Capítulo 9 - Uma Interferência do Destino

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Assim como das outras vezes em que Akame se encontrou com Jin Yan, ela se isolou e se calou por alguns dias. Jiao Kueng e Li Huang entendiam o quanto era difícil, mas como nunca sabiam o que dizer, apenas se calavam também, fazendo Akame ficar cada vez mais neurótica, pensando que o silêncio delas reafirmava que a amizade delas não era sincera e real. Todos os dias ela ia até o templo, mas diferente das outras vezes, ela não levou oferendas. Ela sentava no chão, encostava a cabeça na estátua e chorava, chorava tanto que soluçava. Depois que ela se acalmava, se levantava e ia embora.

— Onde esteve, majestade? Temos assuntos importantes do reino para resolver. — perguntou Li Huang

— Em nenhum lugar em especial. Vamos resolver o que tem para resolver. — respondeu Akame, um pouco distante.

No dia seguinte, ela ainda estava abatida, mas criou coragem para preparar um delicioso bolo. Dessa vez ela levou apenas dois pedaços, afinal ultimamente ela não estava comendo. Ao chegar no pequeno templo ela colocou os pratos sobre o altar, acendeu o incenso e permaneceu ajoelhada em frente a estátua, em silêncio. Ouvindo o som dos pássaros, do vento, das árvores e suas folhas balançando. Ela não sabe em que momento aconteceu, mas ela acabou dormindo e tendo um sonho.

No sonho, Akame estava em cima de uma montanha. O vento deveria ser muito selvagem e violento devido a altura, mas estava suave, como se brincasse com delicadeza com seus cabelos e seu vestido.

"Majestade." Uma voz feminina falou.

— Quem está aí? — perguntou Akame, se virando para procurar de onde vinha a voz.

"Majestade, por favor ajude meus amigos." A voz falou, dessa vez mais clara, mais familiar.

— Por que eu não consigo te ver? — perguntou Akame.

"Porque eu não tenho permissão para lhe mostrar minha verdadeira face. Por favor majestade, olhe para baixo."

Akame olhou para baixo um pouco confusa. Apesar da situação ser estranha, ela confiava naquela doce voz feminina. Muito provavelmente era a voz de uma deusa, o que explicaria ela não ter permissão de mostrar sua face. Foi então que ela viu, várias sombras negras se movimentando em direção a dois homens que naquela distância pareciam ser cultivadores. Que em breve seriam atacados por pelo menos mil demônios destruidores de almas.

"Por favor, Majestade, por favor, salve-os. Acorde e salve-os. Acorde majestade, apresse-se!"

Com um susto, Akame acordou. Ela percebeu que estava dormindo no chão do templo e que provavelmente se passaram algumas horas. O máximo de tempo que ela se mantinha fora era duas horas e agora o sol praticamente havia se posto. Apesar de estar um pouco tonta, devido à fome e ao sono repentino, ela saiu cambaleando pela floresta e acabou se perdendo. Já estava escuro e ela não havia conseguido sair da floresta.

"Eu preciso ir até eles, preciso salvá-los, preciso encontrá-los." Pensava Akame, enquanto andava pela floresta. Depois de cinco dias sem comer, ela estava sentindo os efeitos da fome mais fortes do que nunca. Como ela não estava conseguindo ver nada a sua frente, acabou indo para o lado dos arbustos de espinhos. Ela começou a ouvir risos maldosos de duas mulheres e um homem. Vozes desconhecidas começaram a falar coisas que ela não estava conseguindo compreender. Estava barulhento demais, o vento estava cruel demais, os espinhos estavam furando sua pele, rasgando seu vestido, machucando seus pés, e tudo o que ela queria era focar no pedido que lhe foi feito, provavelmente por uma deusa, em seu sonho. Ela colocou as mãos em seus ouvidos para abafar os sons, mas como não teve sucesso ela começou a gritar. Gritar por causa da dor que estava se alastrando pelo seu corpo, por causa daquele coração que estava inquieto há dias, por aquelas vozes desconhecidas que não se calavam, pelo vento que parecia jogar os espinhos em cima dela de propósito. Quando ela não aguentou mais, seus joelhos cederam e ela caiu no chão. Antes de perder a consciência completamente, ela sentiu que o chão onde caíra não era espinhoso, frio e duro. Era macio, com cheiro de oceano e areia, era caloroso, levemente familiar e a abraçou com força, como se estivesse com muita saudade.

O Resplendor de um DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora