Anjo de Terno (Romance Gay)

0.7

                                  07
                        "Video game"

Era sábado, o mês de Julho havia acabado de "entrar", era início da tarde, as janelas de meu apartamento estavam abertas para a entrada de ar e de sol, estava um pouco quente aquele dia, estava me arrumando para sair, naquela semana, havia sido convidado por Thiago para passar uma tarde em sua casa, jogando video game, ele estava querendo ver o quão bom eu era jogando, por isso me convidou.

Fui na igreja de minha vó durante a semana, os cultos eram as terças e quintas, não vi o pastor Hebert em nenhum dos dois dias, ele aparentemente estava viajando, levando seu filho a algum lugar, bom, foi isso que a pastora contou a minha vó, elas eram muito amigas e muito próximas, a pastora confiava muito nela, confiava tanto que deixou os cultos de quinta-feira nas mãos dela.

Eu usava uma bermuda moletom cinza, um chinelo da Kenner branco e preto e uma blusa de botões com uma estampa havaiana, passei meu perfume e arrumei meu cabelo, meu celular estava carregando, mas quando me aproximei para olhar a hora, ele já estava totalmente carregado, era 13:30 da tarde, Thiago havia me passado seu endereço, ele não morava tão longe, mas também não morava perto, teria que pegar um uber para chegar até lá, e foi isso que eu fiz.

Saí de casa e assim que cheguei do lado de fora do prédio, entrei no app do uber e procurei algum, por milagre de Deus achei um de primeira, parecia confiável e não havia cancelado a corrida, não tive que esperar muito, em poucos minutos ele já estava na frente do prédio, entrei no carro e disse para onde queria ir, o motorista assentiu e assim fomos, enquanto estava no carro, entrei em meu Whatsapp e enviei uma mensagem de áudio para minha amiga Clara.

-Luca entra no aplicativo e vai direto na conversa de Clara

— oi best, aqui, hoje eu recebi um convite para ir na casa de uma pessoa, estou a caminho! Vou te enviar o endereço, se acontecer alguma coisa comigo e eu sumir, você sabe onde eu estava - o garoto envia a mensagem
-O motorista ri

— o bairro que você está indo, nem é perigoso! Por que tanta preocupação? - o motorista pergunta
-Luca ri

— bom, hoje em dia está tudo muito perigoso né - explica enquanto enviava o endereço para Clara — é apenas uma precaução

— ah sim, entendo! Eu não posso nem te julgar, por que as vezes também faço a mesma coisa, quando aparece uma corrida em um bairro perigoso como o Carapina, eu sempre aviso algum familiar ou amigo próximo
-Luca solta uma risada nasal

— parece que temos algo em comum ‐ o celular do garoto vibra quando ele termina de falar
-Luca olha o celular e vê uma mensagem de Thiago

"Você vem mesmo né?"
-Luca ri ao ver a mensagem e logo responda

"Estou a caminho, em breve chego aí!"
-O garoto bloqueia o celular após responder

— se me permite perguntar - o motorista diz — está indo em um encontro?

— olha, eu não sei se posso chamar isso de encontro, eu fui convidado para jogar video game na casa de um cara, eu conheci ele recentemente, acho que é só amizade mesmo, tenho certeza de que ele é hetero

Em poucos minutos eu já estava contando tudo para um completo estranho, se ele fosse um assassino homofobico eu estaria com um grande problema, o motorista não era velho, ele tinha barba, era forte, braço tatuado, era branco de olhos castanhos claros, Brasileiro realmente tem algum distúrbio, não é possível, as vezes começamos a conversar com um estranho no ônibus, na fila do supermercado, e esquecemos totalmente que estamos conversando com um completo estranho, mas quando você percebe, já contou toda a sua vida.