Bodyguard (MatchaBlossom)

... até o fim da festa

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-  Capítulo 03 -

Já era tarde da noite, e uma das coberturas mais caras do Japão era palco de uma festa de negócios financiada pela Yakuza. Era de conhecimento geral de que Cherry Blossom não poupava esforços (nem capital) quando se tratava de eventos.

Entre os convidados, o chefe Yakuza ostentava um conjunto visivelmente caro em tons de rosa, com luvas cobrindo suas mãos, destacando os relógios que exibia em seu pulso.

Um pouco mais afastado do chefe, Kojiro vestia um terno preto, o típico que todos os seguranças eram instruídos a vestir. A única ressalva era que a peça era nova, bem como outras peças de roupa que ganhara do rosado. Uma pequena cortesia pelas dezenas de "horas-extras" que veio fazendo nas últimas semanas. O casal trocava olhares durante a festa, e Kojiro se sentia tentado sempre que o rosado lhe observava de maneira instigante.

Nanjo jogava conversa fora com outros colegas de trabalho. Alguns chegaram a perguntar porque o esverdeado deixara de responder aos chamados noturnos que eram emitidos no ponto. O esverdeado chegou a sentir um leve desespero, mas lidou com a situação dizendo que Sakurayashiki não permitia que ele abandonasse a posição de vigia noturno sob nenhuma hipótese.

Felizmente, não houve margem para novas perguntas já que o garçom apareceu. Ele parecia ter cerca de 28 anos, seus cabelos eram negros e seu rosto estampava uma expressão bem vazia e pacata. Ele também tinha um sinal próxima ao olho direito. Atendia pelo nome de Tadashi.

- Boa noite. - ele cumprimentou o grupo. - Os senhores aceitariam uma entrada? Temos diferentes tipos de canapé no menu de hoje. - ele anunciou, exibindo a bandeja. Haviam dezenas de pequenas porções, todas sistematicamente iguais e muito agradáveis aos olhos. Era visível que a cozinha era profissional.

Kojiro pensou em recusar, mas a comida parecia tão apetitosa que o esverdeado não pôde resistir. Afinal de contas, uma porçãozinha não faria mal a ninguém. O guarda-costas pegou um guardanapo, pescou um dos canapés da bandeja e se preparou para colocá-lo na boca; no entanto, antes que tivesse a chance de fazê-lo, o aperitivo foi arrancado de sua mão.

Quando olhou à sua frente, viu Cherry com uma expressão irritadiça em seu rosto.

- Quem disse que você podia comer canapé?! - o Yakuza o repreendeu, amassando a comida no guardanapo e arremessando a mesma na bandeja que Tadashi segurava, acabando com o restante dos canapés. Voltou os olhos ao garçom. - E quem deixou você sair com isso da cozinha?! - ele desdenhou. - Leve isso de volta imediatamente e não se atreva a servir isso de novo! Eu fui bem explícito no cardápio, não vou tolerar uma falha como essa.

- M-Mil perdões, senhor. Não vai se repetir. - o moreno reverenciou antes de dar meia volta e sair rumo à cozinha. Sakurayashiki revirou os olhos e massageou a testa, saindo rumo à varanda, pegando um copo de whisky com bastante gelo da bandeja de um dos outros garçons no caminho.

E Nanjo ficou ali, parado no meio do salão, tentando entender o que aconteceu. As regras eram bem explícitas quanto a ser estritamente proibido beber no trabalho, mas não falavam nada sobre comer. E mesmo que tivesse desobedecido uma pequena ordem, imaginava que Kaoru faria vista grossa, já que haviam ficado tão "íntimos" nos últimos dias. Se ganhara até um uniforme novo, por que não podia comer canapé?

Olhou ao redor e percebeu que Cherry estava sozinho na varanda, e notou que parecia um pouco inquieto. Fora instruído a agir normalmente quando estivessem em público, mas não teria nada de errado em um chefe trocar algumas poucas palavras com seu guarda-costas no meio de uma festa, não é?

Andou até lá, um tanto quanto receoso, e parou de pé um pouco distante do rosado, talvez um ou dois metros.

- Então além de ter de passar a noite longe de você, eu também não posso comer canapé? - Nanjo provocou, encarando o horizonte.