Capítulo VII - Previsões

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Rayan ficou feliz por ter descido da rocha sem despencar dessa vez.

Azulo carregou os três até o chão em suas costas. Rayan ficou a viagem toda de olhos fechados pois seu medo de altura não cessou. Ele desceu da rocha segurando Saile por trás muito forte e com os olhos bem fechados. Pablo dormia tranquilo no ombro de Rayan. Saile estava acostumado.

Desde pequeno ele montava em Azulo. Os dois voavam todo aquele mundo, descobriam sempre coisas novas, explorava alguns cantos e se metiam em encrencas juntos. Era divertido. Mas com o tempo eles cresceram, Saile soube do que se tratava o bracelete e das ameaças dos que conhecia o poder. Ele conheceu Doran na adolescência que lhe ensinou a se proteger com táticas de combate e até ajudou o seu animal à utilizar as suas habilidades. 

Com o passar dos dias, sua essência de criança foi deixada de lado e Saile começou a se tornar um homem.

Nícolas enviou Saile para muito longe para talvez convencer um user a se juntar com eles, o que Saile não gostava nem um pouco mas precisava tentar.

Eles pousaram em terra firme.

Ele caminhava à frente de Rayan com Azulo em seu ombro. Saile pensava em ir até Doran. Todas as vezes que uma situação se complicava, Doran sempre tinha os melhores conselhos. Outro motivo seria uma visita. Saile não o via desde quando lutou com Arthur na caverna de Marly, não sabia se ao menos tinha sobrevivido. Mas tinha que seguir o plano de Nícolas, era a melhor opção que tinham, além disso, seu irmão prometeu visitar Doran.

Continuaram andando entre raízes e cipós das árvores, tirando lama dos pés e alguns cipós que acabavam se enroscando sem nenhuma explicação. Rayan olhava o mapa a cada dois minutos.

— Saile, para onde estamos indo? — perguntou Rayan.

— Vamos até a cachoeira onde lutamos ontem à tarde. — respondeu Saile.

Rayan correu um pouquinho para alcançá-lo.

— Saile... é estranho eu dizer seu nome. É muito grande.

Saile ficou calado.

— Ah, não sei. Talvez eu te chame por um apelido... tipo Eddie. É o seu segundo nome, não é?

— Não tem Eddie no meu nome.

— Mas Azulo chama você assim.

— Não sei o que ele ouviu quando eu disse meu nome, mas não tem Eddie nele.

— Então qual é o seu segundo nome? — Rayan parou de andar.

— Greene. Saile Greene. Sem Eddie. — Saile olhava nos olhos de Rayan.

Como ele nunca percebeu? Os feixes de luz que atravessavam as folhas das árvores batiam no rosto dele. Saile observava atentamente Rayan, seus olhos fixos no menino.

Rayan tinha um rosto largo. Era bonito e com uma postura que fazia ele parecer mais velho do que seus dezesseis anos. O cheiro suave de pêssego congelado envolvia o menino, uma fragrância que fazia Saile se perder nos pensamentos, mas de alguma forma encaixava perfeitamente na personalidade de Rayan. Tinha estatura um pouco alta. Seus cabelos, de um tom castanho dourado, caíam de forma bagunçada sobre a testa, refletindo o brilho do sol que deixava seus cabelos brilhosos. A pele negra de Rayan, como um grão de café tostado, tinha um brilho sutil, e havia seus olhos, a característica mais marcante no menino. Eram de um tom citrino, um amarelo vibrante que parecia brilhar com uma intensidade quase sobrenatural. Usava uma camisa branca com uma jaqueta azul quadriculada por cima e aberta, e calça jeans escuro com as pontas das pernas para dentro de uma bota, também preta. Usava uma pulseira de couro no braço esquerdo com pequenas asas brancas saindo dele e o bracelete metálico no outro braço. Também tinha um cordão dog tag em seu pescoço por dentro da camisa, provavelmente com seu nome.

Uma nova face do mundo: Um novo heróiOnde histórias criam vida. Descubra agora