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⌛ Flashback On - 2009⌛

“Caminhando entre minhas amigas e os alunos do fundamental II – que eram colegas do meu melhor amigo – aproveitava meu sorvete de chocolate enquanto os ouvia reclamar das provas antes das férias. Eu sabia que não tinha sido a melhor da turma, até porque todas estavam realmente difíceis, mas com certeza não chegaria com uma nota vermelha.

- O aniversário da tia Chitthip está chegando né!?

Chittaphon perguntou passando seu braço em volta do meu pescoço e se apoiando o suficiente para que eu reclamasse do seu peso. Seu cabelo tigelinha, como eu gostava de chamar, estava quase cobrindo seus olhos – sempre adiando cortar, preguiçoso, sua camisa branca estava aberta, mostrando seu abdômen sem músculo e, em seu ombro esquerdo, nossas mochilas que ele fazia questão de carregar.

Chitta e eu tínhamos diferença de um ano, o que para ele e nossos pais era muita coisa; seus pais sempre diziam: “você como homem e mais velho, deve cuidar das suas amigas como se fossem suas irmãs. Respeite-as como gostaria que sua mãe e irmã fossem respeitadas.” Minha mãe era mais carinhosa, sempre fazendo seu bolo preferido, acariciando seus cabelos castanhos e perguntando sobre seus jogos de basquete. Seu tom era sempre calmo, sendo impossível de negar: "pequeno Chittaphon, fique de olho para que a Pranpriya não se meta em confusão.” E como o bom menino que era, ele estava sempre cuidando ou me protegendo, mesmo que fosse do vento.

- Semana que vem. – falei tentando me afastar. – Chitta, você está suado e fedendo!

- Para de ser chata, estou vendo o suor escorrendo pelo seu rosto. – fez uma careta como se eu também estivesse fedendo.

Como poderia descrever nossa relação? Tudo começou com nossas avós se tornando amigas inseparáveis no fundamental I. Por algum motivo acharam que seria interessante e daria certo manter essa ligação de geração em geração, passando para as nossas mães a mesma essência delas. As duas cresceram como irmãs, inseparáveis, melhores amigas e queriam passar a mesma essência para suas filhas. Porém, elas nunca pensaram que poderia dar nisso; um menino e uma menina. Ao mesmo tempo que Chitta era educado e atencioso sempre que eu precisava, era grosso e ignorante quando outros meninos, que eu não tinha interesse, tentavam se aproximar de mim. Ao mesmo tempo que era gentil e sentimental, era um menino bruto e que não sabia medir sua força ou zombava de mim quando estava sensível. Mas, tirando tudo isso, nos considerávamos irmãos e eu era grata por tê-lo do meu lado.

Ao chegarmos no ponto que seguiríamos caminhos diferentes, Chitta se afastou para se despedir dos seus amigos enquanto me despedia das minhas amigas. Ouvindo-o fazer um barulho de relógio, revirei os olhos e me aproximei o bastante para acertar uma cotovelada na sua costela. Rindo da forma manhosa que resmungava, senti seu dedo na minha testa em um forte peteleco.

- Chittaphon! – resmunguei.

Sendo o mesmo chato de sempre, envolveu novamente meu pescoço e começou a falar como ele “mandava bem” no basquete, e como as meninas ficavam gritando seu nome. Eu não podia negar, de todos os meninos do time, ele era o melhor, mas não ao ponto das garotas gritarem ou ele ficar se achando. Entre conversas sobre basquete, férias e o aniversário da minha mãe, não percebemos que estávamos chegando na minha rua, que ficava duas ruas depois da sua casa, até percebermos uma multidão perto do meu portão e três carros de luxo na frente da minha casa. Como se eu estivesse em um filme de terror, corri o mais rápido que pude, chegando no exato momento que um homem – três vezes o meu tamanho e robusto, agarrou o braço da minha mãe.

- Solta ela! – gritei tentando empurra-lo para longe.

Usando um vestido que havíamos feito juntas, com os olhos vermelhos e uma expressão assustada, mamãe me puxou para trás, fazendo com que meu corpo ficasse colado ao seu. Ao nosso redor, homens engravatados, sérios e que não pareciam querer conversar.

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