O Resplendor de um Destino

Capítulo 2 - A Pérola Brilhante - Passado

O cheiro do ambiente nunca esteve tão doce. Xie Lian e Hua Cheng não sabiam o quanto o cheiro de um bebê poderia ser tão viciante e o quanto poderia ser tão fascinante observar um de perto. Depois de cuidarem do enterro da serva, eles usaram uma matriz de teletransporte direto para a Mansão Paraíso para ninguém vê-los. Tomaram medidas de segurança e depois colocaram aquele embrulho na cama e ficaram observando por um bom tempo, sem dizer uma palavra. A criança dormiu e mesmo assim eles continuaram na mesma posição. Seus membros formigavam, dormentes, e só depois de uma batida na porta foi que finalmente eles despertaram de seu transe.

— Então, qual é a situação urgente? — falou o Lorde Mestre do Vento, entrando no quarto após Hua Cheng ter aberto a porta.

Xie Lian apontou para a criança pequena, que dormia chupando o dedinho da mão esquerda, como se fosse um fantasma assustador. Shi Qing Xuan olhou para aquela cena e achou fofa, mas confuso ele teve que perguntar:

— Quando vocês dois tiveram um bebê? Ou melhor, como vocês tiveram um bebê? Eu achei que só mulheres pudessem ter bebês. — falou de modo sério, segurando a risada.

— Nós não tivemos um bebê! A questão não é nem essa, a questão é que... — falou Xie Lian, sem conseguir terminar a frase. Seus pensamentos não estavam fazendo sentido naquele momento.

— Nós ganhamos um bebê e não sabemos como cuidar de um? — perguntou Hua Cheng, um pouco em dúvida se a questão principal era essa mesmo.

— Nós podemos mesmo ficar com essa criança? Não é contra as leis da Corte Celestial? — perguntou Xie Lian, apreensivo.

Eles estavam confusos, a situação estava complexa, mas ao mesmo tempo simples. Estava claro que eles queriam a criança, mas não sabiam se podiam e nem como cuidar de um bebê. Hua Cheng entregou o que encontraram na bolsa da serva para o Lorde Mestre do Vento que leu atentamente.

Há um pouco mais de uma centena de anos, Shi Qing Xuan conseguiu ascender aos céus mais uma vez e voltar a ser o Lorde Mestre do Vento. Ele salvou a vida de tripulantes de um navio durante uma tempestade. Nem mesmo ele se lembrava como havia ido parar no navio, nem como seu leque, misteriosamente consertado, apareceu em suas mãos. Mas ele tirou um navio cheio de tripulantes de dentro do território do Água Negra apenas usando seu leque. Assim ele voltou a ser um deus, mas um pouco diferente de como ele era antes. Seu braço e perna antes quebrados, estavam íntegros novamente, mas haviam cicatrizes que o lembravam daquele passado obscuro.

— Sem dúvidas, aparentemente essa criança precisa de proteção, contra o quê, não sabemos. — concluiu Shi Qing Xuan, após um tempo de reflexão.

— Ainda tem outra coisa que está me deixando intrigado. Humanos comuns não conseguem ver os demônios destruidores de almas, entretanto mesmo sendo só uma serva, ela os viu. Mesmo não sendo uma cultivadora, quando eles tentaram atacá-la, uma luz emanou dela e a protegeu. Eu senti a aura de um rei protegendo-a. Mas depois, gradualmente ela desapareceu. — falou Xie Lian, cruzando os braços.

— E se o poder não estivesse na serva e sim no bebê? — perguntou Hua Cheng, pensativo.

— Então essa criança não é uma criança comum. Será filha de algum deus? — perguntou Shi Qing Xuan.

— Se ela fosse filha de um deus, por que a serva traria a criança para o meu templo e não para o templo de seu pai ou mãe? — questionou Xie Lian.

— Tem alguém que poderíamos consultar, sem alertar a capital celestial, para conseguirmos informações? — perguntou Hua Cheng.

Assim, depois de muito diálogo, decidiram chamar o antigo sacerdote de Xian Le para descobrirem algo mais sobre aquela criança, afinal o sacerdote era muito bom em descobrir o futuro de alguém. Nesse meio tempo, o bebê acordou chorando. Nenhum dos três tinha experiência com bebês e mesmo tentando brincadeiras, cócegas, nada a fazia parar de chorar. Decidiram então ver se a fralda estava suja e para surpresa deles, além de não estar suja, resolveram um dos maiores mistérios: o bebê era uma menina.