estava cansado, manchado com lágrimas e seus olhos estavam inchados. Ela aparentava ter entre 25 e 35 anos, mas Xie Lian sabia que ela era um pouco mais velha.

— O meu marido não o adora e proíbe que qualquer um do reino o faça. Há muitos anos ele orou para que o senhor quebrasse a maldição da família dele, mas o senhor disse que ele não tinha maldição nenhuma e o deixou do jeito que estava. Seu coração se endureceu e ele mandou destruir todos os seus templos que haviam no reino e disse que se nenhum dos outros deuses pudesse encontrar nossa filha, não seria você quem encontraria. Mas eu estou cansada de esperar... Eu quero a minha filha de volta. — explicou a mulher.