batimentos cardíacos

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-  Capítulo 04 -


Quando abriu novamente os olhos, Kojiro se sentia zonzo e levemente assombrado por um refluxo. Sua visão estava um pouco turva, e levaram alguns até que seus olhos voltassem ao normal e o esverdeado pudesse se situar. Olhou ao redor e, ao julgar pelo ambiente, estava em um leito de hospital. 

Máquinas emitiam sons robóticos enquanto monitoravam seus batimentos cardíacos, e alguns acessos providenciavam a reposição de todo o sangue que perdera naquela noite. Sentia uma dor no abdômen, mas não era como se a ferida ainda estivesse aberta; supôs que já tivesse passado por algum processo cirúrgico àquela altura. Não fazia ideia de que horas eram ou de quanto tempo havia se passado desde que desmaiara no chão daquela cobertura.

Esperou que tivesse alguém no quarto, mas se viu desapontado ao descobrir que estava sozinho. Aproveitou a solidão e se sentou com certa dificuldade no leito, afastando os cobertores a fim de checar seu abdômen. Havia um curativo sobre a região; não conseguiu ver nada, nem mesmo ter uma noção decente do estado da ferida mas, a julgar pelo quão branco estavam as gazes, imaginou que tivessem feito o curativo há pouco tempo.

 Após alguns solitários minutos, ouviu enfermeiras conversando do lado de fora do quarto; Nanjo sabia que estavam falando sobre ele. O que o confortou foi que, entre aquelas vozes, uma voz masculina respondia serenamente à todos os questionamentos das enfermeiras. Reconheceria aquela voz à quilômetros de distância... Era Kaoru. 

A voz do rosado parecia ficar mais nítida a cada segundo; não demorou para que pudesse ouvir passos do lado de fora do quarto, e não demorou nada até que a porta se abrisse, permitindo que Sakurayashiki adentrasse o ambiente. Cherry imaginava que Nanjo ainda estaria inconsciente àquela altura, mas assim que seus olhos encontraram os do guarda-costas, sentiu uma onda enorme de alívio percorrer seu corpo. Ver Nanjo acordado e sentado sobre aquela cama de hospital... era tudo o que o rosado mais desejou durante as últimas sete horas.

- Graças a Deus, você acordou... - o rosado falou como se uma quantidade absurda de peso tivesse sido retirada de seus ombros. Sorriu ao ver que o esverdeado estava bem. Kojiro sorriu de volta. Estava feliz em vê-lo, mas a preocupação de Sakurayashiki era tão visível que sentia a necessidade de reconfortá-lo.

- Ainda tenho o turno da noite 'pra cobrir, lembra? - o esverdeado brincou. Cherry se permitiu dar um sorriso ladino.

- Acabou de acordar e já está pensando em trabalho? - o rosado rebateu enquanto se aproximava. Kojiro o observou em silêncio. Como Cherry sabia que ele havia acabado de acordar? Havia ficado ao seu lado durante todo o tempo em que esteve inconsciente? Sakurayashiki checou o gotejamento da bolsa de sangue e os demais equipamentos. Imaginou que tudo estaria em seu devido lugar (já que ele próprio checara mais de 5 vezes nas últimas 2 horas), mas cuidado nunca era demais; principalmente quando se tratava do esverdeado.

- Acho que, no fim das contas, eu viria 'pro hospital com ou sem o canapé de camarão. - ele brincou, rindo da situação no final da sentença. Sakurayashiki não riu. Nem mesmo esboçou nenhuma reação cômica. Um silêncio desconfortável pairou sobre os dois. Kojiro se calou novamente, aparentemente sua brincadeirinha havia sido um tanto quanto inadequada. Tentou pensar em algo que pudesse dizer para quebrar o gelo. - Então, ahn... Tem alguma lista de informações que eu tenha que preencher? - ele perguntou.

- Já cuidei de tudo. - Kaoru respondeu antes empurrar uma cadeira que havia ali para que pudesse se sentar próximo ao leito. - Se concentre apenas em melhorar. - o Yakuza disse, antes de suspirar e massagear a testa em uma tentativa frustrada de aliviar o estresse. Kojiro o olhou com um certo receio.

Bodyguard (MatchaBlossom)Onde histórias criam vida. Descubra agora